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Quando me refiro a mimar, não me refiro a dar afecto ou afecto excessivo. Mimar uma criança é dar-lhe uma educação em que não há limites, não há castigos, até poder chegar ao ponto em que até as suas asneiras podem ser correspondidas com festinhas.
Conheci o caso de um homem muito macho do norte que primeiro teve uma filha, e depois lá teve o seu filho barão. Regra nº1 – ninguém podia deitar a mão ao miúdo. Eu acho que isto é meio caminho andado para fazer um macho dos melhores.
A sua irmã resumiu bem o efeito, 35 anos depois:
- Ninguém lhe pôs a mão, e agora ele põe a mão em toda a gente.
Os pais ganharam um autêntico terrorista em sua própria casa.
Encher um filho de mimos? Sim, quantos mais melhor. Mas enchê-lo de regras também.
Pode-se ver na Wikipédia, que o meu actual actor cómico favorito, o Robert Webb, foi altamente mimado quando era criança. Como a expressão em inglês é “Hugely Spoilt”, eu penso que eles se estão a referir ao meu conceito de mimar. Por outro lado espero que o mimanço não tenha sido ilimitado, como o 1º caso que referi.
E eu logo pensei, se um alto mimanço produz um actor cómico fabuloso, mimar não pode ser assim uma coisa tão má.
O gajo foi tão bem tratado e acarinhado, que a sua boa disposição permaneceu até à idade adulta. O gajo ganhou reservas de afecto para uma vida inteira. Ou será que este talento é puramente genético? Será que ele a cada a asneira que fazia, desarmava as pessoas com a sua graça e toda a gente perdia a coragem de lhe bater, desfazendo-se em riso?
Quando tinha 11 anos entrei num campeonato de futebol de mesa. Não tinha jeito nenhum para aquilo. Mas o meu amigo era candidato ao pódio, os únicos que davam direito a uma taça. O campeonato era organizado pelo pai dele. Quando ele chegou à discussão pelo 3º e 4º lugar, perdeu o jogo. Desatou num pranto de choro. Estava inconsolável.
O pai arranjou maneira de arranjar uma taça para o 4º lugar. Ele ficou todo contente. E a taça do 4º lugar até era muito melhor que a taça do terceiro.
Eu achei aquilo uma palhaçada monumental. Além disso, já com aquela idade, eu no lugar dele não tiraria satisfação nenhuma. Preferia ter ficado em 3º lugar e não ter qualquer prémio.
Aliás, eu nunca tive prémios alguns. Comentário do meu pai quando viu os meus 5 cincos, 2 quatros e 2 três do primeiro ano do ciclo, com um ar muito sério:
- Tens que melhorar a português.
(pronto, já sabem porque dou tantos erros ortográficos).
Eu nem fiz caso. Eu estava satisfeito era de ter tirado aquela fartura de cincos. A propósito, esse meu amigo reprovou com 4 negas.
Ainda hoje estou para saber qual o resultado destas 2 educações antagónicas. De um lado, eu não recebia nada, era um excelente aluno, completamente independente, hiper-responsável, e a mim só me parecia que eu apenas estava a cumprir com a minha obrigação. Também não recebia muita atenção. Uma vez até foi a mãe do meu amigo que fez um aturado curativo a várias feridas que eu tinha na cara, feitas num jogo de futebol. Eu já há uns bons dias com visiveis feridas na cara, coisa que passou despercebida à minha mãe, que tinha mais 6 filhos. A mãe do meu amigo pegou em mim, e tratou das feridas.
Qual o resultado? Aos 16 anos o meu amigo era bem mais maduro do que eu. Era mais desenvolto socialmente, mais espertalhaço. Mimanço, a este nivel, não torna as pessoas infantis. E as coisas esbatem-se com o tempo.
Ele era um mau-carácter, eu era um gajo mais sensivel. Se calhar a falta de atenção torna as crianças mais sensiveis.
Ele era mais feliz.