Estava eu na porta do Vasco da Gama quando me aparecem estudantes de Medicina a fazer um peditório, não sei bem para quê. Já estava eu disposto a não dar nada, pois tenho 5 filhos para criar, quando os argumentos eram bons:
- Só uma moeda preta! È o que pedimos. Nem que seja uma moeda de 1 ou 2 cêntimos.
Gostei do espírito. Acrescentava a estudante que não queriam ser garganeiros. Preferiam receber 1 cêntimo, em tempo de crise, do que não receber nada. Eu sou muito textual, vai daí procurei por uma moeda preta de 1 cêntimo ou 2. Não tinha, mas tinha uma moeda preta de 5 cêntimos. A estudante agradeceu a sorrir e vazou. Passado um bocado chega outra estudante de medicina e pede dinheiro outra vez, dirigida a mim. Eu disse-lhe que já tinha dado. E não é que a vaca me atira:
- Só 5 cêntimos !!
Que profissional da saúde fisico-ludica! Eu nem tinha reparado nela. Pelos vistos pertencia à trupe, estava por ali por perto e com certeza deve-lhe ter sido comunicado que havia ali um forreta que tinha dado 5 cêntimos. E vem-me com lata a fazer-se de novas. Com estas merdas não se brinca e isto só me dispõe a ignorar de vez todos os peditórios que me façam. Humpf, são todos iguais.
Claro que não dei mais nada, vai ter lata para o c@, isso até é ofensivo.
Estais mesmo boas para o juramento de Hipócrates.
Quem não tem filhos não sabe disto:
1) Por cada filho no agregado familiar, o beneficio no IRS de um casal, é de cerca de 50 euros por ano. Sabendo quanto o estado dá de abono de familia, isto é o equivalente ao estado dizer: “NÃO TENHAM FILHOS”.
2) Os pais não casados (solteiros ou divorciados) podem deduzir a pensão de alimentos no IRS, o que pode equivaler a um beneficio de mais de uma centena de euros por mês.
O estado quer dizer: “Multiplicai-vos e divorciai-vos”.
O estado mata a familia e os filhos, numa altura em que os peritos chamam à atenção para os perigos da baixa natalidade actual e dos seus resultados catrastróficos, caso não se melhore a situação. Toda a gente aconselha os estados a incentivar a natalidade. O estado português parece estar a cagar-se para isso. O que interessam são os resultados imediatos.
A Associação de Pais de familias numerosas (APFN) já há muito vem chamando à atenção para esta gritante injustiça, e da grande ironia de pais divorciados serem bem mais beneficiados que os pais casados. O que ser pretende? Beneficios iguais para os pais casados.
Há uns meses atrás, quando me apercebi desta realidade e da pretensão da APFN, disse a brincar:
- É fácil: retirem o beneficio aos pais divorciados.
Esta ideia é filha da ideia de haver uma sociedade sem classes, em que todos os cidadões sejam iguais, o que pode ser obtido tornando-os todos pobres e miseráveis.
Pois bem, hoje no DN, pode-se comprovar que com os politicos que temos, trabalhar no contra-informação é a coisa mais fácil que há:
Divorciados vão pagar mais IRS
“Vamos ao IRS, o imposto sobre salários e rendimentos, dos divorciados. A proposta socialista elimina a actual dedução da pensão de alimentos no imposto, pela totalidade (ao rendimento colectável). Caso a maioria socialista aprove a proposta, em 2009 serão possíveis deduzir à colecta apenas 20% da pensão de alimentos. "À colecta devida pelos sujeitos passivos", refere a proposta do grupo parlamentar do PS, "são deduzidas 20% das importâncias comprovadamente suportadas e não reembolsadas respeitantes a encargos com pensões de alimentos a que o sujeito esteja obrigado por sentença judicial (...)".”