. Creche da Santa Casa da M...
. Voz do Operário - ou, com...
Não me posso queixar de nunca ter tido sorte com a Santa Casa da Mesericórdia. Pois saiu-me a sorte grande ao aceitarem os meus gémeos numa das suas creches. Não sei como são as outras creches da Santa Casa, é prováel que esta possa ser um caso especial e que sejam mais as pessoas que a façam.
Não consigo imaginar que exista melhor creche do que esta. Todas as funcionárias, da directora à empregada de limpeza, adoram crianças. A creche rege-se por um método de ensino e uma filosofia forte. Nada parece ser deixado ao acaso, e claro, têm máximo cuidado com a higiéne.
Grande parte das creches são apenas armazéns de crianças. Os pais despejam os seus filhos por lá. Quanto mais tempo melhor, assim se fôr das 7 da manhã às 8 da noite, tanto melhor. As creches têm consciência disso e falam contra o despejo, desintencivam-no, defendendo a crianças, mas fica a ideia que querem é menos trabalho, tal como os pais. A mim me parece que, pura e simplesmente tomam conta das crianças e até nesta simples tarefa, quem sabe com quantos olhos. Depois, para inglês ver, fazem umas reuniõezinhas e uns relatórios que são uma palhaçada.
Este ninho da Santa Casa mais que uma creche de crianças é uma creche da Familia. Elas estão atentas a todos os aspectos que dizem respeito à criança. Acompanham a criança e os pais da criança. Se notam que os pais andam com problemas, têm a iniciativa de lhes dar apoio. Por exemplo, se a mãe solteira inscreve o seu filho, a creche quer logo conhecer o pai e insiste em que ele apareça. Elas querem ver o pai.
Isto não é uma profissão, é trabalho de missionário. As nossas crianças passam a ser delas também. Elas “adoptam” as nossas crianças e passam-lhes a chamar suas também. Isto é diferença entre uma creche que não é orientada ao lucro e uma que é. Isto é a diferença entre quem adora o seu trabalho e luta por uma causa, e quem apenas quer o seu salário ao fim do mês.
Como é uma missão (na terra, como quem rema contra a maré) e sem fins lucrativos, mais depressa escolhem crianças problemáticas, muitas vezes com pais com parcos rendimentos familiares, do que crianças de familias sem problemas económicos ou sociais.
De referir ainda que o espaço é óptimo, tendo um quintal enorme cá fora, com um belo jardim para brincarem. A mensalidade é calculada segundo a capitação (rendimento da familia menos as despesas, calculado sobre o nº de elemento do agregado familiar).
Recordo-me de um dia ter visitado uma creche, em Benfica (a Academia do Miúdos, ou coisa que o valha), no ano de 2003. A gaja pedia mais de 400 euros e aconselhava a fazerem a inscrição o quanto antes, pagando meses não usufruídos, sob pena de perder a vaga. E diz ela qualquer coisa do género: o dinheiro não conta quando se trata do bem estar dos nossos tesouros.
Não vi nada que me entusiasmasse nessa creche de topo de gama, dos 450 euros por mês (ou coisa assim). O pessoal (o que mais importa) não me pareceu iluminado, as instalações eram jeitosinhas, o espaço cá fora, de recreio, era um atrofiamento. E em termos de método de educação, conduta, enfim, filosofia, não me lembro de nada. Só me lembro da gaja que nos atendeu, ter um toque inteligente de marketting – estava muito bem vestida, tipo um vestida de gaja atrás de um balcão de loja de luxo, mostrando um decote. Sim senhor, até podes não cativar as mães desfazendo-te em sorrisos, mas os pais são aqueles que, normalmente, têm mais poder de compra. Boa, minha.
O meu filho de 8 anos anda na voz do operário. Escola particular até ao 9º ano de escoralidade. Sempre andei em escolas públicas e não houve problemas. Parece que hoje em dia os pais queixam-se muito das escolas públicas e, se puderem, metem-nos nas escolas privadas.
Não é que o seu melhor amigo desatina com ele, por uma coisa de nada, e está de chamar mais dois, inclusive um irmão mais velho, e dão-lhe um arraial de porrada!
Quer dizer, não basta serem já 3, como desses, pelo menos um, é mais velho 3 anos, o que nesta idade é equivalente a dizer que é um matulão.
Resultado, além da dor fisica e de se sentir traído pelo amizade, ficou com um dente a abanar (vá lá que é dente de leite).
O mais perto que vi destas cenas reporta-se àqueles gangs reles do Porto que têm um prazer enorme em desancarem todos juntos numa só pessoa (ao melhor estilo cigano, segundo dizem). Estamos a falar de escória social mesmo.
Quando a minha mulher foi falar com a professora, eis tudo o que ela diz sobre este acontecimento inaceitável:
- Esse caso já foi resolvido.
Foda-se, devem estar a brincar comigo. A leviandade como se tratam das coisas hoje em dia... faz-me lembrar a moda de se assumir as coisas na maior.
Dá mesmo a impressão que, nos tempos que correm, um gajo pode enfiar 3 balázios noutro, e depois dizer:
- Eu assumo as responsabilidades. Até amanhã.
Então... resolveram o assunto como? Será que disseram: “olhem, o que fizeram foi muito feio, não se faz isso a ninguém. Portem-se bem”? Com a gravidade desta merda exigem-se medidas. No minimo, uma suspensão por um dia a todos os praticantes daquele acto bárbaro.
Se calhar, nos anos 80, o pessoal era suspenso por tudo e por nada. Ralavam-se demais, não sabiam viver.
Devem ser efeitos daquela música “Don’t worry, be happy”.
Partiram-te os dentes todos da frente e um tornozelo? Deixa lá, eu já lhes disse que eles eram maus e para não voltarem a fazer isso.