"Espicaçar as consciências adormecidas"

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Segunda-feira, 8 de Novembro de 2010

Júri dos Idolos

O Júri do concurso Ídolos em Portugal, não se cansa de lembrar os concorrentes que está em causa escolher um ídolo na área POP.

 

O Irónico é que este júri, com ares de erudito, é um júri arreliadoramente anti-POP.

Chamam à atenção para a imagem de determinado concorrente que não é POP, e não vão muito para além daí. Põe umas calças de ganga, solta o cabelo e tá feito.

 

Quando aparece um concorrente como o Carlos, dos Ídolos de 2009, o Júri deita-o abaixo completamente, fica vermelho e ira-se com a possibilidade de tal concorrente ganhar. Um concorrente brutalmente Popular é uma ameaça a ganhar o Ídolos da música POP.

O Carlos não mereceu ganhar o concurso que o Filipe ganhou justamente, porque não foi regular. As últimas actuações dele foram fracas. Mas o Carlos teve actuações soberbas em que eu olhava para ele e via rendido: este é o melhor de todos os tempos. Todo ele era POP, entusiasmo e alegria.

 

Por outro lado, aparecem concorrentes que escolhem canções com qualidade, são bons tecnicamente, sóbrios, certinhos, e eles acham o máximo. Quando eu vejo actuações desgarradas, monocórdicas, sem melodia e hirtas disfarçadas de garra.

 

Já agora, o que está a fazer aquela brasileira no júri? Ela faz comentários como quem escreve horóscopos.

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Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010

O pequeno Eros

            Nestes idolos que se iniciaram em 2009, o Manuel revela-se o juri mais iluminado. Mais que uma vez as apreciações do restante júri se modificarem após o Manuel falar. O restante júri, que ainda não se tinha pronunciado, acaba por se ver iluminado pelo Manuel, e copia-o na critica. Aliás, já vi isto a acontecer noutros concursos televisivos.

 

            Contudo, na ultima sessão, o Manuel acabou por ter a atitude mais estúpida, também, e por sinal, quando divergiu do todo o restante júri, que já tinha opinado.

            Bem, o homem passou-se da cabeça, perdeu o controlo, foi londe demais.

            Foi após a actuação do Carlos Costa, aquela em que o concorrente resolve ir cantar para o meio do público. A Brasileira, o elemento simpático do júri, adorou, como era de esperar. Os outros dois, à sua esquerda, aplaudiram mas com uma grande dose de ironia. Um deles pintou bem a situação “passou por aqui um Tsunami”, mas deu uma alfinetada no rapaz de 17 anos com um “Isto é que um um idolo precisa de ter”. Como quem diz a uma mulher pintada com muito mal gosto e com ar de vaca “Parabéns, tu és a prostituda ideal!”.

 

            Para quem não viu, o meretissimo juiz Manuel desancou no Concorrente Carlos Costa. Ora, o Carlos é o queridinho do público. O público não gostando que dissessem mal do seu menino, como era de esperar a 100%, assobiou. O Manuel não gostou das assobiadelas e passou-se dos cornos a atirar para todos os lados, e estava a ver que aquilo não parava.

 

            Quando o Manuel tomou a palavra, cometeu vários pecados. O pecado do Orgulho. Quiz se afirmar, sentiu a necessidade de ser único, vincando uma opinião completamente contrária a todo o júri e público. O Manel quer ser o Idolo. Devia-se lembrar que está ali para eleger um. Foi prepotente e paternalista mandando calar o Carlos, quando este ía responder naturalmente - “Ei miúdo, cala-te aí, que agora falo eu. Tens mais é que me ouvir, que eu já ando aqui há muitos anos”. Cometeu o pecado da Ira. Irou-se com o Carlos, irou-se com o público, se calhar com a sua própria vida.             Cometeu o pecado daquele que se considera impune e foi uma vitima virgem violada - Entrou naquela discurso pateta de que “estamos numa democracia, eu tenho direito á minha opinião”. Meu amigo, isto é um concurso do povo. Tu criticas um concorrente, mas o povo não te pode criticar a ti? Ó meu, tu estás no show-bizz, já és demasiado grandinho para não aguentares que o público se manifeste. Daqui a bocado estás como aquele jogador de futebol do Sporting que aconselhou os adeptos que assobiaram a equipa, a ficar em casa.

           

            Olhemos agora para a critica do Manel. O Manuel detestou a actuação do Carlos. Chegou mesmo a dizer, não no calor do seu discurso louco, mas uma meia-hora depois, já mais para o fim do programa, que tinha sido a actuação que menos tinha gostado.

            Tudo bem. Mas a única razão que apontou para o seu grande descontentamento foi: a seleção musical do Carlos. O Manuel acha que todo o conjunto de musicas que o Carlos escolheu Cantar, é foleiro. O gajo deu-se ao trabalho de parafrasear esta sua opinião. “A música que escolhes é foleira, em brasileiro diz-se Brega, em num sei quê diz-se... blá blá”.

            Curiosamente a única música que o Manuel diz ter sido a excepção àquele vendaval de foleirice, foi uma do Michael Jackson. Foda-se! Realmente, como é que um foleiro é capaz de selecionar uma música de um autor de criações tão elevadas.

 

            Neste concurso é importante as musica que se escolhem cantar na medida em que há umas de mais dificil ou fácil interpretação. Se o concorrente escolhe uma canção de fácil interpretação, o júri não poderá avaliar da potêntica da sua voz.

            O Júri não deve olhar ao gosto musical do concorrente. É dificil, eu sei, mas deve-se abstrair se gosta ou não da musica. O que há a avaliar é o performer. A sua voz, as suas expressões, a sua roupa, a sua imagem, a sua dança, a sua graça.

            O Júri profissional deve-se abstrair da suposta qualidade da musica original. O público já não se abstrairá. Daí, que nesta fase em que o público vota, é importante escolher o tema musical em função dos gostos do público. Daí que estou certo que a razão da eliminação do Salvador prende-se a ele ter escolhido uma canção muito chocha do Rui Veloso - “Jura”. Mais valia ele ter escolido um “Não há estrelas no céu”. Os Idolos é um concurso mais para o festivaleiro. De referir que acho que o Salvador também se queimou quando teve aquela tirada arrogante, que até atacou um membro do júri “O Rui Veloso iria dizer que a minha versão era melhor que a dele”.

 

            Eu estou com o Manuel, aliás, eu digo pior que o Manuel. A seleção musical do Carlos está nos antipodas da minha, e muito menos o Michael Jackson se safa. O Carlos devia levar uma grande ensaboadela de boa musica, todos os dias, antes das refeições.

 

            Se me apetece vomitar ao ouvir as musicas que Carlos gosta ou escolhe, é irrelevante. O que interessa é que o Carlos Costa não é o melhor Idolo desta edição... ele é o melhor Idolo de sempre do concurso Idolos, em Portugal.

 

            O Tipo é portentoso em palco. O gajo irradia luz. Ele é um pequeno Eros. O gajo canta com emoção, é ele próprio, vibra, faz vibrar o público. É energia vital.

            A maior prova de que ele é o melhor, é que ele consegue me fazer gostar de musica que eu detesto, porque as suas interpretaçãoes e actuações são de fazer render o público, a mim inclusive.

            Eu, que sou um gajo que com a sua dose de snobismo, geralmente faço questão de demarcar do gosto banal popular, congratulo-me ao reparar que, desta vez, eu e o povo temos o mesmo gosto e o mesmo entusiasmo. O Carlos é uma estrela. Só é pena é que não goste de boa musica. Mas com 17 anos ainda se pode endireitar e ver a luz.

 

            Qual é o problema do júri com ele? Bem, desta vez vou ser um cliché, e daqueles milhentas vezes já batidos: Inveja.

 

            O Júri não suporta o Carlos por inveja, porque se apercebe que o puto arrebata o público e que é, lá no fundo, mesmo bom. E também há uma boa dose de homofobia nesta aversão do júri ao Carlos, mormente do júri que fica mais à esquerda. O tal que o acha irritante e que ele é muito estrogénico em palco.

 

            O Júri farta-se de dizer que o concurso é para eleger um Idolo Pop. Qual é a dúvida? Pop é alegria, é dança, é espetáculo em palco. Se fôr só voz, prefiro comprar o CD.

            Achei também demasiado injusto o Júri ter afirmado que o Carlos usa uma estratégia. Ou seja, tudo aquilo que ele faz... tenham cuidado, é com um grande calculismo, tudo programado. O Rapaz é um crápula calculista. Aquela subida ao anfiteatro para cantar no meio do público... é pá, já ando aqui há muitos anos, foi muito bem premeditado.

           

            Bolas, não está na cara do moço! Aquilo é natureza pura. Parece-me um tipo bastante espontaneo e natural, e não acredito que um grande artista de palco não o seja. Também simpatizo com o ar doce que ele tem, o que a outros pode repelir, por homofobia.

 

            O Cúmulo de “ O Júri há-de acabar com a raça aberrante de Carlos” atingiu-se quando um deles, ao aperceber-se que ele é o mais sério candidato à vitória, acusou esse esse medo pavoroso iminente, referindo qualquer coisa como seria a maior injustiça se ele ganhasse.

 

            O Bem de um, o Carlos, pode ser o mal de outros, o Júri.

 

            Muitos talentos se perdem, até porque azares há muitos. Carlos Costa pode fazer uma excelente carreira como cantor, seja ele homossexual ou não. Mas o problema será este: ele também é capaz de criar novos temas?

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