. O Café mais caro da minha...
Vou-vos contar a história de como um café de maquina me ficou por 1 euro e meio (1.5 €).
Estava eu no consultório da Pediatra, de manhã, sem ter ainda tomado café. O Café da máquina era a 50 cêntimos. Já vi mais barato. Aí vai uma moedinha. E não é que era preciso ter posto o copo por baixo da saída do café? Andei mal habituado por uma máquina que colocava o copo automaticamente. Não, não era uma máquina, eram todas aquelas das quais já havia inserido moedas para tomar café.
Vou a ver e só tenho uma moeda de 1 euro. Pronto, é o vicio. Desta vez coloco o copo, o café sai, mas... o troco não sai. E eis que leio o que está escrito na máquina: “esta máquina não dá troco”. Um verdadeiro caso para a DECO.
A “gente não lê”, já dizia o Rui Veloso. Afinal estava lá tudo. A máquina dizia a boas letras que era preciso colocar o copo e que não dava troco. Mas ninguém ouve ninguém. Ninguém está para ler. Tomara, como o stress do dia a dia, senão automatizarmos cenas, a vida sai mais dificultada. Ou será que a solução é a meditação transcendental? Será que vale a pena pensar pela n-ésima vez nos problemas da vida, enquanto estamos a tirar um café, ou teriamos mais a lucrar se estivessemos serenos e apenas pensassemos no que estamos a fazer?
De qualquer modo, já passaram 3 meses e continuo a chorar o café mais caro da minha vida. Nem em Londres tomei um café tão caro, e era um expresso de uma casa italiana.
Usamos a palavra meditar como sinónimo de pensar. Ironia das ironias é que a meditação tem como objectivo precisamente o oposto – esvaziar a mente, não pensar.
É um conceito deveras estranho. Para que vou eu passar 20 minutos a tentar não pensar !? Isto parece tempo mais que perdido. Xii, que cena mais estúpida. Poderiam outros argumentar que dormir é também tempo perdido mas temos que o fazer ou que mais vale não pensar em nada que pensar em merda.
Quem já não se chateou a valer com os seus pensamentos? Todos nós já passamos por momentos em que parecia que quanto mais pensavamos pior. Desejamos, nesses maus momentos, não pensar. Mas é extremamente dificel. Pensar é o maior vicio humano. Quantos dos nossos pensamentos são de valor? Uma percentagem muito pequena.
Eu adoro pensar. É um passatempo muito interessante, a pretensão da busca da verdade. Ter a esperança que, num momento de luz, vamos descobrir a verdade, The answer, como dizem os ingleses.
O meu trabalho profissional é, digamos que 20% de criatividade, 80% de suor. Eu estou sempre a constatar uma lei: as melhores ideias surgem quando saio para espairecer. Encontro imensas soluções para o meu trabalho, precisamente quando não estou a trabalhar. Quando estou a almoçar, a fumar um cigarro, à noite em casa, à noite na cama.
Estou sempre a esquecer esta prática recomendada: quando se encontra com um problema dificel por resolver, levante-se do local do trabalho, vá dar uma volta, quando voltar vai ver as coisas de outra maneira, talvez mais claramente. Em grande parte das vezes, eu vejo as coisas mais claramente, logo após 5 minutos de me ausentar do problema.
Talvez este seja o segredo da meditação transcendental.
Nós somos um enxurrilho de pensamentos. Parece me lógico que seria benéfico termos algo que apaziguasse a nossa alma. Que nos desse descanso dos bombardeamentos de pensamentos de que somos vitimas.
Ouvi dizer muitas maravilhas sobre a Meditação Transcendental. Que aumenta a criatividade, o rendimento, etc. No próprio programa da Oprah, ela disse que ía melhorar a nossa vida exponencialmente. A meditação está na moda. Ouvi dizer que a meditação transcendental proporciona um descanso mais reparador que o próprio sono.
Durante alguns meses pratiquei a meditação transcendental. Não, não notei que o meu bem estar tivesse melhorado. Não me senti mais criativo ou a render mais. Talvez tivesse que praticar durante mais tempo.
O que eu posso dizer é que o praticar, em si, é que me agradou bastante. Tive grandes momentos de bem estar e relaxamento ao prática-la. Pode demorar algumas semanas ou meses a apanhar o jeito, a melhorar a nossa técnica de relaxamento. Quando se alcança, sabe muito bem.
Se eu a recomendo, sim. Podem usar a técnica de concentração na respiração. Eu sei que parece muito esquisito e tempo perdido. O ideal era terem uma companhia de actividade, uma pessoa que também cultivasse a prática.
E perguntam-me agora vocês: então, se é altamente, porque já não a praticas há meses?
- Bolas, porque sou preguiçoso.