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Consultando este documento pdf:
Para quem não sabe para o que serve o coeficiente conjugal, lê-se:
O Coeficiente familiar funcionaria do mesmo modo: dividir a soma pelo coeficiente familiar, e após aplicar a taxa de IRS resultante, voltar a multiplicar pelo coeficiente familiar.
Os franceses cometem esta loucura (lendo na mesma página):
<< A solução poderia ser, à semelhança da opção francesa, definir um coeficiente familiar que resultasse do número de elementos que constituem o agregado familiar. A título de exemplo refira-se o actual sistema de tributação francês: para efeitos de determinação da taxa, o rendimento tributável é dividido por um certo número de partes da seguinte forma: por um se for um só sujeito passivo, por dois se se tratar de um casal sem dependentes, por 2,5 se o casal tiver um dependente, por 3 no caso de dois dependentes, e por 4, 5, 6, etc se o casal tiver a seu cargo 3, 4, 5, etc dependentes. >>
Para começar, nem é preciso tanto. Porque esta merda iria dar um rombo do caraças no pobre estado português, inibindo a criação de muitos jobs for the boys.
Vamos imaginar que o estado português define como meta que cada casal tenha 3 filhos. O IRS apoiará o casal até aos 3 filhos e depois deixa o casal por sua conta e risco, para o resto dos filhos. Em caso de o casal ter mais de 3 filhos, sempre sobram os restantes apoios, como a segurança social.
Em vez de definir, como no caso francês, que cada filho representa a soma de 0,5 no coeficiente familiar, que sejam 0,1 apenas. E como o estado só apoia até aos 3 filhos, o máximo coeficiente familiar seria apenas 2,3.
Só isto seria muito mais justo e sensato que a palhaçada do coeficiente conjugal do CDS (ver post anterior). Aquilo é uma farsa, não é nenhum coeficiente, é uma simples percentagem.
Seguindo a tabela de escalões de IRS de 2008.
Rendimento colectável |
Taxa |
Parcela a abater |
Menos de 4 639 € |
10,5 % |
- |
4 639 € a 7 017 € |
13,0 % |
115,97 € |
7 017€ a 17 401 € |
23,5 % |
852,77 € |
17 401 € a 40 020 € |
34,0 % |
2 679,86 € |
40 020 € a 58 000 € |
36,5 % |
3 680,36 € |
58 000 € a 62 546 € |
40,0 % |
5 710,39 € |
62 546 € e mais |
42,0 % |
6 961,31 € |
Dê-mos como exemplo uma familia com marido, mulher e 3 filhos.
1º Rendimento = 1000 euros brutos cada um ó 28 000 € anuais.
Precisamos de deduzir as contribuiões para a segurança social para atingir rendimento colectável, que são 11% do salário. 28 000 – 3 080 = 24 920.
Como o coeficiente conjugal é 2, dividimos o valor por 2:
1) 24 920 € : 2 = 12 460 €
2) Aplicar taxa de IRS => 12 460 * 0.235 (23,5%) = 2928,1 (ver na tabela, em que valores está compreendido o nosso valor calculado).
3) Subtrair parcela a abater => 2928,1 – 852,77 = 2075 €.
4) Multiplicar de novo pelo coeficiente => 2075 x 2 = 4150 euros.
Este é o valor que a familia pagaria de IRS, o que é igual a que um casal sem filhos pagaria.
Seguindo o coeficiente familiar = 2,3 (1 por conjuge e 0,1 por filho):
1) 24 920 € : 2,3 = 10 834 €
2) 10 834 x 0.235 = 2 546
3) 2 546 – 852 = 1 694
4) 1694 * 2,3 = 3 896
A diferença entre o anterior 4150 e 3896 é 254 euros. Dividindo por 14, dá 18 euros a mais por mês no salário.
Bem, isto foi mais para ensinar quem não sabe calcular o IRS, a fazê-lo.
O que interessa aqui é que há uma maior justiça e razoabilidade na cobrança de impostos atendendo ao rendimento per capita, do que um que não tem em conta o número de pessoas que vive á custa desses rendimentos.
Dentro do IRS, como se poderia ir buscar o dinheiro perdido pelo estado? Aos mais ricos. Baixar os limites inferiores dos escalões maiores e quiça criar uma taxa de 45%. É caso para um grande estudo estatistico e matemático, a nivel nacional.
Bem, na verdade, agora que vejo bem as contas, neste sistema francês, o que proponho, quem ganha mais vai acabar por beneficiar mais. Mas isto é que é um verdadeiro coeficiente !!!
Isto da natalidade, da familia e de criar filhos pode ser visto na perspectiva desta página do CDS. Não concordo com o coeficiente familiar do CDS, mas concordo com o conceito coeficiente familiar.
Trata-se de fortalecer a classe média, não a penalizando na natalidade.
Nos depoimentos da página do link referido, pode-se ler o texto de André Ribeiro de Faria, que começa com as seguintes linhas:
<< Para a maioria dos casais, é um custo de oportunidade ter filhos. Ou porque deixam de ter dinheiro para consumir, tempo para fazer outras coisas, em suma, é um projecto de vida. Como tal o aspecto cultural tem muita importância na gestão da vida familiar de um casal. Curioso seria verificar que é nas classes mais baixas que a natalidade é maior, ou seja, o problema nao é exactamente financeiro mas sim de custo de oportunidade, que para um casal de classe média é substancialmente maior. >>
O estado não desejará incentivar em demasia a natalidade entre casais que não tenham condições para criar e educar crianças. Isto, sob o risco de proliferarem Frank Gallagher’s. Ou seja, pais absolutamente irresponsáveis que nunca deveriam ter procriado, e cujos filhos vivem à sorte da seleção natural (como ele defende), sendo apenas apoiados pela segurança social.
Frank Gallagher é uma personagem ficcional da série britãnica Shameless, que na 5ª temporada, tem 6 filhos da sua mulher, 2 filhos de uma namorada posterior ao casamento, e actualmente a sua mulher está grávida do 7º filho. O cromo é desempregado, tem horror ao trabalho (nem o procura), vive da segurança social e passa todos os dias bêbado no pub da zona. Os filhos que se desenrasquem, é a lei da vida.
Para gente como Frank Gallagher, não há muito a perder na vida. Ter filhos ou não ter, não vai alterar nada o seu estilo de vida. Aliás, naquele bairro da série, ter filhos representa mais dinheiro da segurança social.
Mesmo para um casal com um rendimento apreciável de 2 mil euros limpos por mês, ter um filho pode significar ter que comprar um apartamento de 70 m2, em vez de um apartamento de 100 m2. Faço questão de apontar a ironia desta decisão: considerando ter um filho era suposto ter mais espaço em casa, e é quando temos que ter menos.