"Espicaçar as consciências adormecidas"

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Segunda-feira, 18 de Outubro de 2010

OE - Eu num sei

Isto da política é realmente algo que ultrapassa os pobres mortais como eu. Ainda assim, tento fazer um exercício de imaginação, convencido que estou de dever ser muito, muito ingénuo e ignorante.

 

Alguém que se endivida interminavelmente só pode ser uma de duas pessoas: um completo inconsciente ou alguém que tem as costas quentes ou que acha que não lhe virá grande mal pelas contas que ficam para pagar.

 

Os clubes de futebol cada vez devem mais milhões, parece não haver limites. Primeiro, há quem empreste, depois quando der o estoiro, com certeza o estado vai aparecer a dar uma mão porque o povo não pode viver sem o futebol.

Quando o Benfica dever mil milhões de euros, e ninguém mais emprestar dinheiro, o estado não poderá deixar cair este colosso que dá alimento espiritual a 6 milhões de portugueses.

 

Isto tudo porque li este fim-de-semana que o nosso estado, só em juros, vai pagar este ano 6,3 mil milhões. Com o corte de salários, o estado vai poupar uma coisa que não chega a mil milhões. Quer dizer, milhões de portugueses vão sofrer, para se pagar 1 sexto dos juros.

Onde é que esta malta vai buscar o dinheiro !!! Se esta é a principal medida, onde é que vão desencantar os outros mil milhões? Venham mais 2 mil milhões de privatizações. Venha mais 2 mil milhões de IVA, venha mais mil milhões de poupança com a máquina do estado através de umas reformas que nunca aparecem.

Faz-se um esforço quase sobre-humano, delapida-se património, só para pagar juros. E para o ano?

 

Como é que alguém pode viver acima das suas possibilidades? Para mim, pai de família, isto parece elementar – economia doméstica.

 

As costas quentes são o quê? Um dia perdoam-nos a divida, um dia o mundo acaba, um dia vendemos o Algarve? Um dia vendemo-nos aos Espanhóis?

Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2010

Coeficiente Familiar do CDS

            A questão é: qual é a familia mais rica. Uma familia com um rendimento de 5 mil euros por mês que tem 10 filhos, ou uma familia com um rendimento de 3 mil euros por mês que tem um filho?

            Por isso existe o conceito de rendimento per capita. A segurança social atribui o abono de familia tendo em conta este conceito, entrando em linha de conta com o nº de filhos para calcular o escalão. O IRS está muito atrás na justiça social.

 

            Em Portugal há o coeficiente conjugal. O rendimento dos casados é somado e dividido por 2. Dá o tal rendimento per capita. Com esse valor vai-se determinar o escalão do IRS. Mas os filhos não existem para o calculo de um rendimento per capita, no IRS. Tudo o que o IRS faz, em relação aos dependentes, é devolver um determinado valor por cada dependente do agregado familiar, tanto a uma familia que ganhe mil ou uma familia que ganhe um milhão de euros.

            Na França existe o coeficiente familiar que tem em conta o nº de dependentes do agregado familiar.

 

            O IRS também tenta ser justo socialmente. Quanto mais se ganha mais percentagem de imposto se paga sobre o valor que se ganha a mais. De facto, quem tem rendimentos suficientes para ter todos os bens básicos da vida e em boa qualidade, como habitação, alimentação, roupa, mais dinheiro para boas actividades de lazer e ainda lhe sobra dinheiro para poupar, deve contruibuir com mais dinheiro para o país.

            A quem ganha pouco deve-se tirar muito menos.

 

            PS e PSD devem ter em conta esta justiça social Robin Hood mas estão-se a cagar se uma familia tem 0, 1 ou 7 filhos.  

            Só o CDS tem este cuidado. Felismente o PSD está a negociar o orçamento de estado 2010 com o CDS, e este ultimo partido tenta fazer vencer este conceito.

 

            Qual é a proposta? O Desconto no IRS, de 0,1% por cada filho, no ano de 2010, com uma subida progressiva até aos 0,5%. Que tal, melhor que nada? Sim, mas melhor que nada pode ser muito pouco.

            Pior que esta misera percentagem é a ausência de justiça social para quem tem baixos rendimentos. Isto está completamente ao contrário – os mais ricos vão ganhar mais com esta lei, ganham mais, e como a percentagem é igual para todos, logo vão pagar menos IRS.

            Isto é ainda pior do que quando o abono de familia era igual para todas as crianças, para todas as familias. Fosse a familia do Belmiro de Azevedo ou a familia da barraca, o abono de familia eram 3 contitos.

 

            É evidente que tem toda a lógica que o coeficiente familiar fosse aplicado à semelhança do coeficiente conjugal. Os rendimentos familiares deveriam ser dividos, talvez de uma forma ponderada, pelo nº de elementos do agregado familiar. Segundo esse valor apurado iria-se determinar o escalão de IRS.

            Os mais pobres seriam mais ajudados.

 

            Qual é o problema do coeficiente familiar, tanto nos moldes do CDS, como nos moldes que apresentei? O Estado perde dinheiro, uns bons milhões de euros. Daí que o CDS proponha também colmatar esse buraco com a redução da despesas. Sim, seria o ideal. Mas o ideal é muitas vezes o Irreal. Muito mais fácil que isso, seria fazer uma reforma aos escalões do IRS e ao seu cálculo. De tal maneira que o estado não perdesse dinheiro com esta ajuda à familia e à natalidade. Resumindo: quem contribuiria para os filhos da nação, acabariam por ser quem não os tem. O IRS aumentaria um pouquito para os trabalhadores sem filhos ou com um filho, e diminuiria para os trabalhadores com mais de um filho.

            Xiça! Isto é uma cena do caraças para se dizer, principalmente vinda de um pai de uma familia com mais de duas crianças.

            E como seria se eu fosse solteiro e não tivesse filho algum?

 

            Os outros têm filhos e ando eu aqui a pagar para a educação deles !! Não, ando eu aqui a contribuir para a educação dos filhos do meu país. Mais a mais, daqui a uns anos vou-me reformar e gostava que a segurança social tivesse dinheiro para a minha reforma. E são estes putos que vão gerar riqueza no país.

            Além de que, como é óbivio, isto seria um incentivo à natalidade.

 

            Demos, agora, um exemplo da proposta do CDS. Uma familia ganha 1500 euros iliquidos por mês (cerca de 1155 euros liquidos, 231 contos). Por cada filho que tenha passa a ganhar mais 1,5 euro por mês, o que dá para comprar um brinquedo na loja dos 300.

 

            É preciso ganhar 5 mil euros brutos por mês para se ganhar mais 5 euros/mês por cada filho que se tenha. É preciso ter 10 filhos para se ganhar mais 50 euros por mês. E tenhamos visão a longo prazo: daqui a 4 anos, passa a ser 0,5% por cada filho.

            Uma familia que ganhe mil contos por mês e invista agora em ter gémeos de 9 em 9 meses, até perfazer 10 filhos, vão começar a ganhar mais 0,5% x 5 mil x 10 = 250 euros = 50 contos por mês !!!

 

            O que o CDS nos quer dizer é: não tenha 1, 2 ou 3 filhos, tenha 10, se ganhar milhares de contos por mês!

 

            Deixemo-nos de merdas, 0,1% é um milésimo. O que significa que por cada mil euros que ganhes passas a ganhar mais um euro pelo teu filho. Para atingires um digno por cento (1%) tens que ter 10 filhos. De quê que estás à espera?

publicado por antiego às 10:59
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