Recebi um mail que tenta ridicularizar os acordos ortográficos chegando ao ponto de acabar com o seguinte texto:
“Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe
exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.
Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?”
Não é preciso chegar a este cúmulo. Seria bastante prático acabar com os acentos devido à utilização de teclados. Um amigo meu francês discorda veeementemente dando o exemplo da história de duas linguas. Para ele o inglês deteriorou-se ao simplificar-se, inclusive sumprimindo os acentos. Enquanto o alemão, mantendo os acentos, manteve-se uma língua muito literária.
Para ele os acentos são a alma de uma língua.
Mas que sei eu disto? Para mim a alma de uma lingua é a sua beleza fonética e as suas expressões. Considero o inglês uma lingua bastante poética com as suas expressões, “prhasal verbs” e a sua brilhante capacidade em criar conceitos dando-lhes um nome simples, curto e fácil, como “wishful thinking”, por exemplo.
Os ingleses têm essa capacidade incrivel de, com quase um som apenas, fazerem alusão a um conceito que um português teria de explicar de 5 minutos a meia-hora. Esta capacidade de sintese e de sistematizar é muito valiosa para quem acha que falar serve essencialmente para comunicar, e que acredita que esta equação não é disparatada:
Quantidade de informação
Riqueza de falar = ----------------------------------------
Palavras proferidas
A minha proposta para o mesmo texto é a seguinte:
<<Penso que ainda poderiamos propor mais algumas melhorias, mas parece-me que este breve exercicio ja eh suficiente para todos perceberem como a simplificassao e a aproximassao da ortografia ah oralidade so pode trazer vantagens competitivas para a lingua purtuguesa e para a sua expanssao no mundo.
Sera que algum dia chegaremos a esta perfeissao?>>
Em sabia que os americanos dizem palavrões até dizer chega. Primeiro pensei que pudesse ser só nas séries e filmes. Depois vi que aquilo se passa na vida real. Até que no programa “60 minutos” vi que um dos braços direitos de Obama é conhecido por praguejar demasiado. E ao perguntarem a este ordinário se o presidente Obama também proferia injúrias, ele revelou:
- Não vou responder a isso.
Sim, um presidente que num discurso diz coisas como “This sucker” e “He Screw… “, é um presidente que é bem capaz de dizer uns bons palavrões quando se irrita, na sala oval.
Pensei que os americanos são uns jabardos, mas os ingleses têm mais aquela educação fina.
Até que ao ver o Programa de Jamie Oliver na sua digressão pela Amérrica, ele diz isto:
- While my friends where shagging girls…
Não podia crêr. Ok, é o seu programa na América, ele é jovem e jovial, mas imaginem o Ricardo Araújo Pereira dizer o mesmo que o Jamie, na lingua Portuesa:
- Pois é, nas férias grandes, enquanto os meus amigos andavam no inter-rail a foder umas raparigas, o meu pai fechava-me no quarto e forçava-me a escrever umas piadas.
Dizer palavrões em lingua estrangeira não tem peso algum. Eu dizer um palavrão em inglês, até tem piada, mas não sabia é que para os própios anglofonos o palavrão não tem muito peso e é uma coisa mais natural.
Mais uma vez, não serão os portugueses (do sul) demasiado coninhas com as caralhadas?
O pessoal no norte tem um relação com o palavrão como têm os anglofonos: não tem peso algum e até acham piada. Há mesmo casos em que se trata carinhosamente um amigo por “aquele filho da puta”, e quando ele faz algo menos correcto, ele se torna “Que paneleiro!” – com quem repreende um filho:
- Ó meu morcão, então foste fazer uma coisa destas!
Chamo à atenção para o uso indevido da conjugação mas. Ouve-se por aí demasiadas(os) idiotas a dizerem frases como:
- Eu fui ao restaurante mas comi um cozido à Portuguesa.
- A Mariana é uma mulher estupenda mas é bonita.
Quando o mas deve ser usado em frases como:
- Eu gosto de sexo mas não gosto de apanhar no cú.
- A Mariana é uma mulher jeitosa mas não… (censurado pelo diácono dos blogues)
Para dar mais uma pista: o mas não é um e.