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Segunda-feira, 25 de Outubro de 2010

Rub it in

Para dar resposta a milhares, incluindo esta bloguista que escreve:

 

<< Expliquem-me onde é que os homens (ou as mulheres, talvez também se aplique) aprenderam que falar sobre um assunto é mau, que se deve fingir que nada aconteceu e continuar a relação como se fosse do ponto 0? >>

 

Se juntarmos numa só pessoa o hábito de cismar, o gosto por falar (fala bem não olhes a quem), uma mente complexa, uma forte perspectiva egocêntrica, uma certa insatisfação crónica… neste caso, nada passará em branco. Tudo terá que ser forçosamente analisado até ao ínfimo pormenor.

 

Enquanto há assuntos que devem ser discutidos e sobretudo, clarificados, há outros que só servirão, no melhor dos casos, para exercitar os maxilares.

Há acontecimentos desagradáveis aos quais não se deve dar muita importância. Há assuntos que, falar sobre eles, só os podem piorar.

 

Os anglófonos têm uma expressão para esta ideia. Quando aparece um chatarrão a invocar um assunto desagradável, a reacção que poderá obter será:

- Don’t Rubit in!

Ou seja: não venhas com essa conversa de merda que só vais piorar as coisas ao trazer o assunto de volta.

 

Como a identidade do Português é a Saudade, o português adora chafurdar no passado, e por via fadista, quanto mais triste e traumático, melhor. O Português apega-se à idiotice da psicologia que dita que falar de experiências traumáticas é a melhor coisa para curar a nossa alma. O melhor amigo do português é o velhinho Freud.

 

Com mil Tretas, estudos mais recentes demonstram que as pessoas que melhor superam verdadeiros traumas foram aquelas que os recalcaram. Aquelas pessoas que tinham por hábito invocar os seus traumas, eram aquelas que mais sofriam com eles.

Ou seja, “O psicólogo é aquela pessoa a quem pagamos para falar de coisas que nós pagaríamos para esquecer”.

 

A questão é simples: vale a pena pensares nisso?

Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010

Blogosfera Desperdiçada

            Estou com uma imensa pena do desperdicio que é a blogosfera.

 

            Temos aqui um espaço único de sermos mais autênticos, mais nós próprios, mais humanos. Um espaço único para fazermos uma terapia à séria e assim evoluirmos.

 

            Tudo isto é deitado ao lixo. Ao contrário, isto torna-se um espaço de vaidade asquerosa, de alter-ego, de ainda mais falsidade do que aquela que usamos no dia-a-dia.

 

            A grande vantagem que eu via nos chats era aquele romantismo de primeiro conhecermos o interior da pessoa e só depois o exterior. Os chats têm aquele dom de nós podermo-nos mostrar mais como nós somos. Ao não sermos intimidados pela presença e pelo rosto da outra pesssoa, podiamos falar mais abertamente de nós próprios.

            Esse era o encanto dos chats. Começarmos a teclar com uma pessoa, e passados 3 minutos já estavamos a falar de um coisa tão intima que só contariamos a pessoa conhecida na vida real,  depois de conviver com ela meses, estar apaixonado ou com uma grande bebedeira.

 

            Ao escrevermos num blog sobre nós, podiamos ir mais fundo e escrevermos sobre o que realmente somos. Sobre as nossas coisa mais únicas, as mais inquietantes, aquilo que nos mói o juízo, os nossos pensamentos menos politicamente correctos.

 

            Mas não, encontramos aqui um espaço para nos engrandecermos ainda mais, para sermos ainda mais perfeitos como senão bastasse a perfeição que já demonstramos ao nosso circulo social.

            E alguém pode ser feliz a fingir? Claro, toda a gente pode ser feliz na ilusão.

 

            Como já disse aqui, eu próprio caí no pecado da vaidade e divulguei aos meus amigos que tinha um blog. Já não tenho tanta liberdade como teria.

            Ainda assim vou fazendo um esforço para descer debaixo do perfeito que eu sou.

Sábado, 21 de Novembro de 2009

Temas para Posts

            Já referi aqui as enormes potencialidades que tem um blog, o que pode trazer a mais que nenhuma outra publicação traz. Referi isso no post O Verdadeiro Blog.

 

            Os bloggers podiam ver os eu blog como um espaço de partilha. Parilhar as suas ideias, as suas histórias, a sua vida. Partilhar até coisas que nunca partilhou com ninguém, por prezar a sua intimidade. Aquelas coisas que nem ao nosso maior amigo contamos, nem ao nosso querido confidente. Porventura algumas coisas que nem um psicologo.

            Mesmo com o nosso melhor e mais querido amigo, aquele com quem nos sentimos completamente à vontade, nós temos uma imagem a manter. Sabemos que com aquele não podemos contar certas coisas porque ele pode fazer juizos de valor ou mal interpretar. Mais tarde até nos pode atirar à cara aquela inconfidencialidade.

 

            Gosto de ver este espaço como uma conversa de mesa de café. Como se estivesse a conversar com amigos, a beber umas cervejas.

 

            Vamos lá, então não têm histórias da universidade para contar? Não têm para contar um cromo com quem namoraram? Não tiveram namorados?

            Uma bebedeira de caixão á cova que apanharam e as figuras tristes que fizeram. Aquele exame em que copiaram. Aquela entrevista em que vocês se enterraram. Aquela entrevista ou exame em que vocês não percebiam nada e safaram-se. You Lucky Day: aquele dia em que vocês podiam ter sido vitimas de uma tragédia e tiveram o maior piço do mundo (piço = sorte, pra quem não sabe).

            Aquela pessoa que vocês ficaram com uma péssima primeira impressão e vieram a descobrir que, afinal, essa pessoa era altamente, até quase uma alma gémea.

 

            Mas não, parece que os blogs são uma coisa mais libidinosa que vivencial.

 

            Tá a parilhar malta, tá a partilhas. Eu tenho vários cromos para a troca neste blog.

Sábado, 17 de Outubro de 2009

Idiota ou mentiroso?

            Quando falei de o Verdadeiro Blog, devo-me ter esquecido de referir que o blog que mais se aproximou deste meu conceito foi o diário de um frustrado.

            Regozijo-me agora ao verificar que o frustrado está de volta, após uns longos meses de ausência. Ele escreve bem e diz umas coisas interessantes. Nesta chafurdice de banalidades que é a blogosfera, foi um blog que me prendeu, porque tem os ingedientes de um Verdadeiro Blog.

            Contudo, acho que ele joga muito na cantiga do coitadinho: “ai, nada me corre bem, só a mim me acontecem estas coisas, já vivi até aos 30 anos o que toda a gente vive até aos 80, estou tão sózinho, sinto-me tão frustrado, as pessoas não páram de me desiludir, que raio de vida, sou um  inadaptado” – só falta terminar com aquela frase lapidar “sinto-me cansado” (da vida). As pessoas curtem ouvir estas coisas. Então aquelas pessoas paternais e maternais estão sempre prontas a escrever uma palavra amiga.

 

            Há algo que não bate certo no meio disto tudo. O Post que mais recordo deste blog, parece uma anedota. Ele está em A foda kafkiana.

            Neste Post, o nosso amigo conta em como recebeu um convite de uma amiga para ir a casa dela, na possibilidade preciosa de dar uma queca. A aventura torna-se numa verdadeira história Kafkiana. No caminho para casa ela encontra todo o tipo de contrariedades, tipo lei de Murphy. Inclusive a peripécia de ir uma farmácia comprar preservatvos (homem prevenido tem duas piças), e ter apanhado uma bicha do caraças e depois o multibanco não funcionava, etc (se calhar já estou a acrescentar um ponto).

            Resultado, chega bué de atrasado, a gaja vem com uma amiga e acabam o serão a 3, a conversar. E tem ele a lata de desabafar, segurindo, que estas coisas só lhe acontecem a ele e tinham que acontecer a ele. Na altura comentei:

 

“Não poderia ter acontecido comigo porque nunca na vida eu iria perder tempo a comprar preservativos, estando atrasado.
Problemas como: "Apalpei-lhe as mamas e agora não tenho preservativos", são aqueles que eu queria ter na minha vida.”

 

            Recordando este post hoje, achei-o mal contado, estranho. Resta-me a dúvida: Ou esta história é uma grande invenção ou o nosso frustrado é um grande idiota. Pois que nem quando escfeve esta história acha estranho um gajo ir comprar preservativos antes de ir para casa de uma gaja com a qual não tem assim tanta certeza de ir ter sexo com.

 

            Volto a repetir: desde quando eu iria comprar preservativos, estando atrasado, antes de ir para casa de uma amiga, com a qual nunca tinha tido relações sexuais e não era certo que o tivesse nessa noite? Mais a mais, nos dias de hoje, se fosse muito provável haver coito nessa noite, o mais provável é que ela própria tivesse preservativos em casa. Se a coisa aquecesse, sexo não é coito, e se aquecesse a ponto de querem o experimentar irresistivelmente, até seria engraçado partirem os 2 juntos à procura das farmácias de serviço.

            Idiota ou mentiroso?

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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

O Verdadeiro Blog

      Frequentemente andamos à procura de um bom blog. Vamos encontrando uns engraçados, com umas piadas.

      O blog que eu acho mais engraçado é o Cispes e Couratos. Tem um excelente sentido de humor, ao nivel profissional. O meu post preferido de sempre é mesmo o seu Alerta Bacalhau!.

 

      O que eu gostava de ver, e acho que acentava que nem uma luva a este formato e conceito de escrita, era o Verdadeiro Blog. Isso é que iria enriquecer verdadeiramente o intelecto e traze algo de realmente novo. Nem precisava de ser bem escrito.

     

      O verdadeiro blog seria aquele em que o autor escreveria sobre o seu mais intimo eu. Já que o conceito inicial de blog é ser um diário pessoal, o verdadeiro blog seria um diário intimo do género que as pessoas (mais os adolescentes) escreviam dantes. Contando os seus pormenores mais e tão intimos que seria um verdadeiro terror descobrirem que o seu diário tinha sido descoberto por olhos alheios.

 

      Já que os reality shows são o maior sucesso, que reality show soberbo não seria um blog destes?

 

      Ver ali escritas coisas inconfessáveis, que toda a gente sente, toda a gente pensa, mas ninguém até a si própria admite. A ciência da psicologia ficaria a ganhar se fosse uma pessoa corajosa que fosse fundo no seu espirito tentanto descobrir o que realmente a move. Que fosse uma pessoa realmente amante da sabedoria, com uma avidez incessante de auto-conhecimento.

      Um amante da verdade e do pensamento.

      Ali, explanados, os pensamentos mais recônditos e idiotas de uma pessoa, as suas mesquenhices, arrependimentos, frustrações, desejos, vitórias, sonhos, medos.

 

      No século XVIII houve alguém que fez uma coisa parecida. Ele foi Nietzsche no livro “A minha irmã e eu”. Este livro tem muito de diário do Filósofo Alemão. Lembro-me que aqui ele conta coisas como:

- Naqueles tempos eu ía muito às prostitutas (…) agora masturbo-me mais que….

      E inclusive conta que quando era pequeno, a sua irmã brincava com a pilinha dele.

 

      As pessoas que têm o seu blog como diário, dizem umas quantas banalidades cotidianas. Como é o exemplo da badmary. A vida é só o que fazem, e nem parece que pensam ou sentem muito.

- Ai, hoje a minha maninha faz anos! Parabéns!

- Hoje vou buscar o meu FIAT 500 ao stand, UAU!

- Hoje continuo cheia de trabalho, por isso não dá para escrever nada.

- As pessoas pensam isto de mim: blá blá blá

- os meus pais fizeram 41 anos de casados.

- Ontem fui ver a bola com o meu gajo.

 

 

      O grande problema é que os bloggers não são pessoas anónimas. Geralmente quem tem um blog, diz aos amigos que o tem. E assim nunca poderá escrever livremente. Eu também limitei-me com esta vaidade de dizer às pessoas mais intimas que tinha um blog.

 

      Estou a ver 2 formas de alguém criar um blog intismista deste género: O solitário que se dedica a escrever sobre os seus pensamentos e memórias. Ou como o ócio e a solidão podem ser terreno fértil para a Filosofia. Ou, aquele que até tem um vida social muito activa, mas cultiva a sua solidão e anónimato num blog. E tendo esta necessidade de solidão, criar assim um espaço de um verdadeiro eu, em que pode dizer livremente o que pensa, e invlusive cortar na casaca de todas aquelas pessoas com quem convive.

 

      Quem quer saber de merdas como a merdamary tem para falar? Só se forem realmente as pessoas amigas.

      Se fores falar de ti e da tua vida, conta as tuas coisas que te fazem mais única, coisas que do teu mais profundo eu. Como se tivesses a falar para o psicologo ou psicanalista.

 

O Verdadeiro Blog, onde está?

 

 

 

Sábado, 9 de Maio de 2009

Vai um Filho ou um Cão?

            Vi um anúncio sobre um programa televisivo sobre a infertilidade, no qual acrescentavam que os casais que não têm filhos são vitimas de reprovação social e sabe-se lá que mais.

            Não consigo compreender porque a sociedade tão maltrata as pessoas que não têm filhos. Até me leva a duvidar que a coisa seja assim tão grave. A única coisa que me leva a acreditar que as pessoas são apedrejadas por não terem filhos, é o movimento anti-"humanos que decidem deixar descendência", que é evidente aqui na blogosfera.

            A teoria é simples: este grupo de pessoas que opta por não ter filhos, fartos de serem humilhados publicamente, revoltou-se à séria e metralham posts anti papás idiotas babados.

 

            A coisa passa-se a nível mundial. Tal como as mulheres foram oprimidas durante séculos obscuros, os celibatários e inférteis (por opção) têm vindo a ser desumanamente menosprezados e espezinhados por esta sociedade preconceituosa. A grande arma da comunicação social contra as mães imbecis, é, como já disse, essa sábia série “O sexo e a Cidade”.

 

Quem não passa pelas coisas, não as sente, logo é incapaz de as compreender. A felicidade alheia incomoda-nos a valer, nem sabemos quanto. Nada parece mais idiota que uma pessoa ser supostamente feliz levando um estilo de vida que nós nunca levamos ou não nos imaginamos a levar. Nada melhor, para nos defendermos, do que depreciar esse estilo de vida.

            Tal como eu não compreendo como as pessoas podem reprovar quem não tem filhos, também quem não tem filhos não compreende o que é os ter. A partir daqui é tudo imaginação, é tudo oco.

            Acham estranho os pais acharem os seus filhos lindíssimos quando eles são visivelmente horríveis. E o amor? Nós, os homo-sapiens, tendemos a ver as coisas tudo pelo prisma dos sentimentos humanos mais mesquinhos – tudo é inveja e vaidade.

            Como dizer a estes childless que é tão simples quanto isto (e não vale a pena inventar a roda) – Quem feio ama bonito lhe parece.

 

            É engraçada a analogia, que se faz entre animais de estimação e bébés/crianças. Essa analogia sempre se fez. Sempre a ouvi mas com o sentido de depreciar aquelas pessoas que adoram animais em detrimento das pessoas.

            Eu não consigo (e nem sei se quero) compreender como uma pessoa consegue adorar cães. Faz-me uma impressão incrível. Como será possível uma pessoa ter um cão num apartamento !!!! Qual o meu remédio? Zombar dessas pessoas. Que estupidez tamanha: ter um cão num apartamento. Será que as pessoas sentem isto que eu sinto sobre aquelas pessoas que têm filhos num apartamento?

            Quem tem filhos, tem-nos para mostrar à sociedade, para o usar como bibelots, como animais de estimação.

            E o amor? Qual amor qual quê! Já sou adulto e maduro demais para não ser cínico.

 

            Meus amigos que não têm filhos e que gozam a vida a valer, sosseguem, não fiquem paranóicos. Nunca vi ninguém ser ostracizado por não ter filhos. O que eu vi, e isso é das coisas mais naturais do mundo, é alguém ser louvado por ter filhos. Porque afinal, ainda há muita gente que gosta de crianças (ou lhes acha alguma graça).

 

publicado por antiego às 04:36
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Segunda-feira, 13 de Abril de 2009

Viva a Blogosfera!

Quanto mais posts e comentários leio, mais gosto da minha cara metade.

música: Beyond Love - The The
Quinta-feira, 9 de Abril de 2009

Anda para aí uma falta de afecto...!

            A blogosfera veio confirmar que, nesta vida, tudo se resume a sexo. A coisa mais importante no mundo é o sexo. De facto, até já li que a internet floresceu devido à indústria pornográfica. A percentagem de ficheiros partilhados, por esse mundo fora, são, na sua esmagadora maioria, videos pornográficos. A indústria do prazer é a principal lesada da pirataria informática.

 

            Ainda se falassem sobre sexo de uma maneira original e autêntica… mas não, é só escarrapachar clichés.

            Já li vários posts a iluminarem os blog-leitores que o grande mal do mundo é a falta de sexo. Eureka! Devem-se ter sentido uns génios ao terem essa percepção aguda que o grande mal estar das gentes é devido a não darem umas quecas, bem dadas.

           

            Coitados, não sabem mais, só sabem de sexo. E tudo gira á volta do sexo, como se fossem adolescentes a iniciarem-se sexualmente ou a fervilharem por se iniciarem. Dizem que é das hormonas.

 

            Há coisas bem mais graves do que a falta de sexo. Está certo que sexo é uma necessidade básica fisiológica. Quem se priva de uma necessidade, seja comer, beber ou ter sexo, sofrerá de forte irritação. De uma maneira, ou de outra, a necessidade sexual se resolve (Já a necessidade maternal se satisfaz com um macho ou o seu sucedãneo). Mas há uma necessidade básica que não é, de maneira alguma, auto-sufciente. E essa é o afecto.

            Podem também fazer outro exercicio de imaginação: emigrante brasileira a viver num país frio, a trabalhar 12 horas por dia, vivendo num quarto em condições paupérrimas.

 

            Para as bloguistas cheias de cio, é só ter sexo e andam o dia inteiro de sorriso de orelha a orelha. Dá para as Imaginar num sketch porno em que o canalizador dá-lhes a chapa 5: Chupa! começa romanticamente de missionário, ela monta-o de costas, ele dá-lhe uma canzana, vai-lhes ao cú e depois vem-se para a cara da gaja, para grande alegria dela.

 

            Há coisas bem mais graves que a privação de sexo e que fazem ou deixam uma pessoa rabujenta e mal-humorada. Elas são a privação de afecto e, tão simplesmente, a privação de sono.

            Para sua imensa sorte, estes iluminados do sexo (em que o sexo é o caminho da felicidade) nunca sofreram daquelas privações, de uma maneira doentia.

 

 

            Já o autor de Chispes e Couratos, diria que:

 

- Anda por aí muita gente com falta de uma boa refeição! Se as pessoas comessem uma bose de lampreia ou tivessem em casa um delicioso presunto caseiro, não andavam por aí rabujentas e antipáticas com os outros.

 

            Ainda me sobra aquela minha longinqua ideia de que um grande problema é o ego. Um ego mal saciado é do camandro. Mas, quem fala em ego fala em afecto? Também.

Sexta-feira, 6 de Março de 2009

A minha vida é demais

            Aleluia, encontrei mais um blog interessante: A Geografia das Curvas. E o artigo “Não twitto”, inspirou mais este post que já tinha em mente escrever.

            “Quando me recordo de algumas conversas com pessoas que consideram os blogs como exercícios últimos de egocentrismo, pergunto-me o que dirão do Twitter”.

            Que raio de interesse podem ter blogs que dizem coisas como:

 

- Este fim de Semana fui à praia.

- Esta semana vou a Londres.

- Estou em Londres.

- Regressei à minha casinha.

- Fui ver o Sporting-Benfica com o meu gajo.

 

            A não ser que sejamos ultra-populares, e hajam 2 mil pessoas a quererem saber os nossos passos, não estou a ver qualquer interesse em um desconhecido saber o que ando a fazer, o que comprei para o natal, se fui a uma festa de carnaval, etc.

 

            Como diz o autor deste post, quando leio blogs egocêntricos como estes, realmente apetece-me escrever coisas do género:

 

            Hoje, lancei uma bufa no meu escritório. Estava sózinho. Mas eis que chega a minha colega. Será que ainda sentiu o cheiro? Ela não disse nada. Nem uma boa tarde. Como devo interpretar este comportamento? Se tivesse dito se calhar era sinal que estava a disfarçar. Acho que devia estar na sua. Se sentiu o cheiro, foi já na parte final. Acho que não chegou quando ele se revelava na sua grande plenitude. Sendo na parte final, pode ter ficado na dúvida. Poderia ser um mau cheiro vindo de qualquer lado. Poderia ser o mau cheiro de um traque da sala ao lado, na sua plenitude, com o seu leve resquicio na nossa sala. E também os lavabos não ficam muito longe. A grande vantagem do arroto em relação à bufa, é que o arroto não tem um cheiro tão intenso e prolongado. De qualquer modo, devo ter mais cuidado nestas situações. Uma vez vinhamos do almoço, e um colega meu deu um traque na passada. Ninguém notou, apenas eu. Claro que não disse nada a nignuém. E realmente, este nosso colega é dos nossos colegas mais tótós. Será que os tótós são aqueles que têm mais apetência para largar bufas, por serem desleixados em relação à sua imagem?

            Tenho outro colega que larga bufas nos lavabos, na presença de todos. Este meu colega é uma pessoa muito respeitável. Não é nenhum tótó, muito pelo contrário. Pelos vistos é aceitável dar-mos bufas quando estamos na casa de banho, de costas, a meio metro de quem está a lavar as mãos. Não sabia.

            Uma vez estavamos a falar, no local de trabalho, ele deu um arroto e disse:

- Perdão.

            Penso que uma vez por outra, muito amiúde, podemos dar um arroto, sermos educados e pedir perdão. Acho que não fica mal. Afinal errar é humano. Mas sendo ele uma pessoa bem vista na nossa empresa, se calhar fica-lhe menos mal um deslize do que a mim.

            Bem, o melhor é evita-los.

Quarta-feira, 4 de Março de 2009

É como na Tropa

            A conversa que vou relatar neste artigo é mesmo veridica e prova como Ninguém Ouve Ninguém, sobretudo se já se tem uma ideia forte na nossa cabeça e essa ideia é aquela que é mais gira, para nós. Ou seja, nós só ouvimos o que queremos ouvir.

            Vem um gajo da cidade do Porto para Lisboa e tiram-nos logo a fotografia:

- É um desterrado, coitado. Emigrou para lutar pela vida e está mortinho por voltar para a sua terra.

            Já andava há uns bons meses na empresa, sem nunca manifestar algo que contribuisse para a imagem de desterrado que muitos conceberam nas suas cabeças, do tipo do Porto.

            Eis que, me dão a oportunidade de falar sobre Lisboa e a minha vida por cá. Um colega de trabalho senta-se comigo a tomar café:

- Então, vais os fins de semana ao Porto, não é?

- Hmmm, vou alguns.

- Pois, é como na tropa.

- No máximo, vou de quinze em quinze dias.

- Sim, é como na tropa.

- Às vezes estou um mês sem ir. Tenho cá grandes amigos, por isso nem estranhei estar em Lisboa.

- Pois, é como na tropa.

- Eu gosto da cidade de Lisboa. É diferente da do Porto.

- È como na tropa.

 

            Enfim, por mais que eu dissesse ao homenzinho, na cabeça dele eu era um pobre desterrado que passava sacrificios em estar no estrangeiro. O pessoal curte largo as desgraças dos outros e por isso não está receptivo a ouvir relatos de boa vida. O gajo nem me ouvia a falar, ficou compenetrado com a minha má sorte de emigrante. Isto foi por altura do primeiro Big Brother. Não deixei de achar engraçado ele repetir vezes sem conta “é como na tropa” como o concurrente Telmo o fazia.

 

            Isto foi tão gritante, que não pude deixar de extrapolar esta conversa. Imaginei a continuação dela:

- Lisboa é uma cidade maravilhosa, o que andei eu estes anos todos a fazer no Porto !!

- È lixado não é?

- Bolas, nestes 8 meses em Lisboa, já comi mais gajas do que em 20 anos no Porto. Tenho 3 namoradas e não sei qual delas é a mais boa.

- Lá está, é como na tropa.

- Abri uma casa de comércio com um gajo e esta cena deu tanto que já estamos a pensar em abrir mais duas.

- Roer roer, é como na tropa.

- Os ares de Lisboa fazem maravilhas!

- Olha, deixa lá, um dia hás-de voltar para a tua terra. É a vida.

 

 

 

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