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As casas de banho públicas são lugares sinistros, os crematórios são mais animados. Só há poucos meses aprendi que é melhor não dizer nada lá dentro a não ser um olá, e mesmo assim o mais seguro é nada dizer mesmo. Falar ao telemóvel na sanita é expormo-nos ao inimigo. Não falar ao telemóvel na sanita. Não dar traques quando alguém nos avistou e ainda permanece lá dentro. Azar é chegar a casa de banho quando um colega está a fazer um xixi demorado. Entramos para a sanita e temos que conter a cena para dar uma imagem de termos um rabo bem comportado. Mal o gajo sai é o à vontade de que todos os rabos deveriam gozar dentro do seu habitat natural. Menos penoso é quando estamos a acabar e entra alguém. Aí temos que fazer algum tempo. Desarmante mesmo é quando saímos e somos surpreendidos por um rabo exemplarmemnte bem comportado ou que já lá estava hà bué, de tal modo que não demos conta dele. Paranoia seria conferir todas as portas fechadas quando entramos.
Só que hoje não me consegui conter. Isto porque houve um tipo que quebrou o gelo. Estava eu na sanita sossegado, quando um tipo entra brincalhão para outro que estava no xixi.
- Então o teu Porto!?
E enquanto os dois trocavam pareceres, não me consegui controlar e com uma voz ligeiramente alta, de falsete, lá de dentro da minha casinha privada:
- Vai uma merda!
Ninguém comentou nada. Após 10 anos da história do meu ultimo post, ninguém continua a me ouvir. Aposto que cada qual chegou ao seu gabinete e comentou:
- O porto vai uma merda não vai?
Ninguém me compreende. Ninguém acredita em mim. Hoje vou tentar explicar o meu drama a blogosfera.
Como eu sou um gajo anti-cliché, tento a todo o custo fugir a eles e ser original. Por isso digo muitas coisas inauditas que podem ser grandes idiotices. Como são coisas inauditas montes de vezes as pessoas não ouvem mesmo. Mas ficam lá subliminarmente na mente delas. Mais tarde elas repetem essas coisas que eu disse textualmente sem que nunca se apercebam da origem dessas palavras. Pensam ser as autoras da ideia. No melhor dos casos eu tenho a oportunidade de chamar a atenção do facto e elas admitirem que me estão a citar:
- Pois, eu estou a dizer isto porque concordo contigo.
Certa vez estava a almoçar com os meus colegas de departamento na cantina do trabalho. Ao meu lado, os meus bem conhecidos colegas comentavam a feira qualquer coisa da internacional do sexo talvez na FIL.
- LOL, nessa feira até podes conversar com a tua actriz porno favorita…
Eu aproveitei a deixa e tirei partido da porno-fobia social:
- Chassey Lane.
Ninguém disse nada. P assados poucos minutos oiço um deles a ter esta ideia engraçada:
- Ei, e se estivéssemos a ter a conversa sobre a feira do sexo e ao falar da actriz porno preferida, alguém dissesse. “é esta!”.
Pois, meus caros, é a diferença entre realidade e ficção.
Descobri um lugar em que, reuindas umas quantas condições, eu entro numa espécie de transe, noutro estado de espirito, há quem diga num estado de meditação.
Este espaço eu já conheço há cerca de 10 anos, mas nunca o tinha visto desta maneira.
È uma central de camionagens.
Foi por acaso que passei lá para apanhar uma camioneta, o que eu já não fazia há muitos anos. Quando me sentei à espera, olhei ao longe a banhou-me um sensação mágica na alma. De muito em muito longe senti na minha vida este estado único de plenitude. Geralmente é depois de fazer desporto (pode ser caminhar muito). O ar á nossa volta torna-se mágico. Costuma ser numa altura calma do dia: no amanhecer, no final da tarde ou à noite. Sinto uma serenidade intensa, um grande relaxamento, parece que as coisas andam em camera lenta.
Neste caso, na central das camionagens, estava ali sentado e tinha que ter um olhar difuso para as coisas. Não podia me focar em nenhum pormenor do que se passava à minha volta, não podia olhar para nenhuma pessoa em particular, para nenhuma camioneta. Tinha que olhar para tudo ao mesmo tempo sem prestar atenção a nada. Uma sensação enorme de seguranaça como se nada me pudesse tocar, como se eu tivesse a flutuar naquele espaço, como se eu fosse maior do que espaço todo ao ar livre. Talvez me sinta o centro do universo e o universo é aquele espaço.
As luzes das lampadas da via pública devem ajudar à magia. O Ar simples das pessoas que passam, até ar meigo de campónios, mas acho que sobretudo o barulho do motor das camiontas é aquilo que mais torna mágica a noite.
Parece que podia estar neste estado uma meia-hora.
Depois disso voltei lá e senti essa magia outra vez, embora na primeira vez tenha batido mais.
Várias vezes, no silêncio, distraído, quando oiço chamar:
- Pai!
Pareço acordar num sonho ou num futuro feliz e como não parecendo verdade, a minha primeira reação é assegurar-me:
- É comigo?
Eu sou suspeito e parto em vantagem. Nasci e passei a minha juventude em cidades muito chuvosas: Porto e Braga. A primeira semana que passei em Braga, choveu ininterruptamente. Imaginem uma semana sem parar de chover. Mais tarde disseram-me que a alcunha de Braga é “o penico dos céus” e que a cidade tem um micro-clima.
Eu gosto da chuva desde que ela não me ataque muito. Sou como uma criança, gosto até de apanhar com um pouco de chuva, não gosto de andar de guarda-chuva, gosto de correr o risco de apanhar uma grande molha que me deixe na cama, gosto da emoção de estar abrigado no meio do nada à espera que o dilúvio passe, torcendo para que pare de chover rápido, torcendo para que amaine e eu corra porque a seguir pode vir uma chuvada mais forte. E no fim sentir aquele grande alivio do ladrão: “não fui apanhado!”. Eu sou o tolo consciente e oferecido das chuvas molha-tolos.
Nós não damos valor à chuva que temos. Achei inspirador ver um filme brasileiro em que um casal, dentro de portas assistia ao inicio de uma chuvada. E eis que um exclama para o outro:
Veja que lindo, Está chovendo!
Na altura fiz uma associação de ideias simples: Brasil é calor, não faz mau tempo, não chove, então lá a chuva é como cá a neve.
Por outro lado, só comecei a apreciar o verão a partir dos vinte e tal anos quando fiquei a saber que o sol era saudável. Um hiponcadriaco só começa a gostar de coisas com as quais não vai à baila, se lhe disserem que fazem bem à saúde.
Eu estava convencido que o sol fazia mal. Se calhar eram os recados da mãe para não apanhar muito sol, a ideia de que o sol de inverno faz mal, etc. O que é certo é que o calor sufocava-me, tornava-me mole e eu tinha a tendẽncia em sentir-me indolente e entediado no verão. Não entendia como as pessoas podiam ter prazer em passar horas seguidas deitadas ao sol sem fazerem nada. Parecia a maior estupidez. Se verão era praia, então era uma estação um bocado pobre. Pobre era eu de espirito, pois não conseguia me entreter horas a fio deitado ao sol.
A minha época preferida era o Outono, a Reentrée. Na universidade era uma coisa de arromba, as festas académicas. Eu nascia a cada Outono e morria em cada verão (ou entrava em hibernação),
O único senão do verão é os dias ficarem bem menores, mas... nem isso parece-me demover do doce Inverno: Tenho lindas memórias da infancia, chegando a casa, vindo do ensino primário, já de noite. Deviam ser, portanto, umas 5 horas e meia. Na mesa de jantar lá de casa a fazer os deveres de casa ou a lanchar o olhar para a noite na janela do nosso quintal.
A memória mais épica da minha infãncia foi um dia de vendaval no Porto. Lembro-me de olhar para a rua, da janela do quarto dos meus pais, e vê-la com tanta água que parecia um rio com uma corrente fortissima. Um espetáculo lindissimo.
Lembro-me ainda de uma noite memorável no ano de caloiro em Braga: acordei cerca das 2 horas da manhã para um espetáculo incrivel de trovoada. Oito ou nove caloiros, na varanda de um 9º andar, ficaram a vibrar durante pelo menos uma hora com trovões, relampagos, um autêntico fogo de artificio natural! Não se consegue viver isto 2 vezes.
Para mim, que sou um mole de natureza caseira, nada é mais aconhegante do que estar no quentinho em casa e a ver um dilúvio a acontecer lá fora.
Gosto de ver chover, gosto do som da chuva, gosto do cheiro a terra molhada, gosto do cheiro a frio, gosto da sensação de ligeiro frio (há que condimentar com a roupa que vestimos). O frio deve-se sentir como se fazem os exercicios de Yoga: no limite do confortável.
Atenção, não sou gótico, gosto tanto do inverno como do verão. Cada estação tem os seus encantos. Cálculo que para 95% dos portugueses a estação preferida seja o verão.
Então o que raio queriam dizer os Echo & the Bunnymen, há 25 anos, com estes versos:
“Everybody's got their own good reason
Why their favorite season is their favorite season
Winter winners and those summers sons
Are good for everyone, good for everyone”
No entanto embirro como quem vai de férias de inverno para praticar desportos de inverno. Acho pirosa essa moda de desportos de inverno. É como um africano alegre começar a dedicar-se ao fado. Se os gajos têm temparaturas negativas, gelam que se fartam, mas daí tiram algum proveito, óptimo, esse é o espirito. Agora, quem vive na boa, no melhor do climas, ir de encontro ao sofrimento para curtir a sua sublimação pelo desporto... bolas, isso é uma imitação de masoquismo. È muito pena não nevar à séria cá em Portugal.
O que é natural é cada um curtir o inverno com que nasceu e cresceu.
O Cinema francês ficou muito na moda a partir dos anos 90 em contra-posição com o cinema espalhafatoso americano.
Ai era ver aqueelas mulheres todas intelectuais-malucas, que tanto falavam em sexo oral, como exclamavam poeticamente que queriam apanhar um avião ou gostavam muito era do cinema francês.
O cinema francês tem piada se não fôr tão ou mais pedante que essas mesmas suas fans. No cinema francẽs, pode-se ver um gajo a escorregar numa casca de banana ou uma mulher a lavar as partes intimas num bidé, o que eu acho que são apontamentos muito engraçados.
Mas o pedantismo francês... haja quem tenha pachorra ou tanto como ele.
E o cinema britãnico, carago. As produções briãnicas são demais. E já nem falo do melhor sentido de humor do mundo, as brticoms. Falo das séries da BBC as de época, por exemplo, em que só a caracterização fisica das personagens é uma grande moca. Quando mais feios e xungosos, melhor, como o Frank Gallagher do Shameless. Não há aqui muito espaço para modelos super-giras (a haver girice, ela até costuma vir no masculino). As produções britãnicas são assim um bocado como o realismo Italiano à “feios, porcos e maus”. A caricatura, que também faz parte de um estilo e sentido de humor.
Hoje foco em especial aquelas produções que são muito ternas para mim, não sei porquê. Gosto do sotaque Escocês e do norte da Inglaterra (parecidos).
Esse sotaque soa-me muito bem e faz-me sentir ternura. Será das produções desse ponto do globo?
Lembro-me do Billy Eliot, do Full Monty e até do Trainspotting.
Mesmo os mafiosos do Shameless (Manchester), nas primeira temporadas uns insurectos, se tornaram humanos e com coração de manteiga.
Ontem descobri a série “Case Histories” que se passa em Edimburgo. Ah, Edimburgo, a cidade mais bonita onde já estive. E não, não é dos escoceses. Os escoceses pareceram-me tão odiosamente cinicos como os ingleses, idem para os Irlandeses: fosca-se! São todos iguais...
Como é que uma série policial com crimes terriveis pode trasmitir tanta ternura. E depois tem aqueles pormenores... a jovem que chama o 112 acaba por ser adoptada pelo idoso que teve o ataque.
Como posso gostar tanto de um país e tão pouco do seu povo? Terá sido poque na minha infancia, nos anos 70, a maior parte dos desenhos animados da TV vinham da Inglaterra?
Tanto que, quando lá vivi, sentia uma nostalgia forte por aquelas tipas casas inglesas. Como gosto daquela arquitectura, das casas de tijolos. Nessa altura, eu escrevi lá que um povo que dá os Beatles não pode ser assim tão mau.
Será que, na velhice, vou-me tornar mais egocẽntrico, como todos os idosos?
A cada ano que passo deviamo-nos tornar cada vez mais desinteressantes para nós próprios. Há um bilião de coisas mais interessantes do que eu e do que tu. "Surrender your ego, be free, be free, to yourself" - Queen. Liberta-te do teu ego.
Este objectivo é sobremaneira facilitado quando tens um filho. Ele é que é o especial. Tornas-te quase como um servidor de deus.
Agora que sou pai, não tenho vontade de ir para a vida noturna. Bem, ir jantar ao bairro alto e depois ir beber um copo a um bar, é o mais longe que me apetece ir.
Acusar-me de estar a ficar velho pode ser comparável a acusar de velho um rapaz de 15 anos que já não gosta de ficar 2 horas a brincar com carrinhos e bonecos.
Depois há o outro cliché de uma pessoa de certa idade começar a fazer uma figura meia pateta a dançar numa discoteca tentanto desesperadamente parecer jovem. E uma mulher de 40 anos corre o risco de, ao ser apresentada numa discoteca a um jovem, ouvir o comentário:
- Ah, que engraçado, já comi uma quarentona.
Porventura há só uma coisa que me daria pica: viajar mais, mas nada de muito radical. A melhor maneira de viajar e ficar a conhecer um país é trabalhar nele. Se a minha vida tivesse corrido mais para o torto, entusiasmaria-me muito a ideia de emigrar para um país que oferece actualmente muitas oportunidades de trabalho. Seja Austrália, Escandinávia, Alemanha ou Brasil. Isso sim, é o que estou a perder.
Eu pertenço a um pequeno grupo de jovens que são os amantes de Geografia. Fico a olhar para um mapa como um papá olha para a sua cria. Achamos que somos capazes de ficar a olhar para o nosso rebento ou para um mapa durante horas e horas, sem nunca nos cansarmos. Olhamos tão maravilhados para o nosso objecto, tendo a sensação que aquilo tem uma infinidade de coisas para observar e analisar. E no fundo tem, mas passados 15 minutos achamos que não devemos gastar tudo de uma vez, e tanta adoração ainda nos pode levar à loucura.
Ver um mapa é uma loucura, queremos absorver aquilo tudo, se pudéssemos engolíamos o mapa ou gravamo-lo no cérebro. Ainda fazemos um esforço por gravar o máximo de informação do mapa. Depois, andamos a navegar com a imaginação pelo mapa. Tem muito do gosto pela estratégia. Junta-se história, estatística, paisagens, eu sei lá, é uma grande trip.
Quando eu era miúdo, inventava mapas. Inventava um planeta, e desenhava o seu planisfério com porções de terra e mar. Ainda inventava um pouco da sua história, de exércitos e guerras, conquista de terras.
Também lambo-me todo com uns bons dados de estatística. Ora, peguemos nas áreas dos países e continentes. Portugal tem uma área de 92 mil km2. Arredondando isto para 100 mil km quadrados temos uma boa medida de comparação. Agora dou-vos esta pequena tabela que eu elaborei, arredondada a milhões de quilómetros quadrados (que é um terreno de mil km por mil km, dos dois lados).
Ásia: 44 Milhões de km2
América: 42 (norte: 25 | Gronelândia: 2,2 | sul: 18 | central: 0,7)
África: 30
Antártida: 14
Europa: 10,5
Oceânia: 9
Rússia: 17,1 (parte europeia: 4)
Canadá 9,9
China: 9,6
EUA: 9,4 (Alasca: 1,7)
Brasil: 8,5