Está na moda o pessoal fazer luto. Luto para aqui, luto para acolá. Fazer luto de relações. Ok, eu compreendo, eu é que sou preconceituoso e gosto de usar as palavras para o que elas foram criadas originalmente. Conceitos com os quais não nos identificamos, não entram, zombamos deles.
Fixe, fazer luto é ultrapassar um revés, não é? Digam-me os psicologos. A partir daqui podemos a passar a vida a fazer luto. Fazer luto da namorada que nos deixou, fazer luto de ter perdido o emprego, fazer luto do Sporting ter perdido o campeonato. Partimos uma perna e já não convalescemos.
- Meu, parti uma perna, estou a fazer luto. Tenho que aceitar que parti uma perna e ultrapassar isto.
O psiquiatra viu-se com a situação de um cliente lhe ter dito que mal se tinha divorciado tinha começado a namorar outra vez. Que cena, ainda não saiu de uma e está-se a meter noutra. Mas, o luto….
- Qual luto?
Ah, você tem que fazer o luto. O luto tem que se fazer.
Depois não querem que existam neuróticos! Vocês querem que eu faça o luto? Mas eu não sei o que é isso! Contrato duas carpideiras para chorarem à minha beira? Até eu chorar também e me sentir miserável e tão sensivel?
Ora bolas. Lutem vocês.
De
sextrip a 27 de Novembro de 2007 às 13:04
é crua sim.
a realidade costuma ser uma coisa bastante crua.
tens razão... ficamos carentes, desamparados, etc.
procuram-se afectos substitutos, sem dúvida.
chamar-lhes "outro amor" é que pode ser bastante complexo.
senão vejamos... quantas vezes resultam frutíferos esses "amores" que surgem imediatamente a seguir a uma separação ?
quantas vezes não estaremos apenas a "usar" outra pessoa em nosso benefício ? quantas vezes não surgem acusações (provavelmente bem fundadas) de estarmos com esta pessoa (de agora) a querer resolver os desaires que tivemos com a outra (de antes) ?
sendo o amor algo tão raro e aleatório como se afirma (e concordo com isso)... como é que se pretende que, então, de repente, surja afinal um outro logo a substituir o perdido ?!?
compromete isso, a meu ver, muito seriamente os critérios muito selectivos de chamar "amor" a um relacionamento.
precisamos de afectos, sim senhor... precisamos de companhia, de alguém (ou algo) que nos ajude a sarar mas... essas trocas quase instantâneas de amor por outro amor raramente são efectivas ou eficazes.
se me apontares casos em que se terminou uma relação que já não era de amor (ou nunca havia sido) e que "trocamos" por um amor que já se tinha (na altura proibido ou clandestino)... isso... já é um caso diferente, já é bastante mais realista.
também acontece.
De
antiego a 27 de Novembro de 2007 às 13:28
Claro que é uma força de expressão o "curar um amor com outro amor". Se preferires, a ideia é curar um desgosto afectivo com um novo relacionamento afectivo. Nem quer dizer que amavamos a ex, nem quer dizer que amamos a presente. A palavra amor não pode ser levada, aqui, com muito rigor.
De
sextrip a 27 de Novembro de 2007 às 20:27
talvez eu seja "demasiado" rigoroso com a palavra, sim.
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