. Para arrogante, arrogante...
Aleluia, encontrei mais um blog interessante: A Geografia das Curvas. E o artigo “Não twitto”, inspirou mais este post que já tinha em mente escrever.
“Quando me recordo de algumas conversas com pessoas que consideram os blogs como exercícios últimos de egocentrismo, pergunto-me o que dirão do Twitter”.
Que raio de interesse podem ter blogs que dizem coisas como:
- Este fim de Semana fui à praia.
- Esta semana vou a Londres.
- Estou em Londres.
- Regressei à minha casinha.
- Fui ver o Sporting-Benfica com o meu gajo.
A não ser que sejamos ultra-populares, e hajam 2 mil pessoas a quererem saber os nossos passos, não estou a ver qualquer interesse em um desconhecido saber o que ando a fazer, o que comprei para o natal, se fui a uma festa de carnaval, etc.
Como diz o autor deste post, quando leio blogs egocêntricos como estes, realmente apetece-me escrever coisas do género:
Hoje, lancei uma bufa no meu escritório. Estava sózinho. Mas eis que chega a minha colega. Será que ainda sentiu o cheiro? Ela não disse nada. Nem uma boa tarde. Como devo interpretar este comportamento? Se tivesse dito se calhar era sinal que estava a disfarçar. Acho que devia estar na sua. Se sentiu o cheiro, foi já na parte final. Acho que não chegou quando ele se revelava na sua grande plenitude. Sendo na parte final, pode ter ficado na dúvida. Poderia ser um mau cheiro vindo de qualquer lado. Poderia ser o mau cheiro de um traque da sala ao lado, na sua plenitude, com o seu leve resquicio na nossa sala. E também os lavabos não ficam muito longe. A grande vantagem do arroto em relação à bufa, é que o arroto não tem um cheiro tão intenso e prolongado. De qualquer modo, devo ter mais cuidado nestas situações. Uma vez vinhamos do almoço, e um colega meu deu um traque na passada. Ninguém notou, apenas eu. Claro que não disse nada a nignuém. E realmente, este nosso colega é dos nossos colegas mais tótós. Será que os tótós são aqueles que têm mais apetência para largar bufas, por serem desleixados em relação à sua imagem?
Tenho outro colega que larga bufas nos lavabos, na presença de todos. Este meu colega é uma pessoa muito respeitável. Não é nenhum tótó, muito pelo contrário. Pelos vistos é aceitável dar-mos bufas quando estamos na casa de banho, de costas, a meio metro de quem está a lavar as mãos. Não sabia.
Uma vez estavamos a falar, no local de trabalho, ele deu um arroto e disse:
- Perdão.
Penso que uma vez por outra, muito amiúde, podemos dar um arroto, sermos educados e pedir perdão. Acho que não fica mal. Afinal errar é humano. Mas sendo ele uma pessoa bem vista na nossa empresa, se calhar fica-lhe menos mal um deslize do que a mim.
Bem, o melhor é evita-los.
Cada vez mais fui notando a arrogãncia e paternalismo das pessoas. Será que ela aparece com a idade? Sim, é a cena da maturidade. Com a idade, já somos muito experimentados, sabemos mais, e daqui a pensarmos que sabemos mais que os outros, mormente, os mais jovens, é um passo.
Existe no mundo uma aberrante carência do ego. Esse insaciável. Temos que alimentar o nosso ego. E uma das formas de o alimentar é acharmo-nos mais sábios que os outros. É sermos mais que os outros. Isto é uma competição velada.
A competição da sabedoria passa-se mais entre o mundo dos homens.
Farto de estar rodeado por tantos arrogantes, sábios e até regadores, cheguei à conclusão que tinha que ser arrogante também. E não é que resulta? É uma excelente defesa. E resulta ainda mais quando estamos a ser atendidos. Com a arrogãncia e agressividade já já ganhei muitos euros.
Podem pensar: ah, o gajo diz que nem era arrogante. Oh, isso é ele a falar. Engano. Os arrogantes são como os bêbados. Nem notam que são arrogantes. Não têm a menor consciência disso. Por outro lado, eu quando estou a ser arrogante, tenho a plena consciência (e até sentimento de culpa) de que estou a ser arrogante.
Dói-me ser arrogante, mas obrigam-me a sê-lo, para me defender.
Só espero que de tanto me obrigarem, eu realmente não me torne num. É que o homem é um animal de hábitos.