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Como toda a gente, acho a inveja uma coisa muito feia. Dos 7 pecados mortais é aquele que não se aceita, nem por nada (todos os outros até são qualidades de grande macho :-). Ninguém quer admitir, nem a si próprio, que sente inveja. É um grande sinal de infelicidade, fraqueza e mau carácter. A regra tem lógica: quanto menos satisfeito com a sua vida e consigo próprio, menos sentirá inveja. Quem está de bem com a vida, não é vitima desta doença.
Há umas semana ouvi, por alto, um debate na rádio, cujo tema era a inveja. Curiosamente, todas as internvenientes eram mulheres. Fiquei deveras surpreendido em como elas aceitavam a inveja como uma coisa perfeitamente natural na génese humana. Gostei, sim senhor. Com a imagem que criaram da doença, ao anunciarem o debate, devo ter imaginado uma peixarada de pessoal a cortar a torto e a direito nas estúpidas das pessoas que sentem inveja, e como a inveja é o maior pecado nacional e essas tretas e clichés todos.
A pequena parte que ouvi da discussão foi diametralmente oposta. Aquilo parecia uma tertúlia com elevação, na qual se analisava um sentimento humano natural, como outra paixão qualquer. Fez-se luz.
No passado, identifico episódios onde senti inveja, onde senti uma inveja aguda, onde me deu um ataque raivoso de inveja. Eu devo sentir inveja hoje de alguém, até a um certo ponto, mas não estou para aí virado para aprofundar o quanto e porquê. Mas desconfio de quem seja. È feio, pois é, por isso tento não pensar nisso, tento não sentir. Cruz credo. E quanto aos episódios, foram muito tristes, o que vale é que acabo por dar o desconto a este pobre diabo com a promessa que da próxima vez ele vá ser mais maduro.
Também já fui alvo de inveja, aquela de que me apercebi. Não é imaginação, sente-se no ar, sente-se no olhar.
A inveja mesmo feia, a nefasta, é aquela que deseja e até fomenta a desgraça da pessoa invejada.
Certa vez tive um chat interessante com uma brasileira. No Brasil a inveja é uma coisa mais que positiva. Invejar é equivalente a admirar, a desejar. Se você inveja o curso superior do seu amiguinho é porque deseja ter um também, o que é bom. Ao que nós chamamos cá inveja, acabei por descobrir, eles lá chamam de ciúme. Sentir inveja é muito legal, ciúme é que não tá com nada. Pelo menos, estes conceitos devem pertencer a parte do Brasil.
Inveja e admiração leva-nos ao invejoso mais famoso da cinegrofia: o Antonio Salieri do filme “Amadeus” de Milos Forman. O que achei super-interessante nesse filme, foi esse gajo que inveja o Mozart de morte, pela genialidade da sua música, ser o que mais a admira e a sabe apreciar.
De resto, os cinéfolos podem constatar que quando a inveja bem à baila na ficção, ela, muitas vezes, é retratada com a maior das naturalidades. Bem... as pessoas não falam mesmo como nos filmes e séries, embora devessem muitas vezes, está lá o modelo.
Nos filmes e séries, os personagens têm a hombridade de assumir as suas fraquezas, nem que seja a mais que condenável inveja.
A Ruth de “Sete Palmos de Terra”, tem uma pequena discussão com a irmã. A Ruth casou muito nova, com o primeiro homem que namorou, e teve 3 filhos. A irmã foi uma hippie alegre durante toda a vida, nunca se casando ou tendo filhos. Na competição de irmãs, a Ruth enerva-se, com a lágrima no olho e desabafa:
- Mas tu divertiste-te mais do que eu!
A Irmã comove-se, e como que a abraçando, em reconforto, explica-lhe que não tem tanta razão para a invejar, pois ela sofreu por não ter conseguido ter filhos.