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Confesso que me sinto um grande insensivel ao pé de toda a gente. Ele á a quimica, a adrenalina, o figado… não sinto nada disto.
Há uns anos atrás, por volta do ano 1994, começou a ser moda a adrenalina. O pessoal começou a sentir a adrenalina a torto e a direito.
- Ei pá, a adrenalina… gosto de sentir adrenalina…
Só dava para dizer:
- Sorry, I don’t feel the same.
Ou seja, mas eu sou um raio de um amorfo ou quê? Para quando a minha primeira experiência com a adrenalina? Não sinto nada disso. Será que o meu organismo tem alguma insuficiência? Será que devo consultar um médico, fazer análises ao sangue?
Também se começou a falar muito das hormonas. Eu até suspeitava de quando estava com mais cio, mas não sentia as hormonas a correrem pelo meu corpo.
A Quimica apareceu antes da adrenalina, acho eu.
- Desculpa, é uma questão de quimica, e não há.
Bolas, ser rejetiado desta maneira parece uma coisa um bocado imbecil. Já agora, podia responder:
- Que engraçado, eu também não. Não sinto quimica nenhuma por ti. Zero. Niente. Sinto tesão, apetece-me dar-te uma traulitada, mas quimica… não. O que é isso?
Aliás, esta história da quimica tem as costas largas. Quando uma pessoa não cumpre os nossos minimos de beleza e boazeça, arruma-se a questão e é politicamente correcto dizer que não há quimica. Em vez de dizer
- És feia como ó caraças, não me dás tusa nenhuma.
Alguém facilitou o meu trabalho e teve compaixão pelos menos adaptados, criando o conceito da quimica.
- Eu até queria. Mas não há quimica. O meu corpo não segrega. Que queres que te faça?
Uma vez fiquei a cismar com o meu figado. Um colega meu dizia que beber um sumo de laaranja era um autêntico bombardeamento ao figado e até lhe custava quando me via a beber um. E chegou mesmo a afirmar:
- Bolas meu, até sinto o meu figado….
E eu não sentia nada. Será que o meu figado está a ser cortado em postas e eu não sinto sequer uma aziazita? Mas isto é mau, muito mau! Daqui a bocado estou a apanhar no cú e nem noto.
Fármacos. Poucos farmácos tiveram efeitos em mim, e experimentei vários. Uma vez fui fazer uma endoscopia (à qual eu chamo o exame gargante funda) e tinha que tomar uma pastilha anestesiante. Avisaram-me que aquilo era dose. Realmente, na sala de espera estava lá uma gaja com uma paulada que teve de ser ajudada para ir até à sala do exame. Não se conseguia pôr de pé. Eu fiquei à espera que aquilo batesse, mas nada. Absolutamente nada. Já pareço o pardal na anedota dos abutres:
- Então, está a bater ou quê?
- Eu não sinto nada.
Yoga. Já andava há uns bons meses no Yoga, quando a professora e as minha colegas me perguntam se eu já me sinto melhor, se me sinto diferente. Não. Nada. Gosto apenas de praticar. Bolas, era suposto sentir alguma coisa?
Uma amiga minha descansou-me contando que também tinha andado no yoga e não sentia nada. As colegas dela eram grande entusiastas, e ela passava por ali apática (por sinal uma amiga minha com um extraordiário sentido de humor, e uma boa disposição). Anda por aí muita tesão de mijo?
O cúmulo destas sensações e aqui eu já dúvido, é aquela personagem no filme do Spike Lee “She Hate me”, que sente o preciso momento em que se dá a fecundação do óvulo pelo espermatozoide.
Também, fantástico foi num concerto de dois palestinianos, um virar-se para a plateia e dizer uma coisa como estas:
- Eu consigo sentir o coração de cada um de vós.
Gente como eu nunca irá sentir um chamamento de deus, uma aparição, uma premonição, uma visão, uma epifania sequer. Nada.
Depois dizem que este mundo está muito materialista.