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Várias vezes, no silêncio, distraído, quando oiço chamar:
- Pai!
Pareço acordar num sonho ou num futuro feliz e como não parecendo verdade, a minha primeira reação é assegurar-me:
- É comigo?
Faz todo o sentido acabar com uma maternidade em Portugal: se cada vez nasce menos bebés e cada vez o governo dá menos condições para que nasçam...
Todos os meus filhos nasceram na MAC (Maternidade Alfredo da Costa) e por isso estou muito grato a ela. A mais bela e acertada frase que eu li sobre este assunto foi:
"O local onde se nasce nunca devia morrer"
Passos Coelho afirma “70’% da nossa despesa é com pessoal e prestações sociais. Não é possível não ir às despesas com pessoal e com prestações socais” aqui.
Estou farto de ouvir falar que 70% da despesa é com pessoal e prestações sociais como se não valesse a pena poupar nos restantes 30%.
Corta-se nos salários, corta-se nas prestações sociais, não se corta nos outros 30% porque essa fatia é quase desprezível.
Do mesmo modo Paulo Portas comprou 2 submarinos por mil milhões de euros, uma pechincha, considerando que se trata menos de 1% do PIB.
Tentar poupar um milhão de euro aqui ou ali deve dar a maior gargalhada.
Deixemo-nos de merdas. Vamos saber de números com um 2º grau de profundidade.
1 – dos 70% quanto é nos salários, quanto é de prestações sociais?
2 – Quais as maiores fatias nos outros 30%?
3 - Onde se pode poupar mais (percentualmente) quer a fatia seja de 70 ou de 0,1%?
Como nada dizem sobre isto, parto os 70% ao meio. Portanto, gasta-se 35% com salários, 35% com prestações sociais e 30% com o resto. E então, onde ser corta agora?
Eu sou suspeito e parto em vantagem. Nasci e passei a minha juventude em cidades muito chuvosas: Porto e Braga. A primeira semana que passei em Braga, choveu ininterruptamente. Imaginem uma semana sem parar de chover. Mais tarde disseram-me que a alcunha de Braga é “o penico dos céus” e que a cidade tem um micro-clima.
Eu gosto da chuva desde que ela não me ataque muito. Sou como uma criança, gosto até de apanhar com um pouco de chuva, não gosto de andar de guarda-chuva, gosto de correr o risco de apanhar uma grande molha que me deixe na cama, gosto da emoção de estar abrigado no meio do nada à espera que o dilúvio passe, torcendo para que pare de chover rápido, torcendo para que amaine e eu corra porque a seguir pode vir uma chuvada mais forte. E no fim sentir aquele grande alivio do ladrão: “não fui apanhado!”. Eu sou o tolo consciente e oferecido das chuvas molha-tolos.
Nós não damos valor à chuva que temos. Achei inspirador ver um filme brasileiro em que um casal, dentro de portas assistia ao inicio de uma chuvada. E eis que um exclama para o outro:
Veja que lindo, Está chovendo!
Na altura fiz uma associação de ideias simples: Brasil é calor, não faz mau tempo, não chove, então lá a chuva é como cá a neve.
Por outro lado, só comecei a apreciar o verão a partir dos vinte e tal anos quando fiquei a saber que o sol era saudável. Um hiponcadriaco só começa a gostar de coisas com as quais não vai à baila, se lhe disserem que fazem bem à saúde.
Eu estava convencido que o sol fazia mal. Se calhar eram os recados da mãe para não apanhar muito sol, a ideia de que o sol de inverno faz mal, etc. O que é certo é que o calor sufocava-me, tornava-me mole e eu tinha a tendẽncia em sentir-me indolente e entediado no verão. Não entendia como as pessoas podiam ter prazer em passar horas seguidas deitadas ao sol sem fazerem nada. Parecia a maior estupidez. Se verão era praia, então era uma estação um bocado pobre. Pobre era eu de espirito, pois não conseguia me entreter horas a fio deitado ao sol.
A minha época preferida era o Outono, a Reentrée. Na universidade era uma coisa de arromba, as festas académicas. Eu nascia a cada Outono e morria em cada verão (ou entrava em hibernação),
O único senão do verão é os dias ficarem bem menores, mas... nem isso parece-me demover do doce Inverno: Tenho lindas memórias da infancia, chegando a casa, vindo do ensino primário, já de noite. Deviam ser, portanto, umas 5 horas e meia. Na mesa de jantar lá de casa a fazer os deveres de casa ou a lanchar o olhar para a noite na janela do nosso quintal.
A memória mais épica da minha infãncia foi um dia de vendaval no Porto. Lembro-me de olhar para a rua, da janela do quarto dos meus pais, e vê-la com tanta água que parecia um rio com uma corrente fortissima. Um espetáculo lindissimo.
Lembro-me ainda de uma noite memorável no ano de caloiro em Braga: acordei cerca das 2 horas da manhã para um espetáculo incrivel de trovoada. Oito ou nove caloiros, na varanda de um 9º andar, ficaram a vibrar durante pelo menos uma hora com trovões, relampagos, um autêntico fogo de artificio natural! Não se consegue viver isto 2 vezes.
Para mim, que sou um mole de natureza caseira, nada é mais aconhegante do que estar no quentinho em casa e a ver um dilúvio a acontecer lá fora.
Gosto de ver chover, gosto do som da chuva, gosto do cheiro a terra molhada, gosto do cheiro a frio, gosto da sensação de ligeiro frio (há que condimentar com a roupa que vestimos). O frio deve-se sentir como se fazem os exercicios de Yoga: no limite do confortável.
Atenção, não sou gótico, gosto tanto do inverno como do verão. Cada estação tem os seus encantos. Cálculo que para 95% dos portugueses a estação preferida seja o verão.
Então o que raio queriam dizer os Echo & the Bunnymen, há 25 anos, com estes versos:
“Everybody's got their own good reason
Why their favorite season is their favorite season
Winter winners and those summers sons
Are good for everyone, good for everyone”
No entanto embirro como quem vai de férias de inverno para praticar desportos de inverno. Acho pirosa essa moda de desportos de inverno. É como um africano alegre começar a dedicar-se ao fado. Se os gajos têm temparaturas negativas, gelam que se fartam, mas daí tiram algum proveito, óptimo, esse é o espirito. Agora, quem vive na boa, no melhor do climas, ir de encontro ao sofrimento para curtir a sua sublimação pelo desporto... bolas, isso é uma imitação de masoquismo. È muito pena não nevar à séria cá em Portugal.
O que é natural é cada um curtir o inverno com que nasceu e cresceu.