. os Moralistas dos Moralis...
. Barulho até às 10 da Noit...
A lei actual do ruído poderia estar melhor redigida, é bastante confusa.
"Artigo 24.º
Ruído de vizinhança
1 - As autoridades policiais podem ordenar ao produtor de ruído de vizinhança, produzido entre as 23 e as 7 horas, a adopção das medidas adequadas para fazer cessar imediatamente a incomodidade.
2 - As autoridades policiais podem fixar ao produtor de ruído de vizinhança produzido entre as 7 e as 23 horas um prazo para fazer cessar a incomodidade."
Não seria mais fácil ter escrito algo do género:
"Não é permetido ruído de vizinhança a qualquer hora do dia. Se produzido entre as 23 e as 7 horas, as autoridades policiais podem ordenar ao produtor de ruído de vizinhança, a adopção das medidas adequadas para fazer cessar imediatamente a incomodidade. Se produzido entre as 7 e as 23 horas, as autoridades policiais podem fixar ao produtor de ruído de vizinhança, um prazo para fazer cessar a incomodidade."
?
O 1º exemplo de que me apercebi de de um moralista de moralistas, foi o Herman José.
No concurso Masterplan, convidaram os concorrentes a visitar um pub Swing. Um dos concorrentes, demonstrou o seu desagrado por tal pub que visitara. Mas não foi nada ostensivo. Deve ter dito que não tinha gostado do pub. Nem me lembro que tenha condenado as pessoas que fazem troca de casais.
E o populucho do Herman José resolveu afirmar-se, mais uma vez, como gajo muito à frente. Começou a condenar o concorrente por ele não ser uma mente aberta, por ser tão preconceituoso, etc, esses clichés. Até frisou como é que uma pessoa tão jovem poderia ser tão atrasada nestas coisas. O jovem apenas respondia que, pronto, não curtia, tinha aversão a essa prática.
Isto de atacar um hipotético moralismo com moralismo é infantil e anedótico. Soa a "É proibido Proibir" ou ao anúncio mais engraçado sobre racismo que eu vi:
- Racistas? Não tenho nada contra os racistas. Só não gostava que uma filha minha casasse com um.
No programa prós e contras relativo à nova lei do divórcio, o defensor da nova lei disse que os casamentos actualmente realizados com comunhão de bens, são, na esmagadora maioria, golpes do baú, e na sua maioria, perpetrados por conjuges do sexo masculino. E terá dito isto com um tom condenatório.
Logo a seguir vem uma gaja condenar a condenação do homem. Do género: “então, com que direito vai condenar estilos de vida, de quem quer enriquecer pelo casamento!”. Perdão !?? Que patetice é esta? Ainda para mais sabendo que os anti-nova lei do divórcio dizem-se defensores do casamento. Um dos argumentos é que o novo casamento facilita a sua destruição e fragiliza os mais dependentes, na sua maioria, as mulheres.
Então quem defende o casamento, que supostamente deve ser uma coisa elevada e bonita, baseada no afecto e na amizade, defende o casamento por interesse? Defende o casamento hipócrita! Diz que é perfeitamente aceitável uma pessoa enganar outra, casando ao assalto ao dinheiro do outro, chamando-lhe estilo de vida? Fosca-se, nem queria acreditar.
Nestas merdas de defesa de altos valores essenciais à vida, os moralistas parecem patetas infantis e com muito poucos escrupulos. Estranho que na altura da lei do aborto, os defensores da vida fossem os gajos que desferiam os golpes mais baixos, não se coíbindo de deturpar realidades na defesa da vida, ou seja, de mentir deliberadamente mesmo, para obter o pretendido. Devia ser do estilo: todos os meios justificam os fins. Já que os anti-aborto são os primeiros a favor da pena de morte, devem achar que ela devia, em primeiro lugar, ser logo aplicada a quem defende o aborto.
Ora bolas, as pessoas gostam de jogar com as palavras, conceitos e usam as falácias mais idiotas. Então não será de condenar uma pessoa que casa por interesse enganando outra pessoa? E agora, vamos tolerar os gatunos, dizendo que cada um escolhe o seu estilo de vida?
Depois, estes mesmos, entulhidos de clichés, devem ser os primeiros a dizer que já não há valores. Daqui a bocado não se pode dizer mal dos vigaristas, ladrões, assassinos e pedófilos. Pois, viva a diferença, todos iguais todos diferentes, respeitemos os estilos de vida. Deixemos de ser caretas, preconceituosos e atrasados.
As pessoas emprenham pelos ouvidos. Ouvem dizer que se pode fazer barulho em casa até às 10 da noite e depois juram a pés juntos que a lei diz isso mesmo, e falam ainda com orgulho de serem sábios, de estarem por dentro da lei.
Acham mesmo que tem algum cabimento uma pessoa ser livre de fazer o barulho que quiser, em casa, mesmo que isso incomode o prédio inteiro? Claro que não faz sentido fazer barulho que incomode os outros, em parte alguma. Isto é apenas bom senso.
Não posso aceitar que a lei permita que o vizinho de cima possa pôr a musica a altos berros às 5 da tarde ou pontapear o cão às 10 da manhã.
O Ruído de que falamos, designa-se, na lei, como ruído de vizinhança. E eis o que a lei diz dele:
<< Artigo 10.o
Ruído de vizinhança
1 — Quando uma situação seja susceptível de constituir
ruído de vizinhança, os interessados têm a faculdade
de apresentar queixas às autoridades policiais da
área.
2 — Sempre que o ruído for produzido no período
nocturno, as autoridades policiais ordenam à pessoa ou
pessoas que estiverem na sua origem a adopção das
medidas adequadas para fazer cessar, de imediato, a
incomodidade do ruído produzido.
3 — Se o ruído de vizinhança ocorrer no período
diurno, as autoridades policiais notificam a pessoa ou
pessoas que estiverem na sua origem para, em prazo
determinado, cessar as acções que estão na sua origem
ou tomar as medidas necessárias para que cesse a incomodidade
do ruído produzido.>>