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Conheço um casal que sempre se deu bem, casados há cerca de 20 anos. São ambos alegres, extremamente comunicativos, sociáveis, educados, com valores. Pais esmerados e informados, tendo inclusive planeado ao pormenor o primeiro filho. É um casal que eu admiro.
O que me intriga é que os seus dois filhos parecem absolutamente amorfos. Estou convencido que no grupo de amigos deles e com as suas namoradas, eles até falem para burro e sejam animados. E parece haver aqui um padrão: há únicas coisas que os animam, para tudo o resto demonstram uma apatia impressionante. Parecem haver apenas duas coisas que os animam na vida: o desporto e os amigos. Não são nada afectivos, não demonstram interesse por conversar e até um bom dia custa a dizer ou não é dito de todo, aos próprios pais.
Pais modernos, com formação, absolutamente empenhados na educação dos filhos como principal objectivo da vida. Convencidos que dominam a ciência de educar.
Será que é uma questão genética? Será que aquele ar macambúzio veio do Bisavó Zé e salta de 4 em 4 gerações?
Dificilmente consigo encontrar mais explicações que… é pá, nasceram assim. Mas há um erro crasso que existe naquela família e que pode afectar todo um crescimento:
Na hora de jantar, toda a gente tem que estar calada, porque o pai quer ver as noticias na TV que está colada à mesa das refeições.
Por amor de Deus, o Jantar é tudo o que nos resta quando tudo se desencontra. Se matam o jantar como espaço de convívio é como se partissem uma parede mestra. Quando vamos nós conversar? A seguir ao jantar em frente à Televisão? Quando formos todos juntos ao café? Quando deitarmos os meninos na cama e, cansados do dia, lhes contarmos uma história em 15 minutos? Em que idades? Com que disponibilidade nossa e com que disponibilidade deles?
O Jantar é uma coisa sagrada. Tudo tem que parar quando começamos a jantar. Na nossa casa, actualmente, tudo tem que parar quando começamos a fazer o jantar. É a hora das tarefas, é a hora da comunidade.
Para dar resposta a milhares, incluindo esta bloguista que escreve:
<< Expliquem-me onde é que os homens (ou as mulheres, talvez também se aplique) aprenderam que falar sobre um assunto é mau, que se deve fingir que nada aconteceu e continuar a relação como se fosse do ponto 0? >>
Se juntarmos numa só pessoa o hábito de cismar, o gosto por falar (fala bem não olhes a quem), uma mente complexa, uma forte perspectiva egocêntrica, uma certa insatisfação crónica… neste caso, nada passará em branco. Tudo terá que ser forçosamente analisado até ao ínfimo pormenor.
Enquanto há assuntos que devem ser discutidos e sobretudo, clarificados, há outros que só servirão, no melhor dos casos, para exercitar os maxilares.
Há acontecimentos desagradáveis aos quais não se deve dar muita importância. Há assuntos que, falar sobre eles, só os podem piorar.
Os anglófonos têm uma expressão para esta ideia. Quando aparece um chatarrão a invocar um assunto desagradável, a reacção que poderá obter será:
- Don’t Rubit in!
Ou seja: não venhas com essa conversa de merda que só vais piorar as coisas ao trazer o assunto de volta.
Como a identidade do Português é a Saudade, o português adora chafurdar no passado, e por via fadista, quanto mais triste e traumático, melhor. O Português apega-se à idiotice da psicologia que dita que falar de experiências traumáticas é a melhor coisa para curar a nossa alma. O melhor amigo do português é o velhinho Freud.
Com mil Tretas, estudos mais recentes demonstram que as pessoas que melhor superam verdadeiros traumas foram aquelas que os recalcaram. Aquelas pessoas que tinham por hábito invocar os seus traumas, eram aquelas que mais sofriam com eles.
Ou seja, “O psicólogo é aquela pessoa a quem pagamos para falar de coisas que nós pagaríamos para esquecer”.
A questão é simples: vale a pena pensares nisso?
Tenho um colega Holandês que é professor de Cidadania no seu país, no ensino secundário.
Será que temos algo parecido cá em Portugal, fora a triste disciplina de “Religião e Moral”, opcional, da escola preparatória?
Eu acho que é essencial existir uma cadeira que eduque realmente e forme as pessoas. Mais importante que ter um filho a saber ler e fazer contas, é ter um filho consciente, com valores, que saiba viver.
Isto não é um ensino que se deva deixar só à responsabilidade dos pais. Como diz a minha mulher, gostava que os nossos filhos frequentassem a Catequese, mais para eles verificarem que valores que ela prega, também são defendidos por outros.
Não é por eu dar uns chutos na bola com o meu filho que ele não precisa de jogar mais à bola.
O ensino de Cidadania da escola iria complementar a minha educação e/ou reforça-la. Casos haveriam que seria o meu filho a ensinar-me com o que bebeu na escola. As crianças têm que ser confrontadas com outras ideias, de pessoas adultas e formadas, que não as dos pais.
Esta disciplina teria que ser atractiva. Um espaço sobretudo de diálogo e descontracção (não demasiada). Ver uns vídeos, ver um filme, ler uns jornais, umas revistas, debater o material mostrado. Debater assuntos actuais como o Bullying, que fazer face à crise, violência doméstica. Ensinar coisas práticas para a vida. Ensinar leis, direitos, deveres, saúde, economia doméstica, culturas, pontos de vista, aforismos, sugestões para o lazer, jogos sociais.
Espaço para a partilha de histórias dos alunos. Deveria ser uma aula muito lúdica também, à qual os alunos gostassem de ir.
Nesta disciplina teria que haver classificações também. Seria a bandalheira senão houvessem exames. Que tipo de exames? Por exemplo, com factos históricos ou de cultura geral. Poderiam leccionar-se, por exemplo, história de filantropos e daqueles que mereceram o Nobel da Paz.
Exame tosco de cidadania:
Que me interessa a mim o meu filho tirar 5 a matemática, português e educação visual se for uma perfeita besta?
- O meu filho pode ser uma grande besta que só se interessa por si e pelas suas coisas, mas foi prémio Nobel da Física e não sabe o que há-de fazer ao dinheiro.
Caramba, eu tenho que desmascarar esta palhaçada. Andamos aqui a brincar aos psicólogos. Vou aqui passar um exemplo da psicologia imbecil que se faz em Portugal.
Neste Blog aparece a carta de N escrita a uma psicóloga que tem ar de ter um alto consultório no centro de Lisboa. Segue-se a resposta inócua, inútil e cliché dela (será copy/paste de texto?), e segue-se depois a minha, feita à pressa, eu que nunca tive alguma formação de psicologia e na área da saúde, só tive uma espécie de disciplina cultural no 9º ano:
Razão para viver
<<Boa tarde,
Não sei se geralmente responde a este tipo de questões mas de qualquer forma resolvi tentar.
Tenho 28 anos, sinto que não tenho qualquer razão para viver, já ando assim há algum tempo, sem sentir satisfação com nada, sem vontade de sair de casa de estar com os amigos, muitas das vezes sem vontade sequer de falar, estive medicado há pouco tempo e sinceramente não senti grande diferença. Sinto que só faço as coisas fáceis que não me dão trabalho ou que exigem um pouco de esforço da minha parte, a maior parte das vezes faço tudo e dou milhares de voltas só para não fazer o que necessito mesmo de fazer.
Fico fechado em casa a pular de uma actividade sem interesse para a outra, pareço perpetuar os meus vícios e pareço não conseguir sair deste ciclo. Não tenho vontade de estar com os meus amigos, sinto que não tenho nada de interesse para dizer e tenho receio de falar sobre aquilo pelo que estou a passar, sinto que ando assim há alguns anos, aos altos e baixos, mas neste momento sinto-me mesmo no fundo de um poço e não sei o que posso fazer para me ajudar.
Não consigo ter um interesse constante pelas coisas, interesso-me tão facilmente como me desinteresso, pareço não conseguir levar nada a cabo, sinto que pioro de dia para dia e já não sei mais o que posso fazer. Não tenho motivação nem qualquer objectivo na minha vida neste momento, nem sei ao certo se quero sair desta situação, pareço não ter força para viver a vida, parece que me falta algo e não consigo perceber o quê.
Agradecia se me pudesse ajudar, seja de que forma for, de qualquer forma compreendo senão obtiver resposta.
Atenciosamente,
N.>>
Resposta da Douta psicóloga:
<<Caro N.,
a sua falta de interesse e falta de vontade de viver pode ser uma fase passageira mas precisa reagir com força e energia construtiva. O seu problema está relacionado com a falta de um sentido para a vida.
A principal força motivadora de todo o ser humano é a busca do significado de sua vida. O homem sempre procurou dar um sentido à sua existência. A frustração dessa necessidade gera o vazio existencial e uma crise de identidade. Procure ouvir a sua voz interior e seguir a sua indicação. O sentido da vida consiste em realizar valores e para tanto é necessário conhecê-los. Cada indivíduo possui sua própria escala de valores. Para uns, o que importa é possuir poder, “status”, bens materiais ou seja: ter. Para outros, o que importa é “ser” e não ter. Para estes a realização pessoal consiste em descobrir o verdadeiro sentido em suas vidas, em adotar uma série de valores coerentes com sua realidade pessoal e com a realidade do mundo em que vivem eassim têm possibilidade de serem felizes.
O sentido da vida pode ser encontrado naquilo que fazemos, naquilo que vivemos e nas atitudes que tomamos perante as circunstâncias da vida. Cada um, não apenas, mas pode exercer poderosa influência sobre sua existência. Descubra o verdadeiro propósito da sua vida e poderá ser feliz e viver em harmonia.>>
Case, tenha filhos, e vote com consciência (ou outro horóscopo qualquer)
A minha reposta:
Caro N, o que relata aqui é deveras preocupante. Isto é um quadro de depressão. É claríssimo como a água. Não de depressão major, mas tem características leves de depressão major que até poderão evoluir para ela.
Algo tem que ser feito para sair desta inércia. Há quanto tempo, mais exactamente, se sente assim? Há quantos meses se sente assim? Quantas horas tem passado na cama?
Necessita de consulta psiquiátrica urgente. Se os medicamentos não resultaram, outro tratamento se adequará melhor. Outra medicação e/ou uma psicoterapia. O psiquiatra será o especialista creditado para lhe fazer um diagnóstico e prescrever-lhe o tratamento adequado. No caso de lhe receitar uma psicoterapia, quer lhe calhe uma psicóloga idiota (92% de odds) ou uma psicóloga inteligente, certamente ficará a conhecer-se melhor.
Para vencer o inimigo precisa de o conhecer. Precisa de conhecer o que está mal consigo, precisa de se conhecer. Não basta pensar: ai, sinto-me mal, tenho que fazer algo pela minha vida. Passe por uma fase de despiste, dê uma oportunidade á medicina. Veja se há mais casos parecidos com os seus e como eles lidaram com essa situação. Veja se o seu caso foi estudado e sistematizado pela ciência para que possa ser ajudado por ela.
Lembre-se que há milhares de pessoas na mesma situação que você, e, sobretudo, que estes estados de alma são passageiras. Mas não actuar pode ser a diferença entre durar 1 ano ou 2 meses. Procure ajuda. Caso lhe seja diagnosticada uma depressão, a terapia de grupos de auto-ajuda é das terapias mais eficazes e menos dispendiosas. Cada vez mais existem associações, em forma de IPSS’s, com grupos de auto-ajuda, até para doenças raras.
E agora com a internet, a vida está facilitada com a informação sobre os nossos inimigos. Procure em motores de busca, pessoas que estejam a passar ou já tenham passado pelo que você passou. Aliás, pensando melhor agora, porque raio no ano 2010, com a internet, você escreve a uma psicóloga quando podia procurar por grupos de auto-ajuda na net de pessoas que não lhes apetecem fazer nada ou pessoas que não têm razão para viver?
Isto da política é realmente algo que ultrapassa os pobres mortais como eu. Ainda assim, tento fazer um exercício de imaginação, convencido que estou de dever ser muito, muito ingénuo e ignorante.
Alguém que se endivida interminavelmente só pode ser uma de duas pessoas: um completo inconsciente ou alguém que tem as costas quentes ou que acha que não lhe virá grande mal pelas contas que ficam para pagar.
Os clubes de futebol cada vez devem mais milhões, parece não haver limites. Primeiro, há quem empreste, depois quando der o estoiro, com certeza o estado vai aparecer a dar uma mão porque o povo não pode viver sem o futebol.
Quando o Benfica dever mil milhões de euros, e ninguém mais emprestar dinheiro, o estado não poderá deixar cair este colosso que dá alimento espiritual a 6 milhões de portugueses.
Isto tudo porque li este fim-de-semana que o nosso estado, só em juros, vai pagar este ano 6,3 mil milhões. Com o corte de salários, o estado vai poupar uma coisa que não chega a mil milhões. Quer dizer, milhões de portugueses vão sofrer, para se pagar 1 sexto dos juros.
Onde é que esta malta vai buscar o dinheiro !!! Se esta é a principal medida, onde é que vão desencantar os outros mil milhões? Venham mais 2 mil milhões de privatizações. Venha mais 2 mil milhões de IVA, venha mais mil milhões de poupança com a máquina do estado através de umas reformas que nunca aparecem.
Faz-se um esforço quase sobre-humano, delapida-se património, só para pagar juros. E para o ano?
Como é que alguém pode viver acima das suas possibilidades? Para mim, pai de família, isto parece elementar – economia doméstica.
As costas quentes são o quê? Um dia perdoam-nos a divida, um dia o mundo acaba, um dia vendemos o Algarve? Um dia vendemo-nos aos Espanhóis?
Estava eu na porta do Vasco da Gama quando me aparecem estudantes de Medicina a fazer um peditório, não sei bem para quê. Já estava eu disposto a não dar nada, pois tenho 5 filhos para criar, quando os argumentos eram bons:
- Só uma moeda preta! È o que pedimos. Nem que seja uma moeda de 1 ou 2 cêntimos.
Gostei do espírito. Acrescentava a estudante que não queriam ser garganeiros. Preferiam receber 1 cêntimo, em tempo de crise, do que não receber nada. Eu sou muito textual, vai daí procurei por uma moeda preta de 1 cêntimo ou 2. Não tinha, mas tinha uma moeda preta de 5 cêntimos. A estudante agradeceu a sorrir e vazou. Passado um bocado chega outra estudante de medicina e pede dinheiro outra vez, dirigida a mim. Eu disse-lhe que já tinha dado. E não é que a vaca me atira:
- Só 5 cêntimos !!
Que profissional da saúde fisico-ludica! Eu nem tinha reparado nela. Pelos vistos pertencia à trupe, estava por ali por perto e com certeza deve-lhe ter sido comunicado que havia ali um forreta que tinha dado 5 cêntimos. E vem-me com lata a fazer-se de novas. Com estas merdas não se brinca e isto só me dispõe a ignorar de vez todos os peditórios que me façam. Humpf, são todos iguais.
Claro que não dei mais nada, vai ter lata para o c@, isso até é ofensivo.
Estais mesmo boas para o juramento de Hipócrates.
Divorciado, Pai de duas crianças à guarda da mãe a quem nunca deu pensão de alimentos e até já foi financiado pela ex, é contactado por uma assistente social para falar sobre os seus filhos. Desde logo avisa que é um homem muito atarefado.
Deve ser atarefado por ficar com os filhos uma vez por mês, de sábado para domingo, fazer-lhes o almoço, jantar, pequeno almoço, passeá-los, e a única vez que os leva à escola, considerou a distancia de 10 minutos do metro à porta da escola, muito longe.
Na sobrevivência vale tudo. Se um dia apanhares uma mulher rica, engravida-a logo. Se um dia apanhares qualquer mulher, engravida-a. É como um seguro de vida incerto. Não sabes se vais receber o PPR ou não, mas não pagas nada por ele.
Primeiro "tudo se cria", depois alguém há-de tomar conta deles, nem que seja uma instituição do estado (e a mãe). O estado até agradece, como o inverno demográfico que anda por aí... até parece que só se fornica 1 vez de 20 em 20 anos. Não sejas panilas, dá o teu conributo para a humanidade, para a sobrevivêcia da espécie.
Depois, só tens que ir marcando o ponto, aparecer de vez em quando a dizer que adoras os teus filhos. Ficas com o estatuto social. Se tiveres mais sorte, na idade da reforma, os teus filhos dar-te-ão uma mãozinha, porque afinal... não estariam aqui se não fosses tu.
Se não te derem a mão... anda aqui um pai... azar, eles saíram insensíveis.
Agora sou jornalista do Correio de Manhã.
Ontem, passeava uma jovem mãe os seus dois gémeos de cerca de 4 meses, no carrinho de bebés gémeos, quando uma beata acessa voadora embate no olho esquerdo de um deles.
A mãe tem mais 2 filhos além destes, vive com muitas dificuldades nos subúrbios de Lisboa. Vai a uma consulta de cirurgia plástica com o bebé acidentado, ainda não se sabendo se olho foi afectado.
Não se sabe de nada, não se sabe de onde veio a beata ou quem a atirou.
Isto aconteceu no seu bairro pobre repleto de gente mal-formada a viver das ajudas do estado? Não, isto aconteceu no bairro de Alvalade.
Isto é tão revoltante que apetece dizer clichés como: foi a este mundo que nós trouxemos os nossos filhos?
Tudo está bem quando não nos acontece a nós, e ainda melhor quando é impossível nos acontecer a nós.
Uma vez um amigo meu disse a outro, em jeito de tacada “Os grandes homens vêem-se pelas pequenas coisas”.
Este aforismo pertence ao rol daqueles que soam bem mas eu nunca concordei com eles. São os meus preciosismos. É certo que em tudo o que fazemos mostramos a nossa personalidade, mas acho que os grandes homens topam-se mais é pelas grandes coisas. O resto é pormenores de classe.
Certa vez um colega meu contava uma rábula matemática, daquelas que no fim o resultado não bate certo, mas em que somos levados por um raciocínio falacioso. Estas rábulas são realmente engraçadas e curiosas. Pese embora a sua graça, eu expliquei em que ponto do conto o raciocínio falhava. O contador não aceitou a explicação e continuou-se a rir das palavras bem-falantes e simples que derrotavam e zombavam dos dogmáticos números.
Eu não me lembraria deste episódio se o contador não fosse um licenciado em engenharia.
Anos mais atrás, um conhecido meu comentava entusiasmadíssimo a final da taça dos campeões entre o Bayern de Munique e o Manchester United. O homem estava em êxtase, nunca houvera visto um jogo tão fabuloso de futebol espetáculo. O futebol tinha atingido a sua expressão máxima naquele jogo sublime de emoção em que o Manchester a perder 1-0 a poucos minutos do fim, virava o resultado e sagrava-se campeão europeu. Ao que um dos seus interlocutores lhe respondeu com um ar mais comedido e menos histérico:
- Tem uma piada do caraças: Uma equipa andar a massacrar a outra durante 90 minutos e perder a taça em 2 minutos.
Este último andava a estudar para Juiz.
Para combater os obstáculos à sua evolução pessoal, para um melhor auto-conhecimento, eu acho fundamental conhecer os conceitos.
Por isso acho os anglófonos brilhantes na criação de novos conceitos. Neste caso, parece que este foi criado pelos alemães:
Kitsch é um termo de origem alemã (verkitschen) que é usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente. São freqüentemente associados à predileção do gosto mediano e pela pretensão de, fazendo uso de estereótipos e chavões que não são autênticos, tomar para si valores de uma tradição cultural privilegiada (mais…).
A primeira vez que ouvi a palavra Kitsch foi em1990, a propósito do Quim Barreiros. “O Kitsch volta a ser moda”. A palavra surgiu para ilibar as pessoas intelectuais de gostarem de coisas foleiras. Naquele ano, estudante universitário que não gostasse do pai da música pimba, era um gajo cinzento, muito careta. Engraçado que o que veio, desde então, foi o Kitsch ao quadrado e cubo, na musica nacional.
Faz sentido surgir este termo, neste novo contexto. Eu sei que isto é foleiro, mas gosto de ouvir, gosto de ver, acho piada. Nada como a consciência. Foi muito importante aparecer esta onda para combater o preconceito que há em nós. Mais grave que não admitirmos aos outros que gostamos de certa coisa, é nós pôr-mos essa coisa logo de lado, não admitindo a nós próprios que gostamos dela.
Pessoa muito à frente que se preze, hoje em dia, faz questão de fazer notar que vibra com cenas muito Kitsch, tipo Big Brother, José Cid.
O que acontece é que a maior parte das pessoas só é capaz de reconhecer o Kitsch que está pré-definido como tal.
Nunca nos passou pela cabeça se nós próprios não seremos um objecto Kitsch, com comportamentos Kitsch. Mas desde que nos sintamos bem…