Há uns fins de semana atrás, a revista do DN e JN trazia um artigo que falava sobre cuidados com as crianças até aos 3 anos. Segundo o artigo, 70% das crianças até aos 3 anos, não vão para a creche. Os pais preferem-nos ter em casa. Alguém fica a tomar conta deles, a mãe, os avós, alguém da familia.
Bem, pessoalmente conheci muitos casos de pais que confiam o seu bébé ou criança a uma “creche caseira”. Creche caseira é uma casa de uma senhora, em que ela mete 4 ou 5 crianças lá dentro e toma conta deles. A grande vantagem para os pais é que deve ficar mais barato que uma creche privada e pode ter a vantagem de ficar mais perto de casa. Pelo que vi e ouvi, fujam a 7 pés desta opção. Além das 2 supostas vantagens, só tem inconvenientes. Só poderia valer a pena se a senhora fosse da nossa plena confiança, a casa fosse super-asseada, com muito espaço e brinquedos… ou seja, a senhora teria que ser formada em educação infantil e ser amante da sua profissão.
Vi uma situação em que a senhora tinha em casa as suas 4, 5 crianças e inclusivé um cão e gato domésticos. Bestial. Ela já devia estar a ver ao longe: o papel afectivo de um animal nas crianças.
Nem pensem nesta solução, a não ser que vivam a 100km de tudo. Há creches do estado ou comparticipadas pelo estado, conforme o rendimento per capita do agregado familiar, como por exemplo as creches da Santa Casa da Misericórdia. O problema é que as pessoas com menos formação são as que possuem mais preconceitos. E podem achar que uma creche do estado é de fraquissima qualidade, mal frequentada e… claro, não servirá para os seus tesouros, embora eles tenham nascido num seio em que seria suicidio pagar 300 euros por mês de creche. São os que se podem chamar de pobres snobs, ou, se souberem de expressão melhor, digam.
Voltando ao artigo, ele corroborava nessa opção dos pais Portugueses, pois os especialistas defendem que uma criança, nos seus primeiros anos de vida, idealmente deve ser criada pelos pais ou familia. Deste modo criam laços afectivos com os pais ou familiares – os que cuidam deles.
Na realidade muitas pessoas, isso nem chega a ser opção. A única opção é trabalhar e não há avós, tios, madrinhas para tomar conta do bébé.
Agora eu pergunto: ora bolas, mas para criar laços afectivos é preciso estar a olhar 24 horas por dia para as crianças?
Será que (todos os dias!) dar-lhes biberão de manhã, trocar a fralda, passar uma hora com elas, ao fim da tarde, dar-lhes banho, dar-lhes a pápa, trocar-lhes a fralda e estar com eles 2 horas, não criará laços afectivos? E passar todo o dia com elas ao fim de semana? Ou seja, 2 dias inteiros em cada 7, não sei se os psicologos estão a ver esta estatistica.
Por outro lado, eu (e muita gente) tenho a teoria que os bébés são como nós, mas só que mais bébés. E nós somos uns seres um bocado dados à saturação. Em contacto com as mesmas situações, por exemplo diariamente, acabamos por nos saturar em maior ou menor grau. E sentimos necessidade de espairecer, desopilar. Quem consegue viver com a sua alma gémea, 24 horas por dia durante 3 anos, sem se saturar?
Do mesmo modo, acho que é refrescante os bébés irem para a creche. Conhecem novas pessoas, criam laços afectivos com as educadoras, se estas forem amorosas (cabe aos pais avaliarem), vêem outros bébés, estão noutra sala, vêem outras cores, ou seja: vivem mais!
E já estou a ver os meus bébés a rejubilarem:
- Ei, Ei! Ainda não fiz um ano e além dos laços afectivos que criei com o meu papá e mamã, também já criei laços afectivos com as 3 educadoras da sala dos bébés!
Esta questão das crianças até aos 3 anos e a frequência ou não de creches é de facto pertinente.
O que resulta para umas crianças pode não resultar para outras.
Eu tenho os pais e os sogros perto de casa e disponíveis para ficar com os netos e não optei por isso em nenhum dos casos, pois não me pareceu ser a melhor opção para os meus filhos.
Mas com esta minha opção, surgiu-me uma dificuldade, encontrar um sitio, confiável, com boas condições físicas, com profissionais competentes, a um preço que pudesse suportar e com vagas.
As creches estatais, são óptimas (em todas as questões que frisei), mas vagas, nem vê-las. Primeiro entram os filhos dos amigos e familiares dos funcionários, depois, se sobram vagas, entram aquelas crianças que vêm de situações familiares, que não podem mesmo ser recusadas. No final, não há vagas para mais ninguém. As creches da Santa Casa da Misericórdia, também são óptimas , mas o processo de entrada é em tudo igual ao das creches estatais.
Depois, há as outras, as privadas. E aqui, temos dois tipos. As boas, e que são caríssimas Preços verdadeiramente proibitivos para a maioria das pessoas. Nas más, o preço é mais baixo, mas depois há o resto. E mesmo assim, em todas elas há o problema das vagas.
No fim sobram as tais creches caseiras... que tal como dizes no texto, são para esquecer.
Claro que isto tudo, se passa se como eu, morares num meio urbano nos arredores de Lisboa . Porque no resto do pais, e no interior principalmente, consegues vaga com alguma facilidade numa creche estatal ou da Santa Casa da Misericórdia.
No meu caso particular, ambos os meus filhos frequentaram, creche, jardim de infância e ATL , da Santa Casa da Misericórdia, mas só entraram porque uma prima do meu marido é lá educadora, senão não teriam entrado.
E só mais uma coisa... quanto ao valor das mensalidades que paguei lá, nem por isso eram muito baratas, pois tanto eu como o meu marido trabalhamos por conta de outrem e temos que declarar a totalidade dos nossos rendimentos. Mas havia lá meninos, cujos pais trabalhavam por conta própria e que tinham um nível de rendimentos muito superior ao meu a pagarem 1/5 do que pagava. Mas isso já são outros 300.
De
antiego a 29 de Outubro de 2009 às 15:25
Obrigado, grande testemunho, o seu.
Realmente acho que foi ingenuídade minha, quando falei das creches caseiras. Não pensei na possibilidade de não haver outra opção, por falta de vagas.
È que conheço gente que foge a 7 pés das creches do estado porque só páram lá ciganos e pretos. Até pensei que essas pessoas tiveram a hipótese e a desprezaram.
Sim, eu estava longe da realidade, e este comentário ajudou-me muito.
Sempre ouvi falar da falta de vagas e como tivemos a sorte de conseguir colocar os nossos filhos na creche onde queriamos (sem ver outras) esqueci-me dessa dificuldade.
Mais uma razão para ver a imensa sorte que tenho. Como disse noutro post atrás, uma creche da santa casa aceitar os nosso filhos foi a sorte grande que nos saiu.
De
EU a 29 de Outubro de 2009 às 22:15
olá!Eu tenho uma filha q está numa creche "semi "-privada, não pago nenhuma fortuna, e acho q as crianças devem frequentar um jardim de infância desde cedo, para não haver um choque mais tarde, sou um bocadinho "anti " amas, porque acho q pode ser um risco a nível de "falta de paciência " que essas senhoras costumam ter... Mas não posso deixar de "criticar" um ponto de vista seu, o facto de ter gato e cão, qual é o mal??? não consigo entender... acho q não há mal nenhum em se ter animais... eu tenho um gato e dois cães e a minha filha nunca foi mordida ou arranhada, ou nunca teve qq espécie de alergia ao contrario de muito meninos q nunca tocaram num cão... Secalhar é aí q o problema reside, nas paneleirices " q os pais de hoje em dia têm com os filhos... nunca houve tanta alergia como há hoje em dia, em crianças, porquê??? Concordo com quase tudo que tem no post , mas essa dos animais, a mim, particularmente, enerva.me ...
De
antiego a 29 de Outubro de 2009 às 22:35
Não tenho nada contra que os pais tenham animais de estimação em casa. Sou é contra uma ama que tem de ter olhos para 5 crianças com 2 animais de estimação em casa. Sobretudo quando vejo um gato a aproximar-se de maneira imprevisivel a um berço e ela sem a minima de preocupação. (E até ouvir mais tarde contarem-me que certa criança foi mordida nessa casa. Tomará)
Nao sei nao...a minha filha tem 14 meses e doi me a barriga so de pensar o dia que ela ir´´a para o infantario...embora sinta que ´´e o melhor para ela, pois adora estar com outros miudos.
Os psiquiatras devem estar a falar do melhor para as mae e nao para os filhos lol
De
antiego a 30 de Outubro de 2009 às 10:17
Eu acho que um ano inteiro com os pais deve chegar.
e quanto aos animais eu axo muito bem que os miudos tenham contacto com toda a especie de bixarada inofensiva...eles tem de ganhar defesas sem ser com as porcarias dos actimels e essas coisas que os pais costumam dar, e q axam muito estranho os miudos estarem sempre doentes mesmo tomando os iogurtes e as vitaminas "milagrosas"...
eu pessoalmente nao quero animais em casa, mas incentivo a minha filhota a dar festinhas aos animais de estimaçao dos amigos
De
antiego a 30 de Outubro de 2009 às 10:14
Sim, acho que é muito importanet cultivar o afecto.
De Rita a 30 de Outubro de 2009 às 14:54
Tenho a minha criança numa creche da Santa Casa desde os 6 meses. (Agora já tem 5 anos)
Desengane-se quem pensa que a qualidade das instalações e do serviço prestado é fraca. Já vi "escolas" para o mesmo efeito pelo dobro do preço e um terço da qualidade.
Não tenho mesmo nada a apontar.
De
antiego a 30 de Outubro de 2009 às 21:16
Fico contente por saber isso. Mais um bom contributo para este tema.
De
mimi a 30 de Outubro de 2009 às 15:06
"Há creches do estado ou comparticipadas pelo estado, conforme o rendimento per capita do agregado familiar, como por exemplo as creches da Santa Casa da Misericórdia."
Haver há...sem dúvida...eu inscrevi o meu em 7 ( zona geográfica) e só entrou passado 2 anos...agora pergunto, " piquinhice " à parte, quem não tem a quem deixar as crianças e não pode de forma alguma pagar balúrdios em infantários privados...faz propriamente o quê?
Na freguesia onde resido há 1 sala de jardim de infância para um universo de mais de 10.000 habitantes, precisarei dizer mais ?
Também eu já ouvi histórias de amas assim e assado, colégios onde as auxiliares isto e aquilo...mas o grave , não é colocar na ama, ou ter dinheiro para o colégio...o grave é a inoperância estatal e a sua capacidade de resposta...
Hoje em dia, poucos são os pais que poderão optar por ficar em casa, tendo um só conjuje a trabalhar...eu nunca o podería fazer! Mas a quem o possa....maravilha, ainda que os baixinhos precisem de outras coisas que não a "barra da saia da mãe" o tempo todo.
De
antiego a 30 de Outubro de 2009 às 21:20
É indecente o que estado não faz pela famllia. Mas cfecjes estatais são precisas. Aliás,o uma da bandeira do estado é que o ensino é gratuito. Mas só a parir dos 6 anos... que palhaçada.
É de estranhar que Portugal tenha das mais baixas natalidades da Europa?
De Tatiana a 31 de Outubro de 2009 às 19:59
Lamento discordar da quase maioria das opiniões. Tenho 1 irmão mais novo que foi para uma ama com 4 meses, saiu de lá com 18 meses apenas porque numa creche onde tínhamos uma pessoa amiga existia transporte que vinha buscar e levar as crianças, o que nos dava muito jeito visto ser eu que ficava com André á saída da escola e não ter carta de condução na altura. Ele foi extremamente bem tratado, hoje tem 15 anos e quando vê a ama é uma festa!
De qualquer maneira, também não nos arrependemos de o colocar numa creche, pois teve oportunidade de conhecer muitas mais crianças com diferentes personalidades e assim crescer sabendo moldar-se...ou não eheh
É uma questão de prós e contras, e ambas as situações tem critérios das 2 espécies .Digo eu...modesta opinião .
De
antiego a 31 de Outubro de 2009 às 20:45
É uma história feliz, fico contente.
Não percebo é em que é que discorda.
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