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Felizmente o estado está a acordar para o problema demográfico. Cada vez nascem menos crianças. A falta de ajuda do estado pode tornar a decisão de se ter um filho um verdadeiro acto de inconsciência. Os grandes defensores da penalização do aborto, podiam começar a descontar 5% do seu salário para apoio às novas vidas, já que são tão pró-vida.
Foram criados Jardins de Infância nas escolas de ensino básico. Boa medida. O irónico é que sobrou espaço para os jardins porque cada vez há menos crianças. A minha antiga escola preparatória, onde fiz o 5º e 6º ano, agora vai até ao 9º ano. Imagine-se quantas crianças a menos há.
Contudo, há uma gritante insuficiência de creches do Estado, para educar crianças até aos 3 anos. As poucas creches da segurança social e da Santa Casa da Misericórdia estão a servir apenas para tratar de crianças de risco e sem dar resposta a todas.
Vou-vos apresentar um casal sem filhos, a viver em Lisboa, que tendo um rendimento mensal de 1500 euros líquidos, pode pensar em ter um filho e pagar 400 euros por uma creche, durante 3 anos:
Vejamos as minhas contas sobre este casal:
Renda/Prestação Habitação |
500,00 € |
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Transportes |
48,00 € |
passe carris |
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Electricidade |
20,00 € |
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Gás |
15,00 € |
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Água |
10,00 € |
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Internet e TV |
40,00 € |
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Telemóvel |
30,00 € |
15 euros cada |
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Supermercado |
200,00 € |
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Total |
863,00 € |
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Este casal é saudável sem despesas de saúde, não tem vícios caros (os únicos são ver TV e navegar na internet), é caseiro, não passeia, não passa a vida ao telemóvel, não tem carro, por isso vai ter que andar com o bebé em transportes públicos, é elegante, não gasta muito na alimentação, nos intervalos de almoço do trabalho, come da sua marmita, e anda com a mesma roupa há anos, visto que pararam de crescer.
Já ter 2 filhos é a completa bancarrota.
Pelo que li recentemente, estão projectadas creches do estado para Lisboa. Pois, mas para quando e quantas vagas vão haver?
Finalmente vamos ter um governo que se preocupa com a família… nunca fiando. Preocupar é uma coisa, vamos ver as medidas concretas.
Já que parece que vai haver uma revolução nos escalões do IRS, aproveitem para fazer uma demonstração cabal de justiça. Podem, por exemplo, criar o “coeficiente familiar” (existente em França).
Segundo a proposta da APFN, cada cônjuge teria um coeficiente de 1 e cada dependente teria um coeficiente de 0,25.
É possível que não haja distinção entre um casal sem filhos que tem um rendimento anual de 30.000 € e um casal com 2 filhos, que tem um rendimento anual de 30.000 € ??
Para as contas se equilibrarem, se os contribuintes com filhos passam a ser menos penalizados, provavelmente os contribuintes sem filhos terão que ser mais penalizados. E podem galinhas perguntar:
- Mas que culpa tenho eu de não ter filhos?
Pois, absolutamente nenhuma, mas ó rica, quem vai pagar a tua reforma, os teus devaneios de 3ª idade, e cuidar de ti quando estiveres entrevadinha, são os filhos de Portugal que estão a nascer hoje mesmo.
Retirado do Jornal i:
<<Na área social, o programa tem uma medida inédita. Todas as iniciativas governamentais para poderem ser aprovadas em Conselho de Ministros têm de receber o “visto familiar”, que avalia o impacto da proposta na vida das famílias e o estímulo à natalidade. Só com o visto é que avançam. “Entendemos que as preocupações das famílias são transversais e estão presentes em todas as áreas da governação. Assim, qualquer iniciativa que seja aprovada em Conselho de Ministros requer a prévia aposição do visto familiar, ou seja, uma avaliação quanto ao impacto que tem sobre a vida familiar e o estimulo à natalidade”, lê-se no programa
O executivo pretende ainda inverter a tendência de queda da taxa de natalidade, apostando em medidas de natureza fiscal “que estimulem os casais a ter mais de dois filhos, majorando as deduções fiscais e outros incentivos aplicáveis” principalmente para famílias numerosas. Estão ainda previstos incentivos à fixação de famílias em zonas com pouca população e investimento numa rede de creches próximas dos locais de trabalho dos progenitores, em articulação com as Misericórdias, instituições de solidariedade social, autarquias e empresas.>>
Hoje de manhã ouvi do debate TSF um senhor a afirmar que os cortes salariais são irracionais. Estava à espera que ele falasse do rendimento per capita, e assim o fez.
Algo que eu já tinha pensado. E pensei porque me toca a mim. Se eu fosse solteiro talvez nem pensasse neste assunto.
Pensemos em duas situações:
1 – Homem solteiro ganha 1700 € e sofrerá um corte de 3,5%.
2 – Agregado familiar de 6 pessoas ganha 5100 € e sofrerá um corte de 10% (o máximo).
Já não somos crianças para ver as coisas em absoluto. As coisas vêem-se em termos relativos. O homem tinha um rendimento per capita de 1700€, a família tem um rendimento per capita de 850 €. Ou seja, cada elemento da família ganha metade do que o homem ganha e vai levar um corte que é o triplo do que homem.
Os valores dos rendimentos que falo são em bruto. A família, em rendimento bruto absoluto ganha o triplo do homem. Mas em rendimento liquido ganha menos do triplo. Isto porque o seu escalão de IRS é maior. Mais uma vez, também no IRS não há a noção de rendimento per capita. Há o coeficiente conjugal, seria mais justo haver o coeficiente familiar como há na França.
Como se não bastasse, esta família há meses atrás recebia abono de família, no 5º escalão. Agora cortaram-lhe o abono de família. Um crime social como uma vez vi escrito.
Por estas e por outras é que este governo é acusado de ser o que mais atacou a família em Portugal.
Já tínhamos das mais baixas natalidades da Europa. Como será a população Portuguesa daqui a 40 anos? Bem, os poucos jovens que vão haver, penso que estarão mais habituados a poupar.
Recebi um e-mail que propunha toda a tente fazer boicote á GALP e à BP, no próximo verão, para forçar os preços dos combustíveis a baixarem. Já tinha pensado nisso, mas um projecto menos ambicioso no qual a visada era apenas a GALP.
É muito giro o povo unido, mas é impraticável. O que achei mais piada na mensagem foi o se começar no verão. Fosca-se, porquê no verão? Já daí se vê o quanto esta campanha é para ser levada a sério. Porque não começar já? Porque vamos apanhar mais chuva?
O Aumento do IVA será, em parte, não suportado pelo consumidor final. Se os preços de bens não tão essenciais, sobem, a procura desce. Se a procura desce ou se baixa a produção ou se baixa o preço base (antes do imposto). Entretanto deve haver muito produtor que ainda não redimensionou a produção e tem que escoar os artigos - vão ser ver forçados a baixar os preços. Será que este ano vamos assistir a um festival de promoções? Bem, pelo menos neste inicio estamos a assistir. Temos que estar atentos.
Conheço um casal que sempre se deu bem, casados há cerca de 20 anos. São ambos alegres, extremamente comunicativos, sociáveis, educados, com valores. Pais esmerados e informados, tendo inclusive planeado ao pormenor o primeiro filho. É um casal que eu admiro.
O que me intriga é que os seus dois filhos parecem absolutamente amorfos. Estou convencido que no grupo de amigos deles e com as suas namoradas, eles até falem para burro e sejam animados. E parece haver aqui um padrão: há únicas coisas que os animam, para tudo o resto demonstram uma apatia impressionante. Parecem haver apenas duas coisas que os animam na vida: o desporto e os amigos. Não são nada afectivos, não demonstram interesse por conversar e até um bom dia custa a dizer ou não é dito de todo, aos próprios pais.
Pais modernos, com formação, absolutamente empenhados na educação dos filhos como principal objectivo da vida. Convencidos que dominam a ciência de educar.
Será que é uma questão genética? Será que aquele ar macambúzio veio do Bisavó Zé e salta de 4 em 4 gerações?
Dificilmente consigo encontrar mais explicações que… é pá, nasceram assim. Mas há um erro crasso que existe naquela família e que pode afectar todo um crescimento:
Na hora de jantar, toda a gente tem que estar calada, porque o pai quer ver as noticias na TV que está colada à mesa das refeições.
Por amor de Deus, o Jantar é tudo o que nos resta quando tudo se desencontra. Se matam o jantar como espaço de convívio é como se partissem uma parede mestra. Quando vamos nós conversar? A seguir ao jantar em frente à Televisão? Quando formos todos juntos ao café? Quando deitarmos os meninos na cama e, cansados do dia, lhes contarmos uma história em 15 minutos? Em que idades? Com que disponibilidade nossa e com que disponibilidade deles?
O Jantar é uma coisa sagrada. Tudo tem que parar quando começamos a jantar. Na nossa casa, actualmente, tudo tem que parar quando começamos a fazer o jantar. É a hora das tarefas, é a hora da comunidade.
Ser pai é duro, mas ainda assim deve ser melhor que jogar na FarmVille. Ou não?
Consultando este documento pdf:
Para quem não sabe para o que serve o coeficiente conjugal, lê-se:
O Coeficiente familiar funcionaria do mesmo modo: dividir a soma pelo coeficiente familiar, e após aplicar a taxa de IRS resultante, voltar a multiplicar pelo coeficiente familiar.
Os franceses cometem esta loucura (lendo na mesma página):
<< A solução poderia ser, à semelhança da opção francesa, definir um coeficiente familiar que resultasse do número de elementos que constituem o agregado familiar. A título de exemplo refira-se o actual sistema de tributação francês: para efeitos de determinação da taxa, o rendimento tributável é dividido por um certo número de partes da seguinte forma: por um se for um só sujeito passivo, por dois se se tratar de um casal sem dependentes, por 2,5 se o casal tiver um dependente, por 3 no caso de dois dependentes, e por 4, 5, 6, etc se o casal tiver a seu cargo 3, 4, 5, etc dependentes. >>
Para começar, nem é preciso tanto. Porque esta merda iria dar um rombo do caraças no pobre estado português, inibindo a criação de muitos jobs for the boys.
Vamos imaginar que o estado português define como meta que cada casal tenha 3 filhos. O IRS apoiará o casal até aos 3 filhos e depois deixa o casal por sua conta e risco, para o resto dos filhos. Em caso de o casal ter mais de 3 filhos, sempre sobram os restantes apoios, como a segurança social.
Em vez de definir, como no caso francês, que cada filho representa a soma de 0,5 no coeficiente familiar, que sejam 0,1 apenas. E como o estado só apoia até aos 3 filhos, o máximo coeficiente familiar seria apenas 2,3.
Só isto seria muito mais justo e sensato que a palhaçada do coeficiente conjugal do CDS (ver post anterior). Aquilo é uma farsa, não é nenhum coeficiente, é uma simples percentagem.
Seguindo a tabela de escalões de IRS de 2008.
Rendimento colectável |
Taxa |
Parcela a abater |
Menos de 4 639 € |
10,5 % |
- |
4 639 € a 7 017 € |
13,0 % |
115,97 € |
7 017€ a 17 401 € |
23,5 % |
852,77 € |
17 401 € a 40 020 € |
34,0 % |
2 679,86 € |
40 020 € a 58 000 € |
36,5 % |
3 680,36 € |
58 000 € a 62 546 € |
40,0 % |
5 710,39 € |
62 546 € e mais |
42,0 % |
6 961,31 € |
Dê-mos como exemplo uma familia com marido, mulher e 3 filhos.
1º Rendimento = 1000 euros brutos cada um ó 28 000 € anuais.
Precisamos de deduzir as contribuiões para a segurança social para atingir rendimento colectável, que são 11% do salário. 28 000 – 3 080 = 24 920.
Como o coeficiente conjugal é 2, dividimos o valor por 2:
1) 24 920 € : 2 = 12 460 €
2) Aplicar taxa de IRS => 12 460 * 0.235 (23,5%) = 2928,1 (ver na tabela, em que valores está compreendido o nosso valor calculado).
3) Subtrair parcela a abater => 2928,1 – 852,77 = 2075 €.
4) Multiplicar de novo pelo coeficiente => 2075 x 2 = 4150 euros.
Este é o valor que a familia pagaria de IRS, o que é igual a que um casal sem filhos pagaria.
Seguindo o coeficiente familiar = 2,3 (1 por conjuge e 0,1 por filho):
1) 24 920 € : 2,3 = 10 834 €
2) 10 834 x 0.235 = 2 546
3) 2 546 – 852 = 1 694
4) 1694 * 2,3 = 3 896
A diferença entre o anterior 4150 e 3896 é 254 euros. Dividindo por 14, dá 18 euros a mais por mês no salário.
Bem, isto foi mais para ensinar quem não sabe calcular o IRS, a fazê-lo.
O que interessa aqui é que há uma maior justiça e razoabilidade na cobrança de impostos atendendo ao rendimento per capita, do que um que não tem em conta o número de pessoas que vive á custa desses rendimentos.
Dentro do IRS, como se poderia ir buscar o dinheiro perdido pelo estado? Aos mais ricos. Baixar os limites inferiores dos escalões maiores e quiça criar uma taxa de 45%. É caso para um grande estudo estatistico e matemático, a nivel nacional.
Bem, na verdade, agora que vejo bem as contas, neste sistema francês, o que proponho, quem ganha mais vai acabar por beneficiar mais. Mas isto é que é um verdadeiro coeficiente !!!
Isto da natalidade, da familia e de criar filhos pode ser visto na perspectiva desta página do CDS. Não concordo com o coeficiente familiar do CDS, mas concordo com o conceito coeficiente familiar.
Trata-se de fortalecer a classe média, não a penalizando na natalidade.
Nos depoimentos da página do link referido, pode-se ler o texto de André Ribeiro de Faria, que começa com as seguintes linhas:
<< Para a maioria dos casais, é um custo de oportunidade ter filhos. Ou porque deixam de ter dinheiro para consumir, tempo para fazer outras coisas, em suma, é um projecto de vida. Como tal o aspecto cultural tem muita importância na gestão da vida familiar de um casal. Curioso seria verificar que é nas classes mais baixas que a natalidade é maior, ou seja, o problema nao é exactamente financeiro mas sim de custo de oportunidade, que para um casal de classe média é substancialmente maior. >>
O estado não desejará incentivar em demasia a natalidade entre casais que não tenham condições para criar e educar crianças. Isto, sob o risco de proliferarem Frank Gallagher’s. Ou seja, pais absolutamente irresponsáveis que nunca deveriam ter procriado, e cujos filhos vivem à sorte da seleção natural (como ele defende), sendo apenas apoiados pela segurança social.
Frank Gallagher é uma personagem ficcional da série britãnica Shameless, que na 5ª temporada, tem 6 filhos da sua mulher, 2 filhos de uma namorada posterior ao casamento, e actualmente a sua mulher está grávida do 7º filho. O cromo é desempregado, tem horror ao trabalho (nem o procura), vive da segurança social e passa todos os dias bêbado no pub da zona. Os filhos que se desenrasquem, é a lei da vida.
Para gente como Frank Gallagher, não há muito a perder na vida. Ter filhos ou não ter, não vai alterar nada o seu estilo de vida. Aliás, naquele bairro da série, ter filhos representa mais dinheiro da segurança social.
Mesmo para um casal com um rendimento apreciável de 2 mil euros limpos por mês, ter um filho pode significar ter que comprar um apartamento de 70 m2, em vez de um apartamento de 100 m2. Faço questão de apontar a ironia desta decisão: considerando ter um filho era suposto ter mais espaço em casa, e é quando temos que ter menos.
A questão é: qual é a familia mais rica. Uma familia com um rendimento de 5 mil euros por mês que tem 10 filhos, ou uma familia com um rendimento de 3 mil euros por mês que tem um filho?
Por isso existe o conceito de rendimento per capita. A segurança social atribui o abono de familia tendo em conta este conceito, entrando em linha de conta com o nº de filhos para calcular o escalão. O IRS está muito atrás na justiça social.
Em Portugal há o coeficiente conjugal. O rendimento dos casados é somado e dividido por 2. Dá o tal rendimento per capita. Com esse valor vai-se determinar o escalão do IRS. Mas os filhos não existem para o calculo de um rendimento per capita, no IRS. Tudo o que o IRS faz, em relação aos dependentes, é devolver um determinado valor por cada dependente do agregado familiar, tanto a uma familia que ganhe mil ou uma familia que ganhe um milhão de euros.
Na França existe o coeficiente familiar que tem em conta o nº de dependentes do agregado familiar.
O IRS também tenta ser justo socialmente. Quanto mais se ganha mais percentagem de imposto se paga sobre o valor que se ganha a mais. De facto, quem tem rendimentos suficientes para ter todos os bens básicos da vida e em boa qualidade, como habitação, alimentação, roupa, mais dinheiro para boas actividades de lazer e ainda lhe sobra dinheiro para poupar, deve contruibuir com mais dinheiro para o país.
A quem ganha pouco deve-se tirar muito menos.
PS e PSD devem ter em conta esta justiça social Robin Hood mas estão-se a cagar se uma familia tem 0, 1 ou 7 filhos.
Só o CDS tem este cuidado. Felismente o PSD está a negociar o orçamento de estado 2010 com o CDS, e este ultimo partido tenta fazer vencer este conceito.
Qual é a proposta? O Desconto no IRS, de 0,1% por cada filho, no ano de 2010, com uma subida progressiva até aos 0,5%. Que tal, melhor que nada? Sim, mas melhor que nada pode ser muito pouco.
Pior que esta misera percentagem é a ausência de justiça social para quem tem baixos rendimentos. Isto está completamente ao contrário – os mais ricos vão ganhar mais com esta lei, ganham mais, e como a percentagem é igual para todos, logo vão pagar menos IRS.
Isto é ainda pior do que quando o abono de familia era igual para todas as crianças, para todas as familias. Fosse a familia do Belmiro de Azevedo ou a familia da barraca, o abono de familia eram 3 contitos.
É evidente que tem toda a lógica que o coeficiente familiar fosse aplicado à semelhança do coeficiente conjugal. Os rendimentos familiares deveriam ser dividos, talvez de uma forma ponderada, pelo nº de elementos do agregado familiar. Segundo esse valor apurado iria-se determinar o escalão de IRS.
Os mais pobres seriam mais ajudados.
Qual é o problema do coeficiente familiar, tanto nos moldes do CDS, como nos moldes que apresentei? O Estado perde dinheiro, uns bons milhões de euros. Daí que o CDS proponha também colmatar esse buraco com a redução da despesas. Sim, seria o ideal. Mas o ideal é muitas vezes o Irreal. Muito mais fácil que isso, seria fazer uma reforma aos escalões do IRS e ao seu cálculo. De tal maneira que o estado não perdesse dinheiro com esta ajuda à familia e à natalidade. Resumindo: quem contribuiria para os filhos da nação, acabariam por ser quem não os tem. O IRS aumentaria um pouquito para os trabalhadores sem filhos ou com um filho, e diminuiria para os trabalhadores com mais de um filho.
Xiça! Isto é uma cena do caraças para se dizer, principalmente vinda de um pai de uma familia com mais de duas crianças.
E como seria se eu fosse solteiro e não tivesse filho algum?
Os outros têm filhos e ando eu aqui a pagar para a educação deles !! Não, ando eu aqui a contribuir para a educação dos filhos do meu país. Mais a mais, daqui a uns anos vou-me reformar e gostava que a segurança social tivesse dinheiro para a minha reforma. E são estes putos que vão gerar riqueza no país.
Além de que, como é óbivio, isto seria um incentivo à natalidade.
Demos, agora, um exemplo da proposta do CDS. Uma familia ganha 1500 euros iliquidos por mês (cerca de 1155 euros liquidos, 231 contos). Por cada filho que tenha passa a ganhar mais 1,5 euro por mês, o que dá para comprar um brinquedo na loja dos 300.
É preciso ganhar 5 mil euros brutos por mês para se ganhar mais 5 euros/mês por cada filho que se tenha. É preciso ter 10 filhos para se ganhar mais 50 euros por mês. E tenhamos visão a longo prazo: daqui a 4 anos, passa a ser 0,5% por cada filho.
Uma familia que ganhe mil contos por mês e invista agora em ter gémeos de 9 em 9 meses, até perfazer 10 filhos, vão começar a ganhar mais 0,5% x 5 mil x 10 = 250 euros = 50 contos por mês !!!
O que o CDS nos quer dizer é: não tenha 1, 2 ou 3 filhos, tenha 10, se ganhar milhares de contos por mês!
Deixemo-nos de merdas, 0,1% é um milésimo. O que significa que por cada mil euros que ganhes passas a ganhar mais um euro pelo teu filho. Para atingires um digno por cento (1%) tens que ter 10 filhos. De quê que estás à espera?
Pode-se ler na página do Diário de Noticias
Já há muitos anos atrás, nos meus 17, eu contava a um colega meu um sonho copiado de outras pessoas. As novas tecnologias iriam libertar o homem para o lazer, para a doce filosofia ao estilo da antiga Grécia onde o ócio era o pai da Filosofia, para a Arte, enfim, para actividades menos repetitivas e de escravo, para actividades mais agradáveis e sublimes.
Ele respondeu-me que eu pertencia a uma nova religião. Devia ser a religião que acredita que os computadores, robots, maquinas, vão devolver o homem ao jardim do Éden.
Esta cena superou as minhas parcas expectativas e até me deveria sentir envergonhado por isso. As novas tecnologias trazem mais justiça, salvam vidas e são um instrumento poderoso do conhecimento e tudo o que lhe é consequente.
Isto volta sempre à questão básica: seremos mais felizes hoje em dia do que nos anos 80? Bem, há sempre a questão da idade. Seria mais justo colocar a questão deste ponto de vista: seriamos menos felizes hoje em dia se tivessemos apenas a tecnologia dos anos 80?
Eu penso que sim, só que é impossivel nós nos apercebermos disso. É impossivel porque é sempre um se, e porque a felicidade não costuma se instalar de um dia para o outro. Poderá ser como nós não notarmos os nossos filhos a crescer, mas uma pessoa que não os vê há 1 ano, já ter dificuldade em os reconhecer.
Depois há sempre aquela intrinseca caracteristica humana: “I Can’t get no satisfaction”.
Eterna insatisfação que tirou a Eva e o Adão do 1º jardim do Éden.
E enquanto houver uma pessoa mais feliz que eu, eu não vou descansar.
O que é mais concreto é que essas crianças adoptadas serão mais felizes do que quando não tinham uma familia que lhes desse mimos e cuidassem delas.
Não me posso queixar de nunca ter tido sorte com a Santa Casa da Mesericórdia. Pois saiu-me a sorte grande ao aceitarem os meus gémeos numa das suas creches. Não sei como são as outras creches da Santa Casa, é prováel que esta possa ser um caso especial e que sejam mais as pessoas que a façam.
Não consigo imaginar que exista melhor creche do que esta. Todas as funcionárias, da directora à empregada de limpeza, adoram crianças. A creche rege-se por um método de ensino e uma filosofia forte. Nada parece ser deixado ao acaso, e claro, têm máximo cuidado com a higiéne.
Grande parte das creches são apenas armazéns de crianças. Os pais despejam os seus filhos por lá. Quanto mais tempo melhor, assim se fôr das 7 da manhã às 8 da noite, tanto melhor. As creches têm consciência disso e falam contra o despejo, desintencivam-no, defendendo a crianças, mas fica a ideia que querem é menos trabalho, tal como os pais. A mim me parece que, pura e simplesmente tomam conta das crianças e até nesta simples tarefa, quem sabe com quantos olhos. Depois, para inglês ver, fazem umas reuniõezinhas e uns relatórios que são uma palhaçada.
Este ninho da Santa Casa mais que uma creche de crianças é uma creche da Familia. Elas estão atentas a todos os aspectos que dizem respeito à criança. Acompanham a criança e os pais da criança. Se notam que os pais andam com problemas, têm a iniciativa de lhes dar apoio. Por exemplo, se a mãe solteira inscreve o seu filho, a creche quer logo conhecer o pai e insiste em que ele apareça. Elas querem ver o pai.
Isto não é uma profissão, é trabalho de missionário. As nossas crianças passam a ser delas também. Elas “adoptam” as nossas crianças e passam-lhes a chamar suas também. Isto é diferença entre uma creche que não é orientada ao lucro e uma que é. Isto é a diferença entre quem adora o seu trabalho e luta por uma causa, e quem apenas quer o seu salário ao fim do mês.
Como é uma missão (na terra, como quem rema contra a maré) e sem fins lucrativos, mais depressa escolhem crianças problemáticas, muitas vezes com pais com parcos rendimentos familiares, do que crianças de familias sem problemas económicos ou sociais.
De referir ainda que o espaço é óptimo, tendo um quintal enorme cá fora, com um belo jardim para brincarem. A mensalidade é calculada segundo a capitação (rendimento da familia menos as despesas, calculado sobre o nº de elemento do agregado familiar).
Recordo-me de um dia ter visitado uma creche, em Benfica (a Academia do Miúdos, ou coisa que o valha), no ano de 2003. A gaja pedia mais de 400 euros e aconselhava a fazerem a inscrição o quanto antes, pagando meses não usufruídos, sob pena de perder a vaga. E diz ela qualquer coisa do género: o dinheiro não conta quando se trata do bem estar dos nossos tesouros.
Não vi nada que me entusiasmasse nessa creche de topo de gama, dos 450 euros por mês (ou coisa assim). O pessoal (o que mais importa) não me pareceu iluminado, as instalações eram jeitosinhas, o espaço cá fora, de recreio, era um atrofiamento. E em termos de método de educação, conduta, enfim, filosofia, não me lembro de nada. Só me lembro da gaja que nos atendeu, ter um toque inteligente de marketting – estava muito bem vestida, tipo um vestida de gaja atrás de um balcão de loja de luxo, mostrando um decote. Sim senhor, até podes não cativar as mães desfazendo-te em sorrisos, mas os pais são aqueles que, normalmente, têm mais poder de compra. Boa, minha.