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Terça-feira, 30 de Outubro de 2007

Acerca do Amor

            "Qualquer trabalho sobre o amor contempla a própria humanidade. De facto o amor é intrinseco à humanidade. É o homem que ama. Nos outros animais podemos ver equivalentes, mas a expressão dos afectos é apenas resultado do seu património instintivo.

            O homem ama como resultado de uma qualquer coisa muito mais complexa. O homem vive apercebendo-se das suas dúvidas, da sua finitude, da sua solidão. E é na tomada de consciência dessas situações limite que ele precisa de encontrar qualquer coisa que o ligue ao todo da humanidade e lhe devolva a plenitude da existência. O homem apercebe-se que só é alguém com o outro, que sozinho não é nada. E é na luta contra a solidão que o amor acontece.

            No amor que acontece entre duas pessoas, o que existe é o desejo de fusão completa. O amor leva ao desaparecimento de barreiras entre os dois amantes. A amor é a intimidade por excelência idealmente consumida através da relação sexual. A união sexual simboliza a fusão. E é assim que acontece a união fisica que derrota a separação.

            Não é assim de estranhar que o amor faça gerar o desejo de união sexual. Neste contexto, o do amor erotizado, a relação sexual não envolve o desejo de conquista mas tão somente o desejo de fusão.

            Quanto acontece o amor entre duas pessoas, ele é realmente exclusivo, isto é, é vivido apenas por elas. Contudo esse amor contém simbolicamente a união com toda a humanidade. Esse fenómeno faz do amor a verdadeira religião. É que ao acontecer o amor dissolve o narcisismo e torna o homem maior e universal.

            Não é o amor o que acontece quando nos ligamos a outra pessoa pela incapacidade de estarmos sós. Amor é o que acontece quando voluntariamente nos ligamos a outra pessoa capazes de vivermos, primeiro connosco e de ter adquirido um conhecimento intimo. Para me poder entregar totalmente tenho de primeiro me conhecer a mim próprio. Quanto mais fundo eu tiver ido no meu auto-conhecimento mais completa será a minha entrega.

            Amar é uma arte. Como na arte, ama-se indo para além do real, do finito, do dizível e do tangível. A arte implica trabalho criativo e não apenas produtivo. A criação de qualquer arte não é, pela razão, indispensável mas dá á humanidade outra dimensão existencial. Também o amor quando acontece transporta o homem para outra dimensão. O amor como peça de arte é uma obra única em cada homem que o faz. Alguns homens pela sua natureza, pela sua maneira de estar, vão na arte e/ou no amor mais longe, conseguem-no de forma mais completa e duradoura.

            É artista aquele que consegue criar a obra e através dela unir-se com o mundo. É o desejo de ultrapassar a própria individualidade e de alcançar o outro que move o homem para a criação. A arte é o veículo da fusão do homem com a humanidade de forma intemporal

            Assim a arte pode surgir como um imperativo nos que se sentem mais próximos da loucura que o isolamento encerra. Naqueles em que a solidão é mais ameaçadora surge frequentemente o engenho para a criação de pontes de ligação à humanidade.

            Amar é uma rte e a arte é o amor pela humanidade.

            O amor é também motivado pela necessidade de conhecer o outro, àvidos que somos do conhecimento da própria natureza humana. É também dessa necessidade, que vai além do corpo, do racional, que emerge a paixão."

                        Dr. António Sampaio (médico psiquiatra)

                        Artigo da revista Bipolar nº 24, da Associação de Apoio aos doentes Depressivos e Bipolar (ADEB), www.adeb.pt

Segunda-feira, 29 de Outubro de 2007

A Palavra certa no momento certo e que transporte o afecto adequado

               “Porque no fundo é a mãe natureza que cura; o terapeuta apenas ajuda.

Não fora a capacidade auto-reparadora do corpo e a auto-poiética da mente, bem estávamos entregues à bicharada e aos demónios; com deuses ou sem eles. A substãncia soma e a qualidade psique constituem um extraordinário produto-produtor – o psicossoma. Cuidemos dele com amor e prazer, engenho e arte; ele nos agradecerá com alegria e paixão. É eexpansivo o circulo virtuoso da saúde a substituir o redutor circulo vicioso da doença.

            Na sociedade, é a ultrapassagem do triângulo vermelho da ignorãncia – doença – pobreza do triângulo verde do conhecimento – saúde – riqueza.

            Riqueza interior/riqueza de afectos – que é a que importa e dá acesso à beleza e criação.

            De facto, ou somos criadores de um universo de cultura ou somos ninguém. Ser é ser para o outro. Não se trata de um principio teológico mas de uma concepção teleonómica”

 

                        Prof. Dr. António Coimbra Matos

                        Artigo da revista Bipolar nº 24, da Associação de Apoio aos Depressivos e Bipolar (ADEB), www.adeb.pt

publicado por antiego às 10:46
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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007

Mais Amor, Menos Doença

            “Os filósifos misticos definem como verdades dailogais a fé, a esperança e a caridade.

            Com esperança no desenvolvimento do homem e acreditando no progresso comunitário, dizendo nós que são três as condições de verdade relacional: entusiasmo, confiança e amor.

            Sem entusiasmo, é o vazio; sem confiança, o medo. Sem amor, a depressão. Ou seja: o deserto psicótico, o pãnico borderline e o abatimento depressivo.

            Todavia, na origem das três verdades relacionais está o afecto positivo. Sem aposta afectiva do objecto não há entusiasmo no sujeito; sem persistência de afecto, confiança; sem repetido amor oblativo, alegria e esperança.

            Então, na origem da dor mental – qualquer que ela seja – está a pobreza afectiva. A depressão – nas suas diversas formas – é, pois, a matriz da psicopatologia.

            Na depressão precocíssima – por ausência de resposta emocional  primária do objecto – instala-se a retirada psicótica. Assim como na (anterior ou contemporãnea) depressão falhada – por falta reiterada de resposta empática – se organiza a adaptação conformista da patologia alexítimica.

            A depressão anaclítica resulta da perda precoce (antes do desenvolvimento da memória de evocação) do objecto de amor – com a consequente ansiedade de separação e vulnerabilidade aos ataques de pãnico.

            A depressão introjectiva – ou depressão vera – surge na perda do amor objecto, após a organização da constãncia do objecto interno.

            A distimia depressiva ou clássica “ depressão neurótica” revela inconsistência da narcisação da imagem sexuada. É a falha falo-narcísica que está em causa.

            Portanto (e repetimo), a indigência afectiva é o lastro da patologia mental

            Com ela, no entanto, outro processo e fenómenos psicopatológicos – para além da gama dos acontecimetos depressivos – se desenvolvem e emergem:

 

. O Sonho falhado: a ausência/insuficiência do sonho – projecto ou sonho-desejo, a queda da esperança redentora.

. Um dos processos compensatórios é a “Embriaguez maníaca – que gera novo e maior vazio.

- A revolta falhada – abortada, silenciada ou amordaçada – da -, sem desenvolvimento da revolução transformadora.

 

            Uma das sequelas é a recursividade psicopática – a antissocialidade.

            Mas a falta de amor não é só origem de doença – pessoal e social.

            Mesmo quando a doença tem tem uma indicutível base biológica – ou económica – a disponibilidade e solicitude de cuidarores – educadores e gestores -, familiares, amigos, societários e comunidade em geral é essencial, não só para o alívio das dores, como para a melhoria de qualidade de vida e acelaramento da resolução dos males, diminuição dos riscos, evitamento de efeitos perversos dos tratamentos e redução de sequelas.

            Quem está melhor pode aumentar o seu bem-estar auxiliando os que sofrem; não é um gasto, é um enriquecimento.

            O animal alfa, na espécie humana, não está em posição de maior poder, mas de maior responsabilidade. Não está no topo da hierarquia para mandar mas para servir. O seu privilégio é o de poder de mais e amar melhor. Não o fazer, equivale: como técnico de saúde, a um comportamento filicída; como político, a genocídio.

            A responsividade ou capacidade de responder a solicitações do paciente é uma competência do agente sanitário que deve ser treinada e dsenvolvida. A introjectabilidade ou qualidade de ser aceite e gostado pelo outro é uma mais valia pessoal relevante.

            No papel de médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social ou qualquer outro técnico de cuidados de saúde é imprescindível ter como lema a precessão e primazia do investimento no paciente. O que quer dizer que a ligação do técnico ao doente deve preceder e ser superior à ligação do doente ao técnico.

            A preocupação terapêutica primária pelo bem-estar do paciente corresponde ao mesmo desiderato. Todo o ambiente deve ser facilitador da cura. O ambiente – designadamente, o emocional – é também um remédio; com frequência, o mais importante – sobretudo na patologia mental

            Nem só de medicamentos e psicoterapia o doente precisa! A pessoa do técnico é o melhor remédio; as mais das vezes, o médico vale mais por aquilo que é do que por aquilo que faz.

            Criar um clima alegre – até lúdico – e de interesse para o paciente é tão importante como o rigor da técnica e da responsabilidade profissional.

            A frase emblemática, que se espera ouvir e nos oriente é: “O meu terapeuta é/foi o meu melhor amigo”.

            E porque “é a falar que a gente se entende”, saibamos usar o precioso dom que a natureza nos concedeu”

 

                        Prof. Dr. António Coimbra Matos

                        Artigo da revista Bipolar nº 24, da Associação de Apoio aos doentes Depressivos e Bipolares (ADEB)

publicado por antiego às 11:29
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Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

No Sanatório

No Sanatório

Eu reservei um quarto privado

Aonde te podes sentir em casa

Aonde podemos estar sós

Apenas tu, a enfermeira e eu

Num cenário de montanha

 

Todo o tempo que tiveste doente

A teu rosto pareceu tão pálido

Exausto pela força de vontade

Exausto pela espera

O meu tratamento faz-te bem

Ou ainda mais fraca

 

Meio apaixonado pela morte fácil

Eu enevoo o espelho com a tua respiração

Meio apaixonado por esta doença

Que me mantém perto de ti

Os teus olhos ficam pesados enquanto leio

“O Imoralista” de André Gide

Adormece minha querida adoentada

Repousa em paz


Momus - In The Sanatorium lyrics

In the sanatorium
I've booked a private room
Where you can feel at home
Where we can be alone
Just you, the nurse and me
In mountain scenery

All the time that you've been ill
Your face has looked so pale
Drained by the force of will
Drained by the wait until
My treatment makes you well
Or weaker still

Half in love with easeful death
I cloud the mirror with your breath
Half in love with this disease
That keeps you close to me
Your eyes grow heavy as I read
'The Immoralist' by André Gide
Fall asleep my sickly darling
Rest in peace

Men you used to know declare
Their most sincere desire
To travel here and share
The treatment you require
Their letters saying they care
Are on the fire

As I interrupt the muslin
Hanging round the bed
I wake you with the rustling
And you raise your head
And ask again, your voice uncertain
If you're not a burden

Half in love with easeful death
I cloud the mirror with your breath
Half in love with this disease
That keeps you close to me
Your eyes grow heavy as I read
'The Immoralist' by André Gide
Fall asleep my sickly darling
Rest in peace

I wonder, as I watch you sleep
If this possessive streak
Will make me force my love
Or if the trick is cheap
And if you took your drug
And if you're deep enough asleep

In the sanatorium
I've booked a private room
Where you can feel at home
Where we can be alone
Just you, the nurse and me
In mountain scenery

(For love will endure or not endure regardless of where we are)

música: Momus - In The Sanatorium
publicado por antiego às 11:11
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Terça-feira, 23 de Outubro de 2007

Mais Afecto, Menos Doença

Por tempo indeterminado este blog vai passar a chamar-se “Mais Amor, Menos Doença” - tipo, mês, periodo, dedicado ao amor e à saúde mental. A frase é o tema da revista “Bipolar” nº 24. Revista da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB).

“Mais Amor, Mais Saúde na Doença Unipolar e Bipolar”.


Em “Mitos, Modas, Clichés” eu tentava apelar à necessidade de cada um de nós pensar por suas próprias cabeças e não engolir os clichés que nos dão a conhecer. Apelava à necessidade daquilo que, segundo o meu amigo Constãncio, é a nossa maior qualidade: nós sermos nós próprios. Se nós cortassemos as amarras de que nos emaranhamos toda a vida, poderiamos ser mais nós próprios, mais livres, mais criativos, pesssoas mais cultos (segundo Nietszche), mais originais porque cada um é único. Cada um é único se tiver a coragem e o engenho de ser ele próprio. Para ser ele próprio, precisa de se conhecer, precisa de se descobrir. Um trabalho de coragem. A escrita é uma ferramenta excelente para o auto-conhecimento, muito mais que uma psico-terapia, por muito pouco idiota que seja o denominado terapeuta.

 

Em “Mais Amor, Menos Doença”, como se é de esperar, falo na necessidade de afecto para a erradicação do sofrimento na terra.

publicado por antiego às 15:08
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Segunda-feira, 22 de Outubro de 2007

Muitos Beijos de Vida

            E ao milésimo beijo cantaremos os parabéns:“Parabéns a você neste beijo querido (…) muitas felicidades, muitos beijos de vida”.

            Um estrangeiro veio do país da solidão, refugiado, para o país dos afectos. Que mundo tão estranho é este dos afectos. Não está habituado. É a diferença entre se viver num país sub-desenvolvido e num país rico. Isto até assusta. É mais dificel de entrar no reino do senhor quando se começa a ficar mais rico de espirito.

             E assim soa a deitar-se numa cama sózinho, no escuro, e acordar numa cama luminosa de braços, risos e sorrisos. “Haverá um tempo em que eu nem sequer me lembrarei de que medo que sentia”.

 

“There'll be a time
When I won't remember what I was afraid of
And I'll be swimmin' in the sea
No banging on this glass for me
My eyes turned red when my life turned blue
So I'm leaving everything, that's true
And I'll jump into
A brand new skin”

 

Ao grupo “Sol e marés” (da ADEB), sob a égide “Mais Amor, menos Doença”.


música: "Don't Box me In" - STAN RIDGWAY ("Rumble Fish" OST)
sinto-me:
Terça-feira, 16 de Outubro de 2007

O sexo também se consome

                  Tenho reparado, aqui também nesta blogosfera, que cada vez menos pessoas acreditam no amor, quanto mais no amor eterno e/ou condicional.

                   As mulheres querem imitar os homens, como forma de vingança secular. E assim adquirem comportamentos masculinos que de todo são da sua natureza. Isso até está espetado nas séries televisivas. Se calhar é a locomotiva! Deve ser. Como uma vez o meu pai desabafou ao ver uma telenovela:

- As pessoas vêm esta merda e depois imitam.

                    Engolem clichés da Televisão, das revistas femininas. Quem não gosta de ler revistas femininas, engole os clichés das amigas que lêem revistas femininas e vêm telenovelas. E ainda dizem "eu não engulo"? ah, ai não, não engolem.

                  Deixamos que nos formatem o cerebro. Não temos vontade própria e gostos próprios. Somos tão ridiculos e anedóticos. Quantas anedotas eu não recolho das vidas humanas.

                  Ainda se defendem a dizer que o amor magoa, como se tivessem capacidade em amar. Há que não perder o comboio da sociedade materialista. Sentido prático e hedonista. Há que "saciar estes corpinhos".

                   Tu consomes o meu sexo e eu consumo o teu. Perfeito.


música: "One to five, five to one" - The Doors
Domingo, 14 de Outubro de 2007

Quem é especial?

Todos nós temos a tendência de nos acharmos especiais. Até aquelas que com falsa modéstia dizem: sou uma pessoa normal. Isto de uma pessoa se achar normal é um bocado anormal.

Com o Mourinho tornou-se mais aceitável uma pessoa se assumir especial, como o copiou o Vitor Baía.


  Mas afinal, quem é especial? Acredito que quem é especial é quele(a) que tem o raro dom de ver e/ou tornar as outras pessoas especiais. Eu tinha um amigo que era o expoente máximo desse dom.

Há aquelas pessoas tão chocas, sem sal, que toda a gente as acha desinteressantes. Ele conseguia as fazer especiais. Este ou aquele pormenor. Contava histórias engraçadas e interessantes sobre esse Tótó. Bolas, onde foi ele desencantar aquelas histórias a partir de uma pessoa tão sem sabor? E essa pessoa acaba por se valorizar aos nossos olhos.

Há quelas pessoas que têm tiques tão irritantes que nós já não podemos com eles, e até vão deteriorando a nossa relação. Mas o especial torna esses tiques irritantes, coisas bastante engraçadas, faz uma caricatura. Aquele sujeito irritante torna-se aos nossos olhos, um gajo super-engraçado. O especial imita, satiriza esses tiques e ri-se ao contar o ultimo tique da pessoa irritante, ou ri-se quando o tique surge.

O David até é capaz de nos fazer sentir mal, pensando que não há pessoas irritantes ou desinteressantes quando “The beauty lies on the eye of the beholder”.

 

Isto faz-me lembrar o filme “O Barbeiro” dos irmãos Coen. Uma história interessante e engraçada sobre um homem extremamente banal e entedioso.


publicado por antiego às 23:13
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Quinta-feira, 11 de Outubro de 2007

Repousar

Bamos repousar? Bora aí repousar.
sinto-me:
Sexta-feira, 5 de Outubro de 2007

A Mulher da minha Vida

Eu bem te quero encher de beijos

Eu bem te quero abraçar

Nem à força o consigo

Tu desprendes-te e ris-te à gargalhada

Até parece que não sabes como é triste ser rejeitado

 

Sonho em dormir abraçado a ti

Lembro-me como és querida quando estás doente

Aí, consigo ter te no meu colo

Consigo te beijar, e tu cordeirinha com esse olhar lindo

 

És um sol de alegria, és a mulher da minha vida

E eu recordo-me quando te cantava

 

Ó meu pai, ó meu pai

Ó meu pai, ó meu amado

Quem tem um pai tem tudo

Quem não tem pai não tem nado

 

Ó meu pai, ó meu pai

Onde estás que estou sozinha

Quem tem um pai tem tudo

Quem o perde é pobrezinha

 

La la, la la la, la la la la la

publicado por antiego às 17:04
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