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Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010

Cidadania no Secundário, como Disciplina

Tenho um colega Holandês que é professor de Cidadania no seu país, no ensino secundário.

Será que temos algo parecido cá em Portugal, fora a triste disciplina de “Religião e Moral”, opcional, da escola preparatória?

 

Eu acho que é essencial existir uma cadeira que eduque realmente e forme as pessoas. Mais importante que ter um filho a saber ler e fazer contas, é ter um filho consciente, com valores, que saiba viver.

 

Isto não é um ensino que se deva deixar só à responsabilidade dos pais. Como diz a minha mulher, gostava que os nossos filhos frequentassem a Catequese, mais para eles verificarem que valores que ela prega, também são defendidos por outros.

Não é por eu dar uns chutos na bola com o meu filho que ele não precisa de jogar mais à bola.

O ensino de Cidadania da escola iria complementar a minha educação e/ou reforça-la. Casos haveriam que seria o meu filho a ensinar-me com o que bebeu na escola. As crianças têm que ser confrontadas com outras ideias, de pessoas adultas e formadas, que não as dos pais.

 

Esta disciplina teria que ser atractiva. Um espaço sobretudo de diálogo e descontracção (não demasiada). Ver uns vídeos, ver um filme, ler uns jornais, umas revistas, debater o material mostrado. Debater assuntos actuais como o Bullying, que fazer face à crise, violência doméstica. Ensinar coisas práticas para a vida. Ensinar leis, direitos, deveres, saúde, economia doméstica, culturas, pontos de vista, aforismos, sugestões para o lazer, jogos sociais.

Espaço para a partilha de histórias dos alunos. Deveria ser uma aula muito lúdica também, à qual os alunos gostassem de ir.

 

Nesta disciplina teria que haver classificações também. Seria a bandalheira senão houvessem exames. Que tipo de exames? Por exemplo, com factos históricos ou de cultura geral. Poderiam leccionar-se, por exemplo, história de filantropos e daqueles que mereceram o Nobel da Paz.

Exame tosco de cidadania:

  1. Em que ano nasceu Portugal?
  2. Que país atribui os prémios Nobel?
  3. Qual a velocidade máxima a que devem circular os carros nas cidades?
  4. Quem foi Aristides de Sousa Mendes?
  5. Quais as diferenças entre Judaísmo, Cristianismo e Islamismo?

 

Que me interessa a mim o meu filho tirar 5 a matemática, português e educação visual se for uma perfeita besta?

- O meu filho pode ser uma grande besta que só se interessa por si e pelas suas coisas, mas foi prémio Nobel da Física e não sabe o que há-de fazer ao dinheiro.

publicado por antiego às 11:55
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7 comentários:
De meu querido outono a 21 de Outubro de 2010 às 23:17
Parabéns pelo tema e pela forma como o abordou.
Será que o nosso Ministério da Educação alguma vez pensou nisso? Se pensou, nunca colocou em prática. Mas numa sociedade cada vez mais multicultural e que se pretende evoluída mentalmente...parecem existir muitas corrente "mentais" a separar estas realidades, mais do que físicas. E são essas (as mentais) que nos impedem de sermos livres e mais conscientes dos valores como seres humanos.
Maria
De antiego a 22 de Outubro de 2010 às 14:46
Obrigado. A minha mulher tb gostou e acha que eu devia lançar uma petição pública com esta ideia.
De meu querido outono a 22 de Outubro de 2010 às 16:19
Concordo com a sua esposa e acho que a cada compete FAZER algo pela sociedade... não esperar que façam. É de pessoas com capacidade de FAZER e apontar soluções que o país precisa... não só de criticas negativas.
Pensem nisso.
Maria
De maluca a 22 de Outubro de 2010 às 00:33
Concordo plenamente com tudo o que foi aqui defendido... O problema resume-se a que, por demasiadas vezes, há a grande (e por vezes única) preocupação em que os filhos sejam apenas excelentes bestas, descurando factores que a meu ver interessam bem mais e a cidadania é uma delas... Pena, porque este país precisa bastante de umas aulitas do género!
De antiego a 22 de Outubro de 2010 às 14:48
Ainda assim eu acho que o povo está muito mais educado do que há uns anos, como escrevi em

http://antiego.blogs.sapo.pt/87613.html

e/Ou então, a população de Lisboa é muito bem mais educada que a do Porto (e não estou a falar de palavrões).
De Ella a 1 de Dezembro de 2010 às 15:07
A ideia é pertinente e correcta.
Há mesmo muita falta de conhecimento geral.
Uma disciplina onde lhes fosse dado a conhecer um pouco da história mundial, ao nível de acontecimentos culturais e evolução da sociedade, seria muito bem aplicada.
Mas os pais devem também desempenhar o seu papel.
O computador não serve só para jogar, há todo um mundo de informações que enrique qualquer um, filhos e pais.
Há livros para serem lidos. Estimular os filhos a ler pode ser uma tarefa penosa mas, se for feito desde tenra idade, dá bons resultados.
As saídas ao fim-de-semana não deveriam ser apenas ao hiper-mercado. Há museus, monumentos, exposições, concertos, etc... que estão ao alcance da nossa vontade.
As conversas em família não deveriam ser apenas do que se passa na nossa família ou nos nossos empregos, escolas, mas também no que se passa na nossa cidade, no nosso país, no mundo.
Concordo que na escola também é importante, para isso têm uma disciplina de Formação cívica (não no secundário) que, embora não sendo a mesma coisa, lhes vai dando indicações e ferramentas para que as criancinhas sejam adultos capazes de pensar e tomar decisões conscientes.

Não é fácil educar os filhos. Muitas vezes eu desespero e amaldiçoo quem permitiu que eles viessem sem manual de instruções.

Eu sou professora e portanto sou também educadora dos meus alunos, mas também sou mãe e tenho muito mais responsabilidades como educadora do meu filho.
Não sou perfeita, longe disso mas procuro melhorar em todas as ocasiões.

Como provocação final:
Haveria de existir uma disciplina onde se ensinassem as crianças a lutar pelo que querem em vez de estarem à espera que os pais lhes forneçam tudo.
Uma outra, específica para pais e encarregados de educação, onde se aprendesse a educar e a respeitar os outros educadores.
E, talvez a mais importante, uma onde se aprendesse a ser português, a ter brio profissional, a defender e valorizar o que temos de melhor, e a fazer tentativas reais e esforçadas para melhorar o que não está bem.

Utopias, as minhas.
Loira
De antiego a 2 de Dezembro de 2010 às 11:24
"disciplina de Formação cívica" ? Ui, em que escolaridade há esta disciplina? Nunca ouvi falar.

Não acredito que muita gente ainda não tenha pensado numa discilplina que eu e você imaginamos. Até penso que já haja propostas, boas ideias já formalizadas no papel. Só que para arrancar com uma coisa... o trabalho, o dinheiro que é preciso investir. Há muita Inércia.

E o cidadão normal não se pode demitir destas iniciativas e decisões.

A longo prazo não há nada melhor para um país e sociedade do que a aposta na educação.

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