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Há aforismos e frases que nunca compreendi, espero que façam sentido alguma vez na minha vida. Há coisas as quais apenas compreendemos se passarmos por elas. Mas uma dessas frases não é, com certeza, a brilhante "há sempre uma primeira vez”.
Que frase mais estúpida. Sempre que se fala em qualquer coisa que envolve uma primeira vez, aparece um filosofo a rematar, arrumando com a questão, proferindo que… há sempre...
- Mas que raios!!!! Porque é que há sempre uma primeira vez?!
Pode não haver, pode nunca acontecer. Provavelmente embirrei com esta frase idiota, em particular, nos anos da adolescência em que não via a minha vez chegar. Bem, na verdade sempre embirrei com trocadilhos e graças cliché de alusão sexual.
Cheguei à conclusão, com a minha irmã, que estas frases idiotas são ditas porque as pessoas têm que dizer sempre qualquer coisa. São conversa de circunstancia, paleio social. Robots com o audio ligado.
No outro dia ouvia na Antena 3 uma discussão inteligente entre mulheres, sobre a intelectualidade. Dizia uma que uma pessoa mais evoluída pode passar por lerda. Ela dava um exemplo: se alguém saísse à rua a perguntar ás pessoas o que era o amor, muitas havia que disparariam logo uma resposta pronta e afiada:
- Ah, é fogo que arde sem se ver.
Quem fala assim não é gago. Uma pessoa mais pensadora, mais autêntica, mais original, teria mais dificuldade em responder a esta pergunta. Poderia atrapalhar-se, hesitar na resposta. Pois, passava por atrasada mental. Ora que cena, mas não sabe o que é amor? Eh eh, se calhar nunca amou.
O cão do meu vizinho passava fome. Começava a uivar de dor e tinha já um aspecto exotérico (perdão, anorético). Então eu comecei a atirar-lhe bifes para o quintal, e até passei a comer papas de aveia. Quando o meu vizinho chegou de ferias ficou fulo de ver o seu cão com obesidade mórbida. Eu não sabia, aquilo fazia parte de um plano de lhe provocar a morte por abandono, e assim receber o seguro de vida. O meu vizinho, por vingança, cortou os testículos ao meu gato e vendeu-o a um restaurante chinês. A polícia andou em campo até descobrir um frasco na gaveta do meu guarda-fatos com os testículos do meu gato. Fui acusado de homicídio sexual em 1º grau. Fui para a prisão, inocente, chuif, e violaram-me lá dentro.
- Pois. Há sempre uma primeira vez.
Ainda hoje oiço gente a dizer que há mais muitas mais mulheres que homens. Vem da velha ideia de que “Há 7 mulheres para cada homem”. Com os meus 17 anos, esta razão começou a intrigar-me. Para todo o lado que me deslocasse (escola, rua, actividades) não notava sequer que havia mais mulheres que homens, excepto em determinadas lojas. Além disso, eu queria reclamar só uma mulher, se há 7 mulheres para um homem, eu achava que elas estavam muito mal distribuídas, pese embora achasse lógico que 14 escolhessem um gajo mais belo e interessante do que eu.
Quis tirar a cena a limpo. Fui ver as estatísticas, isto nos anos 80. E de facto, em todas as estatísticas, de todos os países, eu constatei que nasciam mais raparigas que rapazes. No computo geral havia mais mulheres que homens, isto devido ao simples facto de as mulheres terem cerca de 10 anos mais de esperança de vida que os homens.
Onde raio surgido este mito? Terá surgido após a segunda grande guerra mundial? Terá surgido no mundo muçulmano?
Para acabar de vez com este mito, aparece agora a noticia: Escassez de mulheres no Mundo terá impacto idêntico ao aquecimento global. Não há nenhum bem mais precioso que possa levar a uma guerra mundial.