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“Porque no fundo é a mãe natureza que cura; o terapeuta apenas ajuda.
Não fora a capacidade auto-reparadora do corpo e a auto-poiética da mente, bem estávamos entregues à bicharada e aos demónios; com deuses ou sem eles. A substãncia soma e a qualidade psique constituem um extraordinário produto-produtor – o psicossoma. Cuidemos dele com amor e prazer, engenho e arte; ele nos agradecerá com alegria e paixão. É eexpansivo o circulo virtuoso da saúde a substituir o redutor circulo vicioso da doença.
Na sociedade, é a ultrapassagem do triângulo vermelho da ignorãncia – doença – pobreza do triângulo verde do conhecimento – saúde – riqueza.
Riqueza interior/riqueza de afectos – que é a que importa e dá acesso à beleza e criação.
De facto, ou somos criadores de um universo de cultura ou somos ninguém. Ser é ser para o outro. Não se trata de um principio teológico mas de uma concepção teleonómica”
Prof. Dr. António Coimbra Matos
Artigo da revista Bipolar nº 24, da Associação de Apoio aos Depressivos e Bipolar (ADEB), www.adeb.pt
“Os filósifos misticos definem como verdades dailogais a fé, a esperança e a caridade.
Com esperança no desenvolvimento do homem e acreditando no progresso comunitário, dizendo nós que são três as condições de verdade relacional: entusiasmo, confiança e amor.
Sem entusiasmo, é o vazio; sem confiança, o medo. Sem amor, a depressão. Ou seja: o deserto psicótico, o pãnico borderline e o abatimento depressivo.
Todavia, na origem das três verdades relacionais está o afecto positivo. Sem aposta afectiva do objecto não há entusiasmo no sujeito; sem persistência de afecto, confiança; sem repetido amor oblativo, alegria e esperança.
Então, na origem da dor mental – qualquer que ela seja – está a pobreza afectiva. A depressão – nas suas diversas formas – é, pois, a matriz da psicopatologia.
Na depressão precocíssima – por ausência de resposta emocional primária do objecto – instala-se a retirada psicótica. Assim como na (anterior ou contemporãnea) depressão falhada – por falta reiterada de resposta empática – se organiza a adaptação conformista da patologia alexítimica.
A depressão anaclítica resulta da perda precoce (antes do desenvolvimento da memória de evocação) do objecto de amor – com a consequente ansiedade de separação e vulnerabilidade aos ataques de pãnico.
A depressão introjectiva – ou depressão vera – surge na perda do amor objecto, após a organização da constãncia do objecto interno.
A distimia depressiva ou clássica “ depressão neurótica” revela inconsistência da narcisação da imagem sexuada. É a falha falo-narcísica que está em causa.
Portanto (e repetimo), a indigência afectiva é o lastro da patologia mental
Com ela, no entanto, outro processo e fenómenos psicopatológicos – para além da gama dos acontecimetos depressivos – se desenvolvem e emergem:
. O Sonho falhado: a ausência/insuficiência do sonho – projecto ou sonho-desejo, a queda da esperança redentora.
. Um dos processos compensatórios é a “Embriaguez maníaca – que gera novo e maior vazio.
- A revolta falhada – abortada, silenciada ou amordaçada – da -, sem desenvolvimento da revolução transformadora.
Uma das sequelas é a recursividade psicopática – a antissocialidade.
Mas a falta de amor não é só origem de doença – pessoal e social.
Mesmo quando a doença tem tem uma indicutível base biológica – ou económica – a disponibilidade e solicitude de cuidarores – educadores e gestores -, familiares, amigos, societários e comunidade em geral é essencial, não só para o alívio das dores, como para a melhoria de qualidade de vida e acelaramento da resolução dos males, diminuição dos riscos, evitamento de efeitos perversos dos tratamentos e redução de sequelas.
Quem está melhor pode aumentar o seu bem-estar auxiliando os que sofrem; não é um gasto, é um enriquecimento.
O animal alfa, na espécie humana, não está em posição de maior poder, mas de maior responsabilidade. Não está no topo da hierarquia para mandar mas para servir. O seu privilégio é o de poder de mais e amar melhor. Não o fazer, equivale: como técnico de saúde, a um comportamento filicída; como político, a genocídio.
A responsividade ou capacidade de responder a solicitações do paciente é uma competência do agente sanitário que deve ser treinada e dsenvolvida. A introjectabilidade ou qualidade de ser aceite e gostado pelo outro é uma mais valia pessoal relevante.
No papel de médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social ou qualquer outro técnico de cuidados de saúde é imprescindível ter como lema a precessão e primazia do investimento no paciente. O que quer dizer que a ligação do técnico ao doente deve preceder e ser superior à ligação do doente ao técnico.
A preocupação terapêutica primária pelo bem-estar do paciente corresponde ao mesmo desiderato. Todo o ambiente deve ser facilitador da cura. O ambiente – designadamente, o emocional – é também um remédio; com frequência, o mais importante – sobretudo na patologia mental
Nem só de medicamentos e psicoterapia o doente precisa! A pessoa do técnico é o melhor remédio; as mais das vezes, o médico vale mais por aquilo que é do que por aquilo que faz.
Criar um clima alegre – até lúdico – e de interesse para o paciente é tão importante como o rigor da técnica e da responsabilidade profissional.
A frase emblemática, que se espera ouvir e nos oriente é: “O meu terapeuta é/foi o meu melhor amigo”.
E porque “é a falar que a gente se entende”, saibamos usar o precioso dom que a natureza nos concedeu”
Prof. Dr. António Coimbra Matos
Artigo da revista Bipolar nº 24, da Associação de Apoio aos doentes Depressivos e Bipolares (ADEB)
No Sanatório
Eu reservei um quarto privado
Aonde te podes sentir em casa
Aonde podemos estar sós
Apenas tu, a enfermeira e eu
Num cenário de montanha
Todo o tempo que tiveste doente
A teu rosto pareceu tão pálido
Exausto pela força de vontade
Exausto pela espera
O meu tratamento faz-te bem
Ou ainda mais fraca
Meio apaixonado pela morte fácil
Eu enevoo o espelho com a tua respiração
Meio apaixonado por esta doença
Que me mantém perto de ti
Os teus olhos ficam pesados enquanto leio
“O Imoralista” de André Gide
Adormece minha querida adoentada
Repousa em paz
In the sanatorium
I've booked a private room
Where you can feel at home
Where we can be alone
Just you, the nurse and me
In mountain scenery
All the time that you've been ill
Your face has looked so pale
Drained by the force of will
Drained by the wait until
My treatment makes you well
Or weaker still
Half in love with easeful death
I cloud the mirror with your breath
Half in love with this disease
That keeps you close to me
Your eyes grow heavy as I read
'The Immoralist' by André Gide
Fall asleep my sickly darling
Rest in peace
Men you used to know declare
Their most sincere desire
To travel here and share
The treatment you require
Their letters saying they care
Are on the fire
As I interrupt the muslin
Hanging round the bed
I wake you with the rustling
And you raise your head
And ask again, your voice uncertain
If you're not a burden
Half in love with easeful death
I cloud the mirror with your breath
Half in love with this disease
That keeps you close to me
Your eyes grow heavy as I read
'The Immoralist' by André Gide
Fall asleep my sickly darling
Rest in peace
I wonder, as I watch you sleep
If this possessive streak
Will make me force my love
Or if the trick is cheap
And if you took your drug
And if you're deep enough asleep
In the sanatorium
I've booked a private room
Where you can feel at home
Where we can be alone
Just you, the nurse and me
In mountain scenery
(For love will endure or not endure regardless of where we are)
Por tempo indeterminado este blog vai passar a chamar-se “Mais Amor, Menos Doença” - tipo, mês, periodo, dedicado ao amor e à saúde mental. A frase é o tema da revista “Bipolar” nº 24. Revista da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB).
“Mais Amor, Mais Saúde na Doença Unipolar e Bipolar”.
Em “Mitos, Modas, Clichés” eu tentava apelar à necessidade de cada um de nós pensar por suas próprias cabeças e não engolir os clichés que nos dão a conhecer. Apelava à necessidade daquilo que, segundo o meu amigo Constãncio, é a nossa maior qualidade: nós sermos nós próprios. Se nós cortassemos as amarras de que nos emaranhamos toda a vida, poderiamos ser mais nós próprios, mais livres, mais criativos, pesssoas mais cultos (segundo Nietszche), mais originais porque cada um é único. Cada um é único se tiver a coragem e o engenho de ser ele próprio. Para ser ele próprio, precisa de se conhecer, precisa de se descobrir. Um trabalho de coragem. A escrita é uma ferramenta excelente para o auto-conhecimento, muito mais que uma psico-terapia, por muito pouco idiota que seja o denominado terapeuta.
Em “Mais Amor, Menos Doença”, como se é de esperar, falo na necessidade de afecto para a erradicação do sofrimento na terra.
E ao milésimo beijo cantaremos os parabéns:“Parabéns a você neste beijo querido (…) muitas felicidades, muitos beijos de vida”.
Um estrangeiro veio do país da solidão, refugiado, para o país dos afectos. Que mundo tão estranho é este dos afectos. Não está habituado. É a diferença entre se viver num país sub-desenvolvido e num país rico. Isto até assusta. É mais dificel de entrar no reino do senhor quando se começa a ficar mais rico de espirito.
“There'll be a time
When I won't remember what I was afraid of
And I'll be swimmin' in the sea
No banging on this glass for me
My eyes turned red when my life turned blue
So I'm leaving everything, that's true
And I'll jump into
A brand new skin”
Ao grupo “Sol e marés” (da ADEB), sob a égide “Mais Amor, menos Doença”.
http://www.adeb.pt/
Telef (Lisboa): 21 85 40 740/8;
Tel/Fax (Porto): 22.606.64.14
Tel (Coimbra): 23.981.25.74
A Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Maníaco-Depressivos, (ADMD), em Portugal, foi fundada, em 5 de Junho de 1991, por um grupo de doentes, familiares, médicos e técnicos de saúde mental, tendo a escritura notarial sido lavrada em 21 de Agosto de 1991.
Está registada na Direcção Geral de Acção Social, com o n.º 18/93, em 19 de Fevereiro de 1993, como Instituição Particular de Solidariedade Social, de utilidade pública, com fins de saúde.
Em Assembleia Geral Extraordinária, no dia 5 de Julho de 2003, procedeu-se à alteração do domicílio da Sede Social, da denominação e da sigla da Associação, tendo sido aprovado o nome: Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares, (ADEB).
A Sede Nacional da ADEB está instalada, desde 1 de Maio de 2003, na Av. Dr. Alfredo Bensaúde, Lt. C2 e C3 – Loja A, 1800–174 LISBOA (Junto ao Quartel do Ralis).
A Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB) tem Sede Nacional em Lisboa, Delegação na Região Norte (Porto) e Delegação na Região Centro (Coimbra) e o propósito de criar, a médio prazo, núcleos no Alentejo (Évora) e no Algarve (Faro).
A ADEB é, actualmente, a maior Associação na área da Saúde Mental e a única que presta apoio aos doentes Unipolares e Bipolares e seus familiares, a nível nacional.