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A conversa que vou relatar neste artigo é mesmo veridica e prova como Ninguém Ouve Ninguém, sobretudo se já se tem uma ideia forte na nossa cabeça e essa ideia é aquela que é mais gira, para nós. Ou seja, nós só ouvimos o que queremos ouvir.
Vem um gajo da cidade do Porto para Lisboa e tiram-nos logo a fotografia:
- É um desterrado, coitado. Emigrou para lutar pela vida e está mortinho por voltar para a sua terra.
Já andava há uns bons meses na empresa, sem nunca manifestar algo que contribuisse para a imagem de desterrado que muitos conceberam nas suas cabeças, do tipo do Porto.
Eis que, me dão a oportunidade de falar sobre Lisboa e a minha vida por cá. Um colega de trabalho senta-se comigo a tomar café:
- Então, vais os fins de semana ao Porto, não é?
- Hmmm, vou alguns.
- Pois, é como na tropa.
- No máximo, vou de quinze em quinze dias.
- Sim, é como na tropa.
- Às vezes estou um mês sem ir. Tenho cá grandes amigos, por isso nem estranhei estar em Lisboa.
- Pois, é como na tropa.
- Eu gosto da cidade de Lisboa. É diferente da do Porto.
- È como na tropa.
Enfim, por mais que eu dissesse ao homenzinho, na cabeça dele eu era um pobre desterrado que passava sacrificios em estar no estrangeiro. O pessoal curte largo as desgraças dos outros e por isso não está receptivo a ouvir relatos de boa vida. O gajo nem me ouvia a falar, ficou compenetrado com a minha má sorte de emigrante. Isto foi por altura do primeiro Big Brother. Não deixei de achar engraçado ele repetir vezes sem conta “é como na tropa” como o concurrente Telmo o fazia.
Isto foi tão gritante, que não pude deixar de extrapolar esta conversa. Imaginei a continuação dela:
- Lisboa é uma cidade maravilhosa, o que andei eu estes anos todos a fazer no Porto !!
- È lixado não é?
- Bolas, nestes 8 meses em Lisboa, já comi mais gajas do que em 20 anos no Porto. Tenho 3 namoradas e não sei qual delas é a mais boa.
- Lá está, é como na tropa.
- Abri uma casa de comércio com um gajo e esta cena deu tanto que já estamos a pensar em abrir mais duas.
- Roer roer, é como na tropa.
- Os ares de Lisboa fazem maravilhas!
- Olha, deixa lá, um dia hás-de voltar para a tua terra. É a vida.